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Ano pastoral
A Palavra como lugar onde nasce a Vocação
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No cumprimento da constituição sinodal, como sabemos, dedicamos este ano à Palavra de Deus como lugar onde nasce a fé.

Ora, só pelo enunciado desta proposta sinodal vemos como a fé é uma resposta a uma Palavra que nos é dirigida – pessoalmente e em comunidade –, que interpela porque, antes de tudo, salva. Da Palavra nasce a fé porque à Palavra que me é anunciada, respondo com a fé!

Fica, então, claro que a fé tem um dinamismo vocacional, isto é, de chamamento – de Deus que se antecipa – e de reposta (do homem que se reconhece alcançado por Cristo).

Não há fé cristã que não seja vocacional! Por isso, podemos dizer que se a Palavra é lugar onde nasce a fé, então a Palavra é lugar onde nasce a Vocação cristã.

Pela Palavra, Deus chamou à existência tudo o que existe. Sim, pela Palavra Deus chamou-te a ti à Vida. Pela Palavra incarnada, Jesus Cristo, Deus feito homem, Deus chamou-nos à santidade, abrindo as portas do Céu, enxertando-nos, pelo batismo, no Seu Filho e indicando-nos o Caminho a seguir. Pela Palavra, Cristo chamou os Apóstolos e enviou-os a pregar o quê? A Boa Nova de que Cristo está vivo e nos chama a segui-lo pelas sendas da vida, para com Ele alcançarmos a Vida que permanece.

Ao longo de séculos e séculos muitos foram os que responderam afirmativamente à Palavra e por isso, como aconteceu de forma tão clara com a Virgem Maria, o Verbo pode tornar-se carne e chegar a outros. Assim, este ano o Setor de Animação Vocacional, quer aproveitar este espaço para dar a conhecer testemunhos vocacionais de pessoas concretas dos nossos dias e mostrar como neles encontramos o mesmo dinamismo vocacional das vocações bíblicas.

O Deus que chama é sempre o mesmo! Ontem, hoje e por toda a eternidade! Saibamos aprender com a Palavra a responder-lhe com amor e fidelidade.

 

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Abraão

Figura bíblica do Antigo Testamento (AT) que se acredita ter vivido há cerca de 4000 anos na cidade de Ur, antiga Mesopotâmia (zona fértil entre o rio Tigre e Eufrates), hoje Iraque. Vivia numa tribo sedentária e politeísta. Era casado com Sara e não tinha filhos, pois sua mulher era estéril, problema grave para a época pois poria a sua descendência em causa.

Abraão foi um homem escolhido por Deus, que o chamou a uma grande e importante missão: sair da sua terra, ir para a terra de Canaã (Terra Santa), ser Pai do Povo de Deus e deste nascer o Messias que viria a estabelecer uma nova Aliança com a humanidade, apesar de já ter uma idade muito avançada e de já não acreditar vir a ter filhos.

Ao longo das narrações da vida de Abraão constata-se o seu grande amor e respeito por Deus e isto criou uma relação de grande proximidade entre ambos. Apesar de Abraão muitas vezes não perceber o que Deus lhe diz, nem os tempos de Deus serem os seus tempos, sempre confia no seu Deus. Daí nasce a Aliança entre Deus e Abraão, ou seja, entre Deus e a Humanidade. Nesta Aliança, Deus pede: “Anda na Minha presença e sê perfeito” (Gn. 17, 1); “Eu serei o teu Deus e da tua descendência” (Gn. 17, 7). Deus promete de forma incondicional dar-lhe: a Terra de Canaã; multiplicar a sua descendência até ser uma grande nação; abençoar os que o abençoem; amaldiçoar os que o amaldiçoem; torná-lo fonte de bênçãos divinas para todas as nações da terra. Sinal visível desta aliança é a circuncisão ainda hoje praticada no judaísmo.

Tudo se cumpriu como Deus tinha dito, Abraão teve um filho primogénito – Isaac – apesar da velhice já adiantada do pai e da mãe, mas uma vez mais Abraão confiou!

Provou a Aliança com Deus tendo circuncidado Isaac e, confiou de tal forma que no momento seguinte em que o Senhor pede a Abraão que ofereça o seu único filho em sacrifício para testar o seu amor por Si, Abraão não hesita e tudo faz para realizar o holocausto. “Abraão chamou a este lugar: “O Senhor providenciará” (Gn. 22, 14). O Senhor vendo a entrega total de Abraão constata a fidelidade da Aliança: “Juro por mim mesmo, declara o SENHOR, que, por teres procedido dessa forma e por não me teres recusado o teu filho, o teu único filho, abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Os teus descendentes apoderar-se-ão das cidades dos seus inimigos. E todas as nações da Terra se sentirão abençoadas na tua descendência, porque obedeceste à minha voz.” (Gn. 22, 15-18)

“Abraão viveu cento e setenta e cinco anos. Abraão foi-se extinguindo e morreu numa ditosa velhice; de idade avançada e repleto de dias”. (Gn. 25, 7-8)

Abraão é o primeiro dos Patriarcas do AT considerado o Pai da Humanidade porque a ele se devem o surgimento das religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

 

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Testemunho

Escolhido por Deus

O meu nome é Luís Monteiro, tenho 43 anos, sou economista de profissão, casado com a Cláudia Romão desde 2001 e foram-nos confiados 3 filhos: a Maria Madalena (5 anos), o Simão Pedro (18 meses) e o “Feijãozinho” que está junto do Pai (6 anos). Vivemos em Arruda dos Vinhos.

Desde os tempos de catequese que nunca gostei muito de estudar o Antigo Testamento. Lembro-me das histórias que contavam na catequese: Adão, Noé, Moisés, mas... para mim não passavam de isso mesmo – histórias, no máximo a História do Povo de Deus pouco interpelativa para a minha vida de cristão.

Com 17 anos recebi o sacramento da confirmação e com este facto deu-se uma revolução na minha vida. Nesse ano tive um encontro com Jesus onde me interpelou e me chamou a uma missão. Sem saber a que era chamado aceitei e desenhei a minha vida tendo por base a vontade de Deus. E comecei a sentir-me escolhido por Deus.

Comecei a namorar com a Cláudia com 19 anos e descobri que também ela tinha uma aliança com Deus muito parecida com a minha. Foi um namoro a três onde Deus sempre esteve connosco e nas decisões que tomámos. Casámos em 2001, depois de 8 anos de namoro e sempre vivemos a missão que o Senhor nos foi dando com a entrega total a Ele e aos outros.

Passaram-se 10 anos e nunca tínhamos pensado em ter filhos, até porque cuidávamos dos filhos que o Senhor nos entregava nas nossas missões.

As questões da descendência começaram-me a assolar e muitas vezes sentia a tristeza de pensar que tinha quase quarenta anos e não tinha filhos biológicos e que, por aquele andar nunca os teria.... – Mas se essa fosse a vontade de Deus eu aceitaria!

Em 2010 participámos numa atividade diocesana da Pastoral Juvenil onde nos foi atribuída uma figura bíblica que teria a ver com o nosso perfil e a mim calhou-me Abraão. Abraão???!!!! Mas o que tenho eu que ver com esta figura? Tudo isto me causou muita estranheza mas tentei rezar este acontecimento percebendo que sinal Deus me queria transmitir.

No ano seguinte descobrimos que a Cláudia estava grávida e a felicidade transbordava em nós. Ao fim de quase dez anos de casamento e de quarenta de vida ia ser pai, ia ter um filho, um filho MEU!!! Mas esse ano foi cheio de emoções e cerca de um mês mais tarde esse bebé morreu ainda no ventre da Cláudia. Tudo tão estranho!!!!! Primeiro Deus concedia-nos um filho ao fim de tanto tempo e a seguir ficámos sem ele!!! Muitas dúvidas e muito questionamento, mas sempre com a confiança que Deus providenciará.

Aceitei e entregámo-nos ainda mais à missão que nos tinha sido confiada, rezando ainda mais a nossa vida.

Certo dia escutei a passagem de Abraão e da sua entrega total ao Senhor que passou pelo seu filho Isaac e lembrei-me da atividade e a figura bíblica do Antigo Testamento que se configurava comigo. Tudo fazia sentido!!!!!

Poucos meses depois a Cláudia ficou grávida da Maria Madalena e percebi que a prova ao Amor de Deus tinha sido dada e Ele tinha-nos confiado um filho muito amado e três anos mais tarde confiou-nos o Simão Pedro.

Foram batizados com apenas quinze dias de vida como prova da Aliança que o Senhor fez connosco, como o fez com Abraão – Confiaste-os a nós mas eles são Teus filhos.

Hoje temos estes dois “apóstolos” de Cristo com os nomes que acreditamos influenciar a vivência de um Cristo Ressuscitado neles e nos outros que com eles vivem e que o podem testemunhar até pelo seu nome próprio.

Em casa temos o discernimento vocacional como um livro inacabado e sempre pronto a ser escrito e reescrito todos os dias da nossa vida. As decisões que tomamos na vida familiar e na minha vida pessoal, seja ela, profissional, religiosa ou social resulta sempre da reposta à questão: Senhor o que queres de mim? E para isso predispomo-nos a uma disponibilidade interior para ir ao encontro da vontade de Deus abraçando toda a nossa (minha) vida como um serviço a Deus e aos outros. E não é por ter quarenta anos, ser casado e ter uma vida estabilizada que a questão vocacional deixou de se colocar.

Temos sempre a “mala pronta debaixo da cama” para seguir para a próxima missão que o Senhor nos chama e não apenas eu ou a Cláudia mas incluindo também a Maria Madalena e o Simão Pedro, seja ela na mais inóspita terra de África ou na rua onde moramos.

Sinto-me escolhido por Deus!

 

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Agenda

Semana dos Seminários

No âmbito da Semana dos Seminários de 2017 (12 e 19 de novembro), o Patriarcado de Lisboa proporciona às paróquias que o queiram a possibilidade de receber, durante dois dias, a presença de um seminarista. “Como nos últimos anos, desejamos marcar o arranque dessa semana junto das comunidades cristãs que o desejem. Para tal, teremos vários dos nossos seminaristas e pré-seminaristas prontos para visitar e participar na vida das comunidades que os queiram receber, garantindo estas o seu transporte, acolhimento, pernoita e refeições desde a tarde de sábado, dia 11 até à tarde de Domingo, dia 12”, informa uma carta do reitor do Seminário dos Olivais, cónego José Miguel Pereira, enviada recentemente ao clero da diocese. “As comunidades que venham a receber os nossos jovens deverão vir recolhê-los ao Seminário de Penafirme às 14h30 de sábado (dia 11) e ir levá-los às suas comunidades/casas no Domingo, antes das vésperas. Essa logística será combinada com os padres dos Seminários que estão a organizar esta iniciativa, de modo que se possa superar alguma dificuldade”, acrescenta a nota.

A Semana dos Seminários tem este ano como lema ‘Fazei o que Ele vos disser’ (Jo 2, 5). O material e subsídios para a vivência desta semana nas paróquias (cartaz, oração oficial, vigília de oração, etc.) já foram enviados para os párocos.

Informações: 219457370


Luzeiros – Campos Vocacionais para raparigas

Luzeiro de Natal – 19 a 22 de dezembro de 2017

Luzeiro da Páscoa – 4 a 7 de abril de 2018

Luzeiros de Férias – 11 a 15 de julho de 2018

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