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Da Palavra Nasce a Vocação
Profeta Jeremias
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Jeremias é um dos profetas escritores do Antigo Testamento. Nasceu por volta do ano 650 a.C., no seio de uma família sacerdotal que vivia em Anatot, aldeia da tribo de Benjamim, situada a uns 5 km a nordeste de Jerusalém. A sua vida desenrolou-se num dos períodos mais conturbados da história do povo de Israel: a ruína do Reino de Judá e a destruição de Jerusalém pelo Império da Babilónia. 

Profeta chamado por Deus muito jovem (aprox. 626 a.C.), Jeremias desde sempre sentiu que a missão que Deus lhe confiava era muito maior do que as suas capacidades. “A palavra do SENHOR foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações.» E eu respondi: «Ah! Senhor DEUS, eu não sei falar, pois ainda sou um jovem.»  Mas o SENHOR replicou-me: «Não digas: 'Sou um jovem'. Pois irás aonde Eu te enviar e dirás tudo o que Eu te mandar. Não terás medo diante deles, pois Eu estou contigo para te livrar». E do seu relato vocacional constata-se a forte e íntima relação de Jeremias com Deus que o envia e que promete estar a seu lado em todos os acontecimentos.

Pelo período histórico conflituoso em que viveu a sua missão, as dificuldades que enfrentou Jeremias permitiram-lhe conhecer a Deus de uma forma única e pessoal, algo que caracteriza fundamentalmente os escritos deste profeta. “Porque progridem os maus?  SENHOR, Tu és demasiado justo para eu me queixar de ti. Mas, desejaria debater contigo sobre a justiça: Porque alcançam os maus tanto sucesso e os pérfidos vivem tranquilos na sua malvadez?” Deste modo, Jeremias transmite-nos a boa notícia de um Deus que, quando chama, não deixa o Seu enviado sozinho, um Deus que acompanha, que instrui, que pede ao Seu profeta que assimile a realidade na profunda sabedoria divina. “Palavra que o SENHOR dirigiu a Jeremias, nestes termos: «Vai e desce à casa do oleiro, e ali escutarás a minha palavra.» Fui, então, à casa do oleiro, e encontrei-o a trabalhar ao torno. Quando o vaso que estava a modelar não lhe saía bem, retomava o barro com as mãos e fazia outro, como bem lhe parecia. Então, foi-me dirigida a palavra do SENHOR, dizendo: «Casa de Israel, não poderei fazer de vós o que faz este oleiro? Como o barro nas suas mãos, assim sois vós nas minhas, casa de Israel - oráculo do SENHOR.”

 Conhecido por um espírito terno e ansioso por paz, foi chamado a denunciar o mal radicado nas autoridades que governavam o seu povo tendo-lhe isso motivado muitas perseguições e o seu próprio encarceramento. Contudo, foram estes períodos de enorme tensão, entre a missão que devia realizar e a dureza da mesma, marcada inclusive pelo desejo de fugir e desistir, que deram origem a um dos mais belos diálogos interiores de fé, amor e esperança que alguém pode desenrolar com Deus. “Seduziste-me, SENHOR, e eu me deixei seduzir! Tu me dominaste e venceste.  Sou objeto de contínua irrisão, e todos escarnecem de mim. Todas as vezes que falo é para proclamar: «Violência! Opressão!» A palavra do SENHOR tornou-se para mim motivo de insultos e escárnios, dia após dia. A mim mesmo dizia: «Não pensarei nele mais!  Não falarei mais em seu nome!» Mas, no meu coração, a sua palavra era um fogo devorador, encerrado nos meus ossos. Esforçava-me por contê-lo, mas não podia.” Jeremias caracteriza-se, assim, pela sua profunda interiorização da religião já não vista como legalismo estrutural mas como uma relação de coração a coração com Deus.

Com a tomada de Jerusalém, Jeremias foge para o Egipto com um grupo de judeus onde se acredita que terá falecido. Para a vida de um homem profundamente sintonizado com Deus parece ser um paradoxo terminar a sua vida terrena em aparente derrota. Contudo, os seus oráculos de esperança realizam-se no futuro, manifestando assim um Deus que jamais se esquece da Aliança que realizou com o Seu povo. “Assim fala o SENHOR: «Encontrou graça no deserto o povo que tinha escapado à espada. Israel caminha para o seu repouso. De longe, o SENHOR se lhe manifestou: Amei-te com um amor eterno. Por isso, dilatei a misericórdia para contigo. Hei-de reconstruir-te, e serás restaurada”.

 

Profeta Jeremias - Testemunho

Chamo-me Joana e sou originária da Paróquia da Póvoa de Santo Adrião e Olival de Basto. Nasci no seio de uma família católica e, desde sempre, estive envolvida nas diversas atividades paroquiais. Como qualquer jovem, tive os meus períodos normais de crise e questionamento. Enquanto adolescente questionei a existência de Deus, mas creio que foi com este profundo e sincero questionamento de quem é Deus e de qual seria o seu projeto para mim e para o mundo que começou a minha busca vocacional.

Progredindo nos estudos escolares começou a crescer em mim o desejo de ser médica. O gosto pelo estudo e sobretudo pela arquitetura do organismo humano motivaram a que me empenhasse para alcançar este objetivo. E, nesse momento, quando consegui entrar na faculdade de medicina, pensei que tinha alcançado o que Deus queria para mim e considerei a medicina como a minha vocação primordial. Contudo, Deus sonha sempre mais alto para cada um de nós e desejava, para mim, algo mais belo, mais radical, mais abundante.

Ao mesmo tempo que entrei em medicina conheci, pela primeira vez, as irmãs missionárias combonianas. O que me cativou mais foi a profunda alegria que transmitiam quando falavam da sua vida partilhada com os mais pobres. Se, ao princípio, esta vocação missionária pareceu-me longínqua e inalcançável para mim, a presença destas irmãs fez-me questionar muito a coerência com que vivia a minha fé cristã. Algo tão impactante como o título da mensagem do Papa Francisco para o I Dia Mundial dos Pobres que celebrámos este ano “Amar não com palavras, mas com Obras.”.

Todo este “reboliço” que se criou fez-me peregrina em busca do desejo de Deus para mim. E, ao mesmo tempo que fiz o meu curso de medicina, percorri um caminho de discernimento vocacional que teve várias etapas: ir ao encontro dos mais pobres na minha paróquia e o compromisso com a oração pessoal e com a eucaristia. Claro que este caminho não é possível palmilhar sozinha. Não sem alguma vergonha ao início, fui capaz de pedir ajuda a alguém que me ajudasse a discernir o que queria verdadeiramente Deus de mim.

Após anos intensos de busca, senti que Deus me chamava a comprometer-me mais seriamente com o meu projeto vocacional. E assim, sentindo fortemente o chamado a ser Irmã Missionária Comboniana, uma vez terminado o meu curso de Medicina, comecei as etapas de formação religiosa. Na primeira etapa que se chama postulantado – que é um primeiro contacto com a forma de vida orante, comunitária e apostólica de uma missionária comboniana –, tive que, pela primeira vez, deixar o meu país, a minha cultura, o meu idioma e viajei rumo a Granada, no Sul de Espanha. Na seguinte etapa, o noviciado – esta etapa que, na vida religiosa, corresponde a um período de intenso encontro com Jesus, principalmente por meio da Sua Palavra – viajei rumo ao Equador onde fiz parte de um grupo de 5 jovens, cada uma de um ponto do planeta, mas todas perseguindo o sonho de Deus para cada uma. E, depois de quatro anos de intensa formação religiosa, foi com muita alegria que respondi que SIM a uma vida de pobreza, castidade e obediência a Jesus e à sua Missão no mundo hoje, com a minha primeira profissão religiosa. Do Equador enviaram-me à Escócia para melhorar o meu inglês para que pudesse aprender a língua árabe na Jordânia. Assim, faz quase um ano que me encontro na Jordânia e que estou a fazer esta bela e desafiante experiência de encontro com a realidade dos refugiados e migrantes que lá se encontram, fruto das inúmeras guerras que ainda se travam na região que é considerada “Terra Santa” pelas três principais religiões do mundo: judaísmo, islamismo e cristianismo.

Enquanto vos escrevo já sei que, depois do aperfeiçoamento da língua árabe, viajarei a uma nova terra prometida: Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo onde toda a ajuda no campo médico é tão necessária. Despeço-me de todos vós, acreditando, no fundo do meu coração, que todos nós, comprometidos com o Reino de Deus, procuramos na nossa vida estar no lugar onde a vontade de Deus nos coloca, que é sempre a fonte da maior paz, amor e vida abundante que podemos desejar para a nossa vida.

 

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Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus

 

História

As Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus (MAMCJ) estão vocacionadas para a vida consagrada secular pela profissão dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência.

As MAMCJ foram fundadas em Portugal, na diocese de Lisboa, por um Sacerdote pertencente à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), Giulio Gritti, scj. Este, nasceu numa localidade do Norte da Itália, em 1924 e morreu em 2015, em Lisboa. Filho de uma família muito religiosa ingressou no seminário aos 11 anos tendo sido ordenado em 1950. Poucos meses após a sua ordenação, veio para Portugal e aqui exerceu todo o seu ministério sacerdotal, até à sua morte.

Em 1985, Giulio Gritti, foi fortemente tocado por Deus, ao fazer as leituras do ano B, do III Domingo da Páscoa, que dizem: «Portanto, arrependei-vos, e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados» (Act 3, 19); «Meus filhos, escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro.» (1 Jo 2, 1-2); «havia de ser pregado em Seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados…» (Lc 24,47).

Inspirado por esta Palavra de Deus, que falava tanto da necessidade de anunciar o arrependimento e o perdão dos pecados e ao mesmo tempo a confiança absoluta em Jesus Cristo Misericordioso, nosso Salvador e tendo em conta a situação do mundo que se afastou tanto da casa do Pai, Giulio Gritti, pensou em criar uma comunidade de missionários(as): leigos(as) consagrados(as), colaboradores (leigos) e sacerdotes que teriam como centro da sua espiritualidade o Amor Misericordioso do Coração de Jesus e o Seu anúncio àqueles que andariam mais afastados «da casa do Pai».

Assim, começou por formar um grupo de leigos, os Colaboradores, que assumem um compromisso, que anualmente renovam. Estes comprometem-se a viver a mesma espiritualidade das MAMCJ e a colaborar na mesma missão.

Em 1992, Giulio Gritti, fundou as Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus. Estas consagradas vivem na sua condição e no âmbito dos seus empenhos sociais, nas suas diversas profissões, nas suas famílias, sós ou em grupos fraternos. E, aí nos seus ambientes procuram levar esse grande anúncio do Amor Misericordioso.

 

Espiritualidade

Tem como cerne a confiança e o anúncio do Amor Misericordioso do Coração de Jesus.

Além disso, é central a espiritualidade, que nos foi deixada pelo venerável Padre Leão Dehon:

- Amor e Reparação ao Coração de Jesus;

- Oblação, disponibilidade e abandono em tudo à Vontade de Deus;

- Espiritualidade eucarística, que leva, diariamente, para além da participação na Santa Missa, à Adoração de Jesus vivo na Eucaristia.

 

Missão

É a de “reevangelizar” o mundo, imitando Jesus que veio anunciar aos homens o Amor e a Misericórdia do Pai; Colaborar com Ele para fazer crescer a alegria no céu e no coração dos irmãos; Anunciar a misericórdia e o perdão do Senhor, através dos mais variados modos e meios, segundo os tempos e lugares, em diálogos individuais ou coletivos, através de encontros, visitas, retiros, missões populares, peregrinações, Células Missionárias e outros diversos meios de comunicação.

Levar as pessoas a colocarem-se, a viverem e a crescerem na graça santificante é a suprema missão das Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus.

Algumas atividades promovidas pelas missionárias, em colaboração com os Colaboradores:

- Células missionárias,

- Grupos de oração semanais com adultos e, um grupo de formação mensal com os Colaboradores.

- No quarto domingo de cada mês, Celebração da Divina Misericórdia, da qual fazem parte

  a Santa Missa e a Adoração Eucarística.

- No domingo a seguir à Páscoa, a Festa da Divina Misericórdia, dinamizada de forma solene.

- No encerramento de cada ano Pastoral novos Colaboradores fazem a sua Consagração pela primeira vez e outros renovam-na.

- Encontros e retiros com jovens/adolescentes, e um retiro anual com adultos, na Quaresma.

- Peregrinação anual a Fátima da família dehoniana, juntamente com os seus colaboradores, celulistas,

  amigos e benfeitores,

- Férias Missionárias.

- Vídeos no youtube (canais: eparatijesus e mamcjcom) sobre diversos temas: Oração,

  Misericórdia, Cânticos, reflexão, etc

 

Contactos:

Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus (MAMCJ)

Rua Prof. Dr. Sousa Martins, nº 4, r/c - A, Massamá

2745-848 QUELUZ – PORTUGAL

Telf 214370377; Telm 960064389

Email: massama@mamcj.com

Site: www.mamcj.com

WebTV: www.mamcjtv.com

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