Nestes últimos dias temos sido confrontados com a polémica de um programa televisivo, em formato adaptado a Portugal, que procura entrar em casa de famílias e resolver o que são problemas familiares da intimidade de cada um, sobretudo no que diz respeito à educação, ou à falta de educação, dos filhos.
Sobre o formato deste novo reality show não me pronuncio, porque muito já tem sido dito e escrito, mas gostava de sublinhar que este é um tema que, provavelmente, precisava mesmo ser despoletado porque, cada vez mais, se vai percebendo que a educação das crianças se está a tornar uma educação self-service. O que quero dizer? É que as famílias lutam contra a dificuldade de encontrar tempo para estar com os filhos. As exigências profissionais são cada vez maiores, retirando tempo à presença paterna e materna na educação, e as crianças, hoje, convivem muito mais com a electrónica, com as televisões, com os jogos, com os vídeos de youtubers que não contribuem, em nada, para a educação de uma sociedade; antes pelo contrário, em jeito de entretenimento fácil, e na procura de visualizações patrocinadas, descambam no vulgar e na insensatez. E assim a educação que deveria ser papel dos Pais, e das famílias, vai passando, muitas vezes, com a plena consciência e o sofrimento destas, para uma autoeducação. Não sou especialista nestes assuntos e afirmo a minha provável ignorância nestas áreas pedagógicas e até psicológicas, mas a vida pastoral de todos os dias e o contacto com crianças na catequese paroquial, bem como o conhecimento de muitas situações familiares, tantas vezes, desestruturadas, vão fazendo perceber as dificuldades vividas, mas sobretudo os problemas que precisam de ser olhados a montante.
A sociedade que não se preocupa com o valor da família, hoje, vai colher, no amanhã, uma geração sem fundo. É preciso, por isso, aproveitar esta ocasião para olhar com maior seriedade para um problema que uma estação de televisão quis explorar.
Os direitos das crianças devem ser preservados, mas nestes direitos também deverá estar contemplada uma educação séria, que é responsabilidade dos Pais, para formar homens e mulheres do amanhã. Talvez as famílias precisem ser ajudadas, apoiadas, incentivadas a essa responsabilidade e à concretização da missão a que são chamadas. Mas é preciso criar condições para que tal possa acontecer.
Não posso deixar de aqui assinalar, ainda, a partida do Cónego João António de Sousa, com quem convivi nestes últimos anos, e de quem tinha a colaboração próxima e sempre disponível na Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, onde sou pároco. O Senhor dê a recompensa merecida aos seus servidores.
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Há anos, Umberto Eco perguntava: o que faria Tomás de Aquino se vivesse nos dias de hoje? Aperceber-se-ia...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Já lá vai o tempo em que por muitos cantos das nossas cidades e vilas se viam bandeiras azuis e amarelas...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
Vivemos um tempo de grande angústia e incerteza. As guerras multiplicam-se e os sinais de intolerância são cada vez mais evidentes.
ver [+]
|