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DOMINGO XXXI COMUM Ano A

“Fazei e observai tudo quanto vos disserem,

mas não imiteis as suas obras”

Mt 23, 3

 

Quem nunca experimentou a incoerência entre uma palavra dita e uma acção que foi em sentido contrário? Quem nunca se arrependeu de um mal provocado quando desejava tanto fazer o bem? S. Paulo colocou isso em palavras claras: “Não é o bem que eu quero que faço, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico” (Rm 7, 19). Ah, iluminado S. Paulo que descreveste tão bem o nosso caminho humano, em que o desejo de viver o que acreditamos, é força que não nos deixarmos abater pelas nossas incoerências! Pois a autoridade para propor horizontes altos não reside apenas na perfeição de os ter alcançado, e sim na sua verdade, e no firme desejo de os alcançar!

 

As palavras duras de Jesus sobre os fariseus e os escribas interpelam a multidão e os discípulos. E com eles estamos nós também. É preciso atenção para não nos tornarmos fariseus. O primeiro perigo é o abuso de autoridade, que em contexto religioso, parece ser ainda maior. Quando alguém se julga único intérprete da verdade, “porta-voz” de Deus, tende a dominar e controlar os outros, enredando-os em leis e prescrições. A alegria e a espontaneidade da relação com Deus torna-se jurídica e burocrática, colocando de lado o amor. A segunda característica é a incoerência, as acções que contradizem as palavras, os discursos que não comprometem. A insensibilidade em relação aos outros, leva a carregá-los com “pesos insuportáveis”. Desaparece a compaixão e só contam os ritos, as leis, as “condições requeridas”, o passado, as aparências. E são mesmo estas que levam à quarta tentação do farisaísmo: o exibicionismo, o desejo de se mostrar, dos primeiros lugares, da soberba na oração e de serem tratados por “Mestres”.

 

A novidade que Jesus propõe aos seus discípulos é abolir toda a espécie de superioridade ou desigualdade entre eles. É a inversão dos critérios do mundo, a recusa de títulos que ponham em causa a comum dignidade de todos. Dignidade de irmãos e de filhos de Deus. Os únicos títulos aceites são os que identificam um serviço, um dom para o crescimento de todos. É Jesus que se apresenta como modelo, ele que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida” (Mt 20, 28). Como alimentamos e fazemos crescer em Igreja esta novidade? Ou como nos deixamos ainda reger por critérios farisaicos, bem mais fáceis de justificar e considerar “normais”?

 

Poucos dias depois da Solenidade de Todos os Santos relembro parte de um belíssimo poema de Maria de Lourdes Belchior, que é um verdadeiro antídoto ao farisaísmo: “Ao longo dos séculos, no silêncio da noite e à / claridade do dia foram tuas testemunhas; disseram sim/sim e não/não; gastaram palavras, / poucas, em rodeios, divagações. Foram teus / imitadores e na transparência dos seus gestos a / Tua imagem se divisava. Empreendedores e bravos / ou tímidos e mansos, traziam-te no coração, / Olharam o mundo com amor e os / homens como irmãos. / Do chão que pisavam / rebentava a esperança de um futuro de justiça e de salvação / e o seu presente era já quase só amor.”

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