O profeta Jeremias e a sua vocação falam-me muito, pois começa logo por dizer: “antes de te haver formado no ventre materno…. eu te consagrei e te constituí profeta das nações”. O desejo de me consagrar totalmente a Deus e a Ele pertencer, não vem de um desejo ou ideia minha: vem de Deus! É nesta confiança que procurei e encontrei a vontade de Deus para mim, nas Irmãs Missionárias Combonianas.

Foi um caminho longo e difícil onde, muitas vezes, respondia como Jeremias: “ah! Senhor Deus, eu não sei falar, pois ainda sou um jovem”. O meu sonho como jovem era ser futebolista e trabalhar numa grande empresa ou num banco. Os meus estudos foram nessa direção: Contabilidade e Administração. Mas desde cedo que vinha surgindo, dentro de mim, uma grande insatisfação. Eu tinha amigos, ia para as festas, discotecas, cafés mas sentia um vazio dentro de mim. Mas quando participava como jovem em atividades da minha paróquia, a minha ressaca era diferente, sentia-me feliz de coração cheio, tão bom! Fui-me apercebendo, dentro de mim, que Deus me estava a amar de tal forma, que era impossível resistir. Defini-me: Louca, mas feliz”. ‘E se fosse freira? Eu? Nem pensar!’ Mas a pergunta foi feita e, bem dentro de mim senti paz. E porque não? Mas aonde? Como?

Novamente o profeta Jeremias me guia: “Pois irás aonde Eu te enviar e dirás tudo o que Eu te mandar…. Eu estou contigo”…. Confia! Nesta altura os meus ídolos musicais juntam-se para uma causa solidária, com a música ‘We are the world’. Sinto que podíamos fazer um mundo diferente! E as imagens que acompanhavam esta canção foram de crianças a morrerem de fome na Etiópia. Eu também contribuí para esta causa, fazendo as minhas poupanças. Queria ajudar acabar com a fome no mundo. E ao mesmo tempo conheci a revista Audácia, uma revista missionária. Os meus olhos brilharam e pensei: ‘vou ser missionária e vou para a Etiópia’. E escrevi para as irmãs dizendo os meus planos. Mas o Senhor diz a Jeremias: “irás aonde Eu te enviar”… e assim, a minha “Etiópia” foi o Kenya, hakuna matata (não há problemas).

Depois de um caminho de discernimento, de muitas perguntas e respostas, de muitos encontros e desencontros, entrei para as Irmãs Missionárias Combonianas.  O carisma missionário ‘ad gentes’, ou seja, de ir para fora e encontrar os mais pobres e abandonados, mesmo os últimos, tal como fez Daniel Comboni, apaixonou-me. O grito de Comboni foi: ‘Salvar a África com a África/ África ou morte’. A promoção da pessoa é um desafio maravilhoso em todos os seus âmbitos, quer religiosos quer sociais.

Fiz o postulantado no Porto e o noviciado em Itália. Voltei para o Porto, onde terminei o curso de Ciências Religiosas, na faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. Fui um ano para a Escócia, aprender inglês, e, no ano 2000, cheguei ao Kenya. Aprendi a língua Swahili e fui para a comunidade de Marsabit. Uma comunidade no meio de um povo nómada. Tão bom. Tão belo. Tão diferente. Tão missionário: o anúncio direto do Evangelho a pessoas que não conhecem Jesus Cristo. E aqui encaixa muito bem o último versículo da passagem de Jeremias que escolhi: “a partir de hoje, dou-te poder sobre os povos e sobre os reinos, para arrancares e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares”.

Vivi 7 anos em Marsabit (Kenya), depois regressei a Portugal doente, recuperei e fiquei em Portugal a exercer o meu ministério na Pastoral Juvenil, até ao ano passado. Estava para regressar ao Kenya quando a minha mãe adoeceu e ficou numa cadeira de rodas. Mais tarde o meu pai faleceu e fiquei a tomar conta da minha mãe, na Ericeira, onde estou atualmente.

Perguntei-me: ‘Que missão é esta? Não me esqueci das palavras dirigidas a Jeremias: “Eu te consagrei…”’. Confia. Como hoje, e como há 25 anos atrás, louca, mas feliz!

Beta Almendra

Irmã Missionária Comboniana

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Vocação de Jeremias

 Jer 1, 4-10

O Senhor dirigiu-me a seguinte mensagem:

«Antes de te ter dado a vida eu já te conhecia;

antes de a tua mãe te ter dado à luz,

já eu te tinha escolhido,

para seres profeta entre os pagãos.»

Eu respondi: «Ah! Senhor, meu Deus, eu não sei falar: sou ainda muito novo!»

Porém o Senhor replicou:

«Não digas que ainda és muito novo,

mas vai aonde Eu te enviar,

e fala como Eu te mandar.

Não tenhas medo de ninguém;

eu estarei ao teu lado para te proteger.

Sou eu, que to digo!»

Então o Senhor tocou nos meus lábios com a sua mão e acrescentou:

«Ouve, vou pôr as minhas palavras nos teus lábios;

a partir de hoje vou dar-te autoridade sobre povos e reinos:

terás poder para arrancar e para destronar,

para destruir e para arruinar,

mas também para plantar e para reconstruir.»

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Geocaching Vocacional

Sociedade das Filhas do Coração de Maria (FCM)

A espiritualidade das Filhas do Coração de Maria é influenciada pela corrente da Escola Francesa dos séculos XVII e XVIII e é de filiação inaciana. A herança de Santo Inácio de Loyola estrutura a vida espiritual da Sociedade: oração inaciana, discernimento, sentido do magis, pedagogia do desejo, liberdade interior, ver Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus, sentir com a Igreja, releitura e unidade de vida e oração, em tudo amar e servir, tornando-se contemplativas na missão.

A fundadora, Maria Adelaide Champion de Cicé, nasce a 5 de novembro de 1749, em Rennes, Bretanha, no seio de uma família nobre. Desde cedo, Adelaide revela uma íntima união ao Senhor e uma sensibilidade invulgar para com os mais pobres. De carácter delicado e generoso, era comum vê-la sair ao seu encontro, nas ruas de Rennes, para os assistir nas suas privações, dizendo com frequência: “Amemos a Jesus Cristo e os pobres”.

Fundadores

Adelaide de Cicé e Pedro de Clorivière, sj

Origem

França: 1790

Portugal : 1932

Em plena Revolução Francesa, sem sinais religiosos exteriores, com uma presença discreta no mundo, para atender às necessidades concretas dos mais pobres e frágeis.

Carisma

“Estar no mundo, sem ser do mundo, para transformar o mundo”. No seguimento de Jesus Cristo, ao jeito de Maria e dos primeiros cristãos, aliando a vida ativa à vida contemplativa. Vivem em comunhão fraterna, fora ou na casa comum, consoante a missão confiada.

Missão

Numa perspetiva evangelizadora de comunhão eclesial e serviço universal, procuram responder às necessidades dos seus contemporâneos, como testemunhas da alegria do Evangelho e construtoras do Reino. As Filhas do Coração de Maria estão presentes em todo o género de apostolado: família, profissão, meio educativo, campo social e pastoral

Espiritualidade

Inaciana

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Aconteceu

No dia 13 de janeiro, a equipa do Sector da Animação Vocacional (SAV) esteve com os jovens do 9.º ano da catequese da paróquia de Cristo Rei da Portela, na sua primeira reflexão (encontro de fim-de-semana), cujo tema foi “Vocações”.

Com a ajuda do SAV, e no meio de teatros e debates, os jovens aprofundaram a dimensão vocacional da vida cristã, aprendendo que é a partir da vocação primeira de todos os batizados (seguir e a imitar Jesus) que nascem todas as vocações específicas.

No dia 20 de janeiro, a equipa do SAV reuniu-se para iniciar um tempo de formação interna, para poder melhor servir a diocese, na sua missão, que é a de fomentar e fazer crescer um ambiente vocacional, no qual seja normal todo o cristão, em qualquer etapa da vida, perguntar a Jesus: ‘Senhor, que queres que faça?’, de forma a crescer no desejo de em tudo fazer a Sua vontade e crescer, assim, na relação com o Mestre e, consequentemente, na Santidade a que todos são chamados.