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À PROCURA DA PALAVRA
Bons frutos
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DOMINGO XXVII COMUM ANO A

"A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular.” 

Mt 21, 42

O tempo quente e seco deste verão antecipou as vindimas. Mas na liturgia, voltamos ainda ao tema da vinha e dos seus frutos, numa belíssima parábola em que Jesus sintetiza a história do povo bíblico. De facto, esta parábola, chamada habitualmente “dos vinhateiros homicidas”, conta em sete versículos, o passado e o futuro da história da salvação. 

A vinha é o povo de Israel, o proprietário é o Senhor que o rodeou de cuidados, a sebe é a Lei que defende e convida a uma vida segundo a justiça de Deus, a torre é a autoridade de quem vigia e unifica, os vinhateiros são os chefes religiosos de Israel, os servos enviados são os profetas rejeitados, o filho é Jesus, de quem é anunciada a paixão e morte. Há um contraste imenso entre o carinho com que Deus plantou e cuidou da vinha, e a dureza de coração dos que não querem entregar os frutos, chegando mesmo a fazer tudo para se apossarem do que não era seu. Será uma parábola apenas para os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo, num contexto religioso, ou é para todos nós, que na ânsia de dominar e na ganância de possuir esquecemos a condição de administradores?

Anunciando explicitamente a sua Páscoa, Jesus termina a parábola com uma pergunta: “Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?” (v. 40). Pela própria boca os chefes religiosos se condenam. Mas não há vingança nem morte na sentença de Jesus. Pelo contrário, é anunciada a surpresa de uma esperança: a vinha que é a vida e tudo o que pode dar frutos será entregue a “um povo que produza os seus frutos” (v. 43). Já não a uns vinhateiros, representantes daqueles que se esquecem de que todo o poder é serviço, e mais do que buscar interesses privados, o que verdadeiramente importa é dar bons frutos. E dar significa entregar, partilhar, distribuir, fazer chegar a todos, e não acumular ou guardar! 

Mas Jesus fala também de uma “pedra rejeitada” tornada “pedra angular”. Conhecemos o seu apreço por todos os que eram (e são) rejeitados. De facto, é muito fácil rejeitar, rotular, excluir, separar, excomungar. Basta pegar numa falha de alguém ou num preconceito, e “enfiar essa veste da cabeças aos pés” numa pessoa. A partir daí desistimos dela e ficamos contentes por estarmos bem com os “nossos”! Mas não somos todos de Deus? Quantas surpresas gosta Deus de realizar com os últimos e os esquecidos?! Jesus assumiu a rejeição: esmagado e crucificado, fora da vinha, de braços abertos na cruz. Ele é a pedra angular desta nova vinha, onde todos podemos dar frutos saborosos, em todos os tempos e lugares. Frutos que São Paulo lembra aos Filipenses: “tudo o que é verdadeiro e nobre, tudo o que é justo e puro, tudo o que é amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor”. São estes frutos que partilhamos em casa, no trabalho, na igreja, com amigos, nas associações, como cidadãos?   


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