
Perseguição, medo, pobreza… São muitas as dificuldades por que passam os Cristãos no Bangladesh… A Diocese de Sylhet é o retrato do país. Aí, os Cristãos são uma minoria e confundem-se com os mais pobres dos pobres. E o Bispo é um deles…
A vida mudou para D. Bejoy D’Cruze quando recebeu a notícia de que iria ser nomeado Bispo de uma nova diocese no Bangladesh: a Diocese de Sylhet. Foi em 2011. Mas, na verdade, no dia-a-dia, tudo continuou praticamente na mesma. Bejoy D’Cruze passou a ser Bispo mas continuou a confundir-se com os Cristãos da sua comunidade. Continuou tão pobre como eles. “No início, não possuía qualquer terreno. Nem tinha casa. Por isso, costumava apelidar-me de Bispo sem-abrigo”, confessou, recentemente, à Fundação AIS. No entanto, foi com entusiasmo que assumiu a nova missão. “A nova Diocese de Sylhet foi criada em 2011. Sendo o primeiro Bispo diocesano, tinha e tenho muitos planos.”
Combater a pobreza
Um desses planos passa por tentar resgatar os Cristãos da situação miserável em que se encontram. “A maioria do meu povo é muito pobre. Trabalham duramente e ganham menos de 1 euro por dia.” A situação chega, por vezes, a ser dramática. O Bispo, apesar de estar também de mãos vazias, procura ajudar os que se encontram em maiores dificuldades. E são tantos… “Os pais não conseguem comprar comida suficiente para os filhos. Quando adoecem não podem ir ao médico e para eles a educação é ainda um sonho. A Igreja está do lado deles.” No entanto, na região de Sylhet, o número de cristãos não tem parado de crescer. E não tem parado de crescer apesar das ameaças que se têm feito sentir sobre todos os não muçulmanos. O Bangladesh é um país asiático – que o Santo Padre vai agora visitar entre os dias 30 de Novembro e 2 de Dezembro – em que quase 90% da população é muçulmana sunita. Os Cristãos não representam mais de 0,5% dos 156 milhões de habitantes.
Perseguição religiosa
Mas ali, na Diocese de Sylhet, a energia contagiante do Bispo tem estado a produzir resultados. Em 1950 havia apenas cerca de 700 católicos nesta região. Em 2011 já eram 18 mil e o número dos que se têm convertido ao Cristianismo continua a crescer. Apesar das ameaças dos grupos radicais muçulmanos que espalham o medo e o terror no país. O Bangladesh era considerado um país pacífico e tolerante. Mas isso mudou radicalmente. A começar pela própria Constituição que passou a reconhecer, desde 2016, que o Islamismo é a religião oficial do Estado. Coincidência ou não, a verdade é que se têm somado episódios de violência, com assassinatos de cristãos e hindus, mas também de activistas que defendem uma maior liberdade de expressão no país. Um dos casos que mais chocou a comunidade cristã foi o assassinato, em Junho do ano passado, de um comerciante em Bonpara.
Viver com medo
Após a Missa, no domingo, dia 5 de Junho, Sunil Gomes, de 72 anos, regressava à sua pequena mercearia quando foi atacado por vários homens que o esfaquearam. Morreu imediatamente. Mais tarde, o auto-proclamado Estado Islâmico reivindicou o assassinato. Sunil Gomes era um homem generoso, simpático e ninguém lhe conhecia sequer qualquer inimizade. Um dos seus irmãos, o Padre Proshanto Gomes, sacerdote na vizinha Diocese de Dinajpur, ficou chocado com esta morte brutal. “Ele era um homem inocente, simples e piedoso. Não sabemos por que foi morto desta forma. Vivemos com medo”, disse, na ocasião, aos jornalistas. Um medo que tem aumentado de dia para dia. E com razão: antes do assassinato de Sunil Gomes, a 22 de Março, três homens cortaram a garganta a Hossain Ali, um muçulmano convertido ao Cristianismo. E, uma vez mais, os jihadistas reivindicaram o assassinato.
“Obrigado, AIS!”
A lista de mártires cristãos no Bangladesh é vasta. Mas esse medo, que é indisfarçável em tantos lugares, em tantas comunidades, não tem arrefecido a alegria do trabalho de D. Bejoy D’Cruze junto dos mais pobres da sua diocese. “Há uma grande possibilidade de evangelização nesta região, muito embora seja um país muçulmano, pois existem cerca de 200 plantações de chá e há 700 mil trabalhadores hindus, alguns deles abertos ao Cristianismo”, explica o prelado. Todos os anos, cerca de 250 adultos são baptizados. Uma realidade que só tem vindo a acontecer, segundo D. Bejoy D’Cruze, graças à ajuda que a Igreja tem vindo a receber de instituições como a Fundação AIS. “Graças ao vosso carinhoso apoio, sobrevivemos e continuamos a nossa missão e ministério entre os pobres desta diocese”, diz o Bispo. “Embora não vos conheçamos pessoalmente, todas as nossas crianças, todo o nosso povo reza por vós, para que Nosso Senhor vos abençoe, vos conceda a alegria, a felicidade e a paz na vossa vida familiar. Obrigado, AIS!”
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