Findo o 10º ano de catequese, o que fazer? A esta pergunta, o Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa apresenta a reedição dos dois primeiros anos do Itinerário Juvenil – um percurso de formação de três anos, destinado aos jovens, a partir dos 16 anos, que já foi descarregado na internet por mais de 500 animadores juvenis. ‘Para quem iremos?’ é o tema do terceiro e último ano que vai ser revisto durante o próximo ano pastoral.
“É um itinerário porque toda a vida é um caminho a percorrer e a descobrir”, escreveu D. José Policarpo, então Cardeal-Patriarca, em 2002, no prefácio da primeira edição do Itinerário Juvenil. Doze anos depois, em 2014, o Serviço da Juventude iniciou a reedição do itinerário de três anos, que se destina aos animadores de grupos de jovens que terminam o percurso catequético e que pretendem continuar o seu percurso na Igreja.
O Itinerário Juvenil renovado, que também pode ser seguido por grupos de jovens já existentes, “assenta essencialmente na introdução de textos mais atuais sobre as temáticas abordadas, procurando manter a estrutura e muitas das dinâmicas já propostas”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE a diretora do Serviço da Juventude, Cláudia Lourenço. “Foram já revistos o 1º e 2º anos, que estão disponíveis no site do Serviço da Juventude (www.juventude.patriarcado-lisboa.pt), e dos quais foram já efetuados mais de 500 downloads”, destaca.
Os itinerários do 1º e 2º anos, com os temas ‘Quem procurais?’ e ‘Quem dizeis que eu sou?’, respetivamente, foram revistos entre 2014 e 2015 e disponibilizados online. A revisão do 3º e último ano inicia-se no próximo ano pastoral 2017-2018. “‘Para quem iremos?’ é a frase que guia esta última etapa e surge com um sentido novo de envio. Foca essencialmente a dignidade da vida humana; a perceção da realidade que nos rodeia e o ‘estar’ no mundo como cristão e como participante responsável e ativo na sua construção; o discernimento e concretização, através da elaboração de um projeto de grupo, do papel de cada um como construtor do Reino”, refere a diretora do Serviço da Juventude, lembrando que cada jovem “é convidado a perceber o que Deus o chama a ser, para onde o envia, como poderá ser, no presente, sinal do seu amor, testemunha do Evangelho”.
Um guia próximo
Anualmente, a Vigília de Pentecostes, na Sé de Lisboa, marca a caminhada dos grupos que iniciam, nesse ano pastoral, o percurso proposto pelo itinerário juvenil. Na celebração, é feito o compromisso de todos os grupos de jovens que, no Patriarcado de Lisboa, iniciaram o percurso de três anos. Anabela Serrão, de 38 anos, é uma das animadoras juvenis da Paróquia de Mafra, cujo grupo de jovens iniciou, no ano pastoral 2015-2016, o seu percurso de formação, com base no Itinerário Juvenil proposto pela diocese. “Foi muito útil!”, garante ao Jornal VOZ DA VERDADE. “Não queria dar-lhes uma coisa que fosse mais catequese. Na altura, pesquisei muita coisa e este Itinerário Juvenil foi um guia muito bom que encontrei. A abordagem, as reflexões e as propostas, considero-as próximas. Permite traçar um bom percurso para ajudar a fazer um bom trabalho com os jovens”, salienta a animadora juvenil de um grupo que é constituído por jovens que completaram o percurso de 10 anos de catequese e receberam o sacramento do Crisma no ano seguinte, após um ano de preparação.
Chave para saber o que fazer
A preparação é um dos pontos sublinhados, desde logo, na introdução ao Itinerário Juvenil, no 1º ano. Segundo o documento, “cada grupo é um grupo, e ninguém melhor que o animador o conhece”. “Por isso, importa ser criativo e, sempre que necessário ou aconselhável, o animador pode e deve adaptar as metodologias propostas em função da realidade do grupo, dos seus ritmos, experiências e expectativas, podendo também acrescentar outros subsídios no tratamento dos temas (outros textos, músicas, filmes, apresentações, fotos, etc.)”, salienta a introdução.
Na Paróquia de A dos Cunhados, em Torres Vedras, a experiência na utilização do Itinerário Juvenil é igualmente significativa. “Atribuímos ao guião aquilo que nos tem permitido dar conteúdo aos encontros”, sublinha ao Jornal VOZ DA VERDADE a animadora responsável, Filipa Adriano. Tendo acompanhado o grupo de 12 jovens, a partir dos 16 anos, esta animadora, que neste ano pastoral 2016-2017 completou o 2º ano do Itinerário Juvenil, salienta também a abrangência temática da proposta e destaca a sua novidade. “Como também estamos voltados para a vida da comunidade, não consigo dizer que cumprimos o itinerário na íntegra e há temas que nos levam a mais do que um encontro. Mas é uma base de trabalho para qualquer animador pegar”, refere Filipa Adriano.
Para esta animadora da paróquia de A dos Cunhados, a atualidade dos novos conteúdos veio contribuir para uma maior motivação dos jovens. “Às vezes, caíamos naqueles encontros esporádicos que não tinham fundamento e que constituíam uma forma de desmotivação. Desta forma, os jovens percebem que têm um caminho para fazer, que fazem falta, que é uma atividade mais prática em que a opinião e a reflexão de cada um fazem a diferença e é importante”, observa.
Filipa Adriano considera que o Itinerário Juvenil do Patriarcado de Lisboa veio preencher uma alternativa que faltava aos jovens, após a conclusão do percurso de 10 anos na catequese. “Acho que o Itinerário Juvenil surgiu como que a ‘chave’ para sabermos o que fazer com os jovens para quem não havia alternativa após o 10º ano de catequese. Na minha paróquia, os jovens ou ficavam como catequistas ou pertencentes ao agrupamento de escuteiros”, aponta esta responsável juvenil.
__________________
“Receber o que é ser cristão”
Estamos a aproximar-nos do Sínodo dos Bispos com o tema Os jovens, a fé e o discernimento vocacional (outubro de 2018) e é natural que a pastoral juvenil conheça um maior interesse e empenhamento. Oxalá conheça e isso represente também o reconhecimento da importância da formação nos grupos de jovens (expressão que pretende englobar aqui quaisquer formas de associação dos jovens na Igreja: grupos paroquiais, Movimentos, realidades eclesiais ligadas a Institutos de Vida Consagrada, etc.)
Pode ser que a dita formação apareça como uma coisa já gasta. Se for preciso, mudemos a palavra, mas não percamos o essencial: o aprofundamento (racional e cordial) das verdades que sustentam a nossa fé, a nossa esperança e a nossa caridade, serão sempre uma mais-valia para podermos crescer na vivência cristã. E se é assim para todos, podemos dizer que, com maioria de razão, o é para os jovens cristãos – “pessoas em vias de serem cristãos adultos”.
A partir apenas de uma observação empírica, poderíamos dizer que as últimas décadas têm assistido, neste meio dos grupos de jovens, a dois fenómenos. Um deles é o decréscimo de importância dos temas e das atividades sociais, em favor de um incremento das experiências de oração. O outro, de sinal contrário, mas coexistente e tão facilmente relacionável com o espírito do tempo, é a redução de propostas estruturadas de formação, até à sua eliminação por completo.
É claro que não podemos generalizar. Muitos grupos de jovens continuam, semana após semana, a ter um encontro com uma proposta pensada e consistente, com um itinerário de formação que não se limita a apresentar verdades para a razão, mas que realiza uma efetiva iniciação à vida cristã adulta, estando por isso composto de propostas múltiplas dirigidas ao todo da pessoa, sem descurar um fio condutor de conteúdos.
Mas também é verdade que todos conhecemos casos de grupos de jovens que caem num de dois extremos. Ou se resumem a um grupo de oração – e é tão bom rezar, mas o grupo de jovens tem de ser mais do que isso, porque ser cristão também o é. Ou degeneram num mero grupo de amigos (com ou sem atividade social) – e é tão bom e necessário ter amigos, mas o grupo de jovens também tem de expressar e desenvolver, à sua escala, a dimensão da verdadeira comunhão cristã, que ultrapassa em muito a mera escolha de amigos e, sobretudo, tem de manifestar a sua identidade a partir do Único que os junta, Cristo Jesus.
Para ambas as formas de sucedâneo de grupo de jovens é urgente a necessidade de voltar a (ou começar) um caminho sério de propostas catequéticas, de formação, de aprofundamento continuado da identidade cristã. Os jovens têm de receber o que é ser cristão, em todas as suas dimensões. E para isso, faz muita falta mergulhar nos tesouros da Escritura e Tradição que a nossa Igreja tem. Ou, como diz a nossa Constituição Sinodal, ao apresentar um dos critérios de discernimento e acção: “há uma totalidade no Evangelho que a Igreja é chamada a guardar e a assumir na forma como olha o mundo e age no seu seio” (CSL, nº 28).
Há que saber dar razões da nossa esperança a todo aquele que no-la pede (1 Ped 3,15). Sempre assim foi. No século XXI ainda mais!
Pe. Carlos Miguel Gonçalves
Assistente Espiritual do Serviço da Juventude
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]
|
Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]
|
Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|