Guilherme Góis nasceu a 18 de fevereiro de 1992, no “dia da primeira greve de médicos em Portugal”. Está neste momento a fazer o mestrado em Engenharia Eletrotécnica na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, onde também trabalha como investigador. É membro do Projeto SABI e este verão esteve em missão no Algarve.
“Descobri Deus na minha vida!”
O seu início de vida foi complicado, “devido à greve e à falta de tecnologias da altura”. “Nasci com diversos problemas um deles paralisia muscular no pescoço, que me impedia de mexer o pescoço estando bloqueado na posição de dormir, lado direito, que apenas após muitas sessões de fisioterapia ficou normal”, partilha. Foi batizado “tarde, em 2005, já com 13 anos na altura a pedido do meu padrinho que sempre teve bastante ligado à Igreja”. Nesse mesmo ano pediu aos seus pais para entrar nos Escuteiros e entrou no Agrupamento 1100 Parque das Nações. “Este foi um ponto fundamental na minha vida tanto pessoal como religiosa, pois os escuteiros ajudaram-me, numa altura em que era um miúdo bastante problemático, a encontrar o caminho certo para a minha vida. Foi também neste grupo que descobri Deus na minha vida, tendo feito a minha primeira comunhão com 15 anos, em 2007, e mantive-me sempre no movimento e neste momento sou voluntário como animador, tentando proporcionar aos jovens uma experiência de escutismo igual ou melhor àquela que me foi proporcionada”, partilha.
Perceber a sorte de poder ter tanto
Estudou sempre em escolas públicas e no 12º ano decidiu ter uma experiência e foi, a partir de uma associação, fazer esse ano nos Estados Unidos da América. “Fui sozinho, mas fui recebido por uma família bastante religiosa, de forma totalmente voluntária. Na altura já tinham acolhido cerca de 14 estudantes em programas iguais ao meu. Frequentei uma escola católica (Charlotte Catholic High School) e foi também nesta escola que descobri o voluntariado, sendo uma escola católica tínhamos imensas oportunidades de dar ao outro, uma experiência que ainda hoje está bastante gravada na minha memória, foi quando eu e alguns dos meus colegas fomos para uma zona pobre de Kentucky (rendimento anual familiar médio de 1000 dólares) ajudar a reconstruir casas para a população, casas essas que eram na altura contentores de carga com algumas divisões interiores e alguns buracos para janelas. Lembro-me de ver algumas daquelas pessoas que tinham tão pouco e aí percebi que tinha tido a sorte de puder ter tanto, um simples isolamento térmico da casa, algo que na altura não achei que alguém não tivesse, era algo que não existia e que foi algo que fomos construir”, partilha.
Levar a alegria das músicas da paróquia para Cachopo
Voltou a Portugal após esta experiência e sentiu que “algo faltava”. Um ano depois de voltar, em 2011, entrou no Projeto Sabi, “uma caminhada muito rica e cheia de grandes experiências, como Casa de Saúde do Telhal, Quinta do Mocho, e Aldeias SOS de Bicesse”. Sobre esse caminho, partilha: “Infelizmente nessa vez apenas fiquei um ano. Uma altura complicada de estudos e escuteiros impediu-me de continuar. Em 2012, fiz o meu crisma auxiliado pelo Padre Nuno Rosário Fernandes, alguém que numa altura em que muito me questionava sobre religião soube, de uma forma especial, responder a todas as minhas questões e manter-me no caminho de Deus. Até 2015, ano em que voltei a integrar o Projecto Sabi, mantive-me sempre bastante ligado à paróquia e todas as atividades, ajudando sempre que algo me fosse necessário, (arraial, sistemas Informáticos...). Um marco que considero importante foi como voltei ao SABI: no verão de 2015 conheci a Maria Rodrigues, membro da organização do SABI, numa festa de aniversário de um amigo em comum, no meio de jantar o assunto SABI foi falado e isso deu muito tema de conversa, com isto apercebi-me que Ele me chamava para ‘Dar +’. Fiz um primeiro ano SABI sabendo que não faria missão de verão, nessa altura tinha decidido que a minha missão seria com os Escuteiros para os Açores, pois na altura havia falta de recursos adultos, e existia a possibilidade de os jovens não irem, por questões de segurança, se o mínimo de recursos adultos não se verificar a atividade é cancelada. No segundo ano SABI, consegui ter disponibilidade para ir em missão, e fui juntamente com mais quatro jovens SABIs para Cachopo, uma aldeia perto de Tavira no Algarve. Lá estivemos com idosos, jovens, sendo que o que mais me marcou foi um dos montes a que fomos, Castelão, onde fomos tão bem-recebidos que uma das senhoras até uma panela de pressão foi estrear para que nos pudesse fazer o almoço. Visitámos também outros montes estando com as pessoas a fazer aquilo que as pessoas precisavam, num dos montes chegámos e encontramos um casal a descascar amêndoas, sentamo-nos logo a descascar com eles e só ao fim de algum tempo é que nos apercebemos que a casa onde teríamos de ir ter a seguir era mesmo em frente de onde estávamos sentados, estivemos também com jovens, pondo em prática alguns jogos que preparamos previamente, e em alturas mais confusas utilizei algumas práticas escutistas para acalmar e motivar os miúdos a continuar as nossas atividades. No lar de cachopo, foi-nos cedido sítio para dormir assim como alimentação, lá tivemos a oportunidade de trabalhar com idosos desde independentes, (regime apenas de centro de dia) até acamados. Em tempos de oração, terço, ou ajuda com refeições, levando até alguns utentes a começar a comer pela própria mão. Foi-nos pedido também que animássemos duas celebrações no fim-de-semana que lá estivemos. Com o gosto pela música, todos aceitámos o convite, e levamos a alegria das músicas da nossa paróquia para Cachopo”.
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