
Em Roma, o Papa lembrou a sua visita à Colômbia e apelou à “revolução” do Evangelho. Em Bogotá, encontrou-se com os Bispos da América Latina e pediu respeito pelo “rosto mestiço” da Igreja daquela região. No voo de regresso advertiu os que negam as alterações climáticas e apelou à resolução da crise na Venezuela.
Em Roma, o Papa lembrou a sua visita à Colômbia e apelou à “revolução” do Evangelho. Em Bogotá, encontrou-se com os Bispos da América Latina e pediu respeito pelo “rosto mestiço” da Igreja daquela região. No voo de regresso advertiu os que negam as alterações climáticas e apelou à resolução da crise na Venezuela.
1. Nesta quarta-feira, 13 de setembro, o Papa Francisco fez o balanço da viagem apostólica à Colômbia e apelou a uma “revolução” do Evangelho, capaz de levar a paz aquele país. “A verdadeira revolução - aquela evangélica e não ideológica - liberta verdadeiramente as pessoas e as sociedades das escravaturas de ontem e, infelizmente, as de hoje”, disse Francisco na audiência geral. Perante cerca de 13 mil fiéis, na Praça de São Pedro, o Papa sintetizou a sua visita à Colômbia. Francisco convidou todos a dar o “primeiro passo”, ao encontro do outro. Significa “aproximar-se, debruçar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado”, precisou. “Com a minha visita quis abençoar o esforço deste povo, confirmá-lo na fé e na esperança e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu ministério e para toda a Igreja”, apontou. O Papa sublinhou as “raízes cristãs” da sociedade colombiana e disse ter querido levar a “bênção de Cristo” ao desejo de “vida e de paz” que existe naquele país e elogiou todos os que “saíram de si próprios e se abriram ao encontro, ao perdão e à reconciliação”. “Com a ajuda de Maria, que cada colombiano possa dar todos os dias o primeiro passo em direção ao irmão e à irmã, construindo assim juntos, dia a dia, a paz no amor, na justiça e na verdade”, concluiu.
2. No voo de regresso da Colômbia, Francisco garantiu que "quem nega as alterações climáticas será julgado pela História". Perante os jornalistas que seguiam no voo Papal, em direção a Roma, o Papa disse que “estamos a afundar-nos”, considerando que "a ciência é muito clara sobre alterações climáticas". O Papa referia-se sobre os efeitos devastadores que recentes furacões, como o Harvey e o Irma, têm tido. Para Francisco, todas as pessoas, incluindo os políticos, têm "responsabilidade moral" para "levar o assunto a sério". "Não podemos brincar com este assunto", acrescentou.
No mesmo voo, Francisco manifestou a esperança de que o Presidente norte-americano, Donald Trump, mude de opinião relativamente ao fim do DACA (“Deferred Action on Childhood Arrivals”), programa que impede a deportação de cerca de 800 mil jovens imigrantes que chegaram aos Estados Unidos quando eram crianças. “A relação entre os jovens e as suas raízes é muito importante”, lembra o Papa. “As drogas, os suicídios e estas situações acontecem quando os jovens são arrancados das suas raízes”, explica.
3. Durante a sua visita à Colômbia, o Papa Francisco encontrou-se, em Bogotá, com os membros do Comité Diretivo do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). Perante os episcopados daquela região, o Papa pediu respeito pelo “rosto mestiço” da Igreja Católica na América Latina, questionando tentativas de colonização ideológica e de exploração da região. “A Igreja não está na América Latina como se tivesse as malas na mão, pronta a partir depois de a ter saqueado, como muitos fizeram ao longo do tempo. Aqueles que assim se comportam olham com um sentido de superioridade e desprezo para o seu rosto mestiço”, assinalou, na Nunciatura Apostólica, na Colômbia. Francisco apontou o dedo aos que pretendem “colonizar” a alma da América Latina “com as mesmas fórmulas, falhadas e recicladas, sobre a visão do homem e da vida”. “Homens e utopias fortes prometeram soluções mágicas, respostas instantâneas, efeitos imediatos”, alertou. O Papa desejou uma “superação estrutural da pobreza endémica” na região, com modelos de desenvolvimento económico sustentável que respeitem a natureza, na defesa da paz. Francisco falou de valores fundamentais como “o sentido de Deus e da sua transcendência, a sacralidade da vida, o respeito pela criação, os laços de solidariedade, a alegria de viver, a capacidade de ser feliz sem condições”. “Não podemos perder o contacto com este substrato moral, com este humus vital que habita no coração do nosso povo; nele se percebe a mistura quase indistinta mas ao mesmo tempo eloquente do seu rosto mestiço: não apenas indígena, nem hispânico, nem lusitano nem afro-americano, mas mestiço, latino-americano”, precisou o Papa, incentivando à missão “concreta”. “Não é lícito deixarmo-nos paralisar pelo ar condicionado dos escritórios, pelas estatísticas e pelas estratégias abstratas. É necessário dirigir-se à pessoa na sua situação concreta; não podemos afastar o olhar dela”, advertiu.
4. Após uma Missa, em Bogotá, no passado dia 8 de setembro, o Papa Francisco encontrou-se com Bispos Venezuelanos e manifestou-lhes “preocupação” perante a “crise humana” no país sul-americano, anunciou a Conferência Episcopal da Venezuela (CEV). Segundo uma nota divulgada pela CEV, os Bispos sublinharam ao Papa a “agudização da crise e radicalização da atitude do Governo” de Nicolás Maduro. Aos Bispos da Venezuela, Francisco pediu que continuem a “acompanhar o povo na defesa dos direitos” e mostrou-se “preocupado com a séria crise humana que se traduz em fome, escassez de medicamentos e imigração de numerosos venezuelanos”, adiantou a CEV. Também no Domingo, após a oração do Angelus, Francisco assegurou a sua oração, “em particular”, pela Venezuela. “Expresso a minha proximidade a cada um dos filhos e filhas desta amada nação, e também aos venezuelanos que encontraram guarida nesta terra colombiana”. “Faço um apelo para que se rejeite todo o tipo de violência na vida política e se encontre uma solução para a grave crise que se está a viver e afeta a todos, especialmente aos mais pobres e desfavorecidos da sociedade”, apelou o Papa.
Quando estava a caminho da Colômbia, Francisco enviou uma mensagem ao presidente da Venezuela, apelando à “concórdia” no país. “Rezo para que todos no país possam promover caminhos de solidariedade, justiça e concórdia”, refere Francisco, num telegrama enviado ao sobrevoar o território venezuelano.
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