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DOMINGO VI COMUM Ano B

" Quero: fica limpo!”

Mc 1, 41


 

O encontro com a diferença é sempre surpreendente. E surgem instintivamente os sentimentos de defesa e a procura de segurança. Não sabemos, não conhecemos, não estamos habituados: que mal nos poderá vir dali? É assim que a ignorância, a distância e a proteção do adquirido são os primeiros obstáculos a superar para que haja encontro. Pelos sentidos recebemos as primeiras impressões, e há quem nunca passe além delas, mas só o tempo e o contacto poderão proporcionar as melhores descobertas.

Nunca vi um leproso ao vivo, mas as imagens de pessoas com esta doença impressionam verdadeiramente. E dói saber que ainda hoje cerca de 220 mil pessoas contraem esta doença em cada ano. Com os esforços de tantos, entre eles S. Damião e Raoul Follereau, muito se tem avançado para combater a pobreza, a falta de higiene e as condições básica de vida que a provocam. Cerca de um milhão de pessoas é curada todos os anos.

O leproso que se aproxima de Jesus vence a barreira da distância estabelecida pela Lei. E Jesus ultrapassa a proibição de tocar num leproso. Sabe que isso significa assumir a condição de leproso: ser excluído, afastado do convívio familiar, religioso e social, viver quase como um animal. Mas a compaixão que lhe enche o coração não encontra fronteiras. Nenhuma Lei é maior do que a graça de poder salvar aquele que estava como morto. Não é Deus que exclui; somos nós que o fazemos com as nossas leis e os nossos medos. Para Jesus, em primeiro lugar está a pessoa, e não o pecado, a impureza ou a norma que distancia. Perder a sensibilidade ao concreto da existência de cada um, à sua história e ao seu desejo de futuro, é endurecer o coração, chegando à ousadia de nos colocarmos no lugar de Deus, julgando-nos superiores ao outro. 

Mais do que a doença da lepra, o que está em causa neste milagre são as muitas exclusões que facilmente criamos e deixamos crescer. A pobreza e a miséria não são também lepra? A injustiça, a desigualdade económica, a corrupção, a discriminação moral e social, a indiferença aos que mais sofrem, os preconceitos, o esquecimento dos mais velhos, a desvalorização da vida, não são lepra também? E que lepras ainda persistem nos campos espirituais e religiosos? Quem não gostaria de ter o “toque” de Jesus para curá-las imediatamente? A verdade é que Ele no-lo deu e o problema é que “queremos pouco” realizá-lo!

Está tudo no relato de S. Marcos. Primeiro é preciso sermos compadecidos, isto é, enchermo-nos da ternura de Deus, pôr em primeiro lugar a realidade de quem sofre. Depois, estender a mão e tocar, sair dos confortos e condomínios fechados de riquezas podres e ideias esclerosadas que nos aprisionam, ser com o outro e para o outro, partilhar e promover. E por fim, dizer, espalhar aos quatro ventos, gritar, convocar tudo e todos para essa vontade: “Quero”! Pois é, sem querermos, como Deus quer, vai continuar a haver, neste mundo, excluídos e leprosos de toda a espécie. Para Deus, serão sempre os primeiros; que pena não os queremos com mais força!

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