Missão |
Leonel Azevedo, Leigos para o Desenvolvimento
“Foram tempos de amar e mais amar!”
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Leonel Azevedo nasceu em Guimarães, no dia 8 de agosto de 1982, no seio de uma família “humilde mas de cariz profundamente religioso”. Frequentou o Seminário Interno e Polivalente dos Missionários Combonianos. Em 2016 partiu, por um ano, para São Tomé e Príncipe com os Leigos para o Desenvolvimento.

Pautar a vida ao serviço dos outros

Cresceu ao “ritmo das orações familiares e de uma presença constante de Deus no dia-a-dia e desenrolar de toda e qualquer atividade”. Saiu de casa cedo para ir estudar para Viseu onde ingressou no Seminário Interno e Polivalente dos Missionários Combonianos. Frequentou, depois, os primeiros anos de Teologia, na Faculdade de Teologia da Universidade Católica do Porto, uma vez que o Postulantado era na Maia. “Quis o Espírito Santo (ou não!) que o meu percurso nos Combonianos fosse interrompido, e então, após sair do seminário frequentei a licenciatura em Ciências da Comunicação na universidade do Minho, em Braga. Aí também iniciei o Mestrado, que, por circunstâncias profissionais acabei por não concluir ”, partilha. Leonel considera que tem dois grandes marcos na sua vida: “o primeiro quando após um período de revolta aceitei de novo o abraço do Pai. E isso levou-me a aceitar o convite de integrar a equipa do Centro Vocacional e Juvenil (CVJ) dos Missionários Combonianos, sob a direção do Pe. Leonel Claro e, passado uns tempos, integrar a equipa executiva do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) a convite do diretor, o Padre Pablo Lima”. “Esta reaproximação à igreja levou-me a viver momentos muito ricos de fé e de encontro com o Pai. Permitiu-me pautar a minha vida no serviço ao outro, na disponibilidade ao serviço. Foi aceitar e viver a missão do dom da vida como um constante ‘sim’. (…) Creio que este período da minha vida fez-me ganhar nova coragem de O ouvir e seguir, onde quer que isso me levasse. E isso levou-me ao segundo marco da minha vida, que foi o partir em missão para São Tomé e Príncipe, enviado pelos Leigos para o Desenvolvimento (LD). Sinto que Deus nunca deixou, ou deixa, de nos bater à porta, de nos chamar e convidar. E, comigo, esse chamamento à missão foi uma constante em todo o meu percurso”, conta Leonel Azevedo.

 

Dizer sim ao projeto de Deus

Decidiu fazer a formação dos Leigos para o Desenvolvimento na altura em que trabalhava na Direção de Comunicação do Montepio, em Lisboa. Queria “descobrir se o chamamento à missão era real ou simplesmente uma ideia aventureira que me alimentava a cabeça e não o coração”. “O momento não era o ideal. Tinha um bom emprego, estava feliz, mas não realizado. Fui impelido a fazer a formação e chamado a ouvir e perceber aquilo que Deus me procurava dizer. Desta vez, como em muitas outras, disse-Lhe que ‘sim’. Sim ao Seu chamamento, sim à Sua vontade, e sim ao projeto que Ele me apresentava. A vivência da nossa fé leva-nos a muitos ‘sim’s’. (…) Quer no CVJ, no DNPJ ou em São Tomé, e mesmo hoje em casa, no trabalho, a única coisa que sinto é que foi uma resposta a um desafio de Deus. E quando respondemos e aceitamos fica sem dúvida um marco na nossa vida. Olho para trás e não tenho dúvidas que os maiores marcos da minha vida, seja na alegria ou na dor, foram quando fui capaz de dar o meu braço a Deus e deixar que Ele me conduzisse e me levasse onde me queria a servir e a amar”, partilha.

 

Um tempo privilegiado de encontro com Deus e com o outro

Sobre a missão em São Tomé e Príncipe, que integrou, por um ano, em 2016, conta que “foi, sem dúvida, um tempo privilegiado de encontro com Deus e com os irmãos”. “Viver inseridos numa comunidade que carente de muitos bens e serviços transborda amor é, sem dúvida, uma graça. Tinha trabalho em projetos de coesão social, eram eles: o Grupo Comunitário de Porto Alegre, O Fórum Malanza, e a Rádio Comunitária Yogo. Projetos que muito exigiam, mas que em muito serviam as comunidades. Pelo menos assim queríamos que fosse. E o nosso foco efetivamente colocava-se no serviço e no desenvolvimento. Este tipo de trabalho acarreta algumas desilusões e o desânimo facilmente pode tomar conta de nós… mas é na certeza d’Aquele que nos envia que encontramos não só a força para as superar, mas também a luz para nos guiar na execução das coisas. Somos enviados, e é como tal que assim devemos trabalhar. Mesmo não falando o nome de Deus, nós vivíamos o nome e a presença de Deus no meio das pessoas, e no trabalho que desenvolvíamos. Este Deus que se chama amor, era nomeado em cada abraço, em cada contacto, em cada estratégia delineada para melhorar as nossas condições de vida. Preocupados em encontrar soluções para a água, tentar sensibilizar para o tratamento do lixo, ajudar no apoio escolar, na capacitação e formação de agentes locais… tudo isto era o nosso trabalho e a nossa forma prática de lhes mostrar um Deus-Amor que era responsável por estarmos ali. Tínhamos também trabalho de pastoral que, a mim de forma muito particular, me enchia de gozo e alegria. Como celebrante da palavra tive oportunidade de aprofundar o meu amor e a minha reflexão pela palavra de Deus, ao mesmo tempo que a proclamava àqueles que vinham até à nossa capela para conhecer um pouco mais de Jesus. Era efetivamente uma graça e uma alegria enorme fazer a minha fé crescer junto com aqueles que comigo viviam e amavam. Que maravilha tão grande foram estes meses em que nada mais importava que não ouvir a Deus e procurar cumprir o seu projeto de salvação para mim e para aqueles a quem Ele me enviara. Foram tempos sem dúvida maravilhosos. Foram tempos de amar e mais amar. Regressei há poucos meses de São Tomé, não com o sentimento de dever cumprido, mas na certeza de que Ele ainda me pede mais e mais”, conta Leonel Azevedo, garantindo que “no fundo, a vida de um cristão é um amar e mais amar. E é isso que sinto que o Pai me continua a pedir, seja onde for e em que circunstâncias for”.

Contudo, a adaptação “não tem sido fácil”. “Falar de Deus com a própria vida foi-me muito mais fácil de fazer em contexto de missão. Não porque seja efetivamente, ou na prática, mais fácil, mas pura e simplesmente porque me coloquei mais ao Seu serviço, ao Seu dispor. Em Portugal, e não sei explicar porquê, quase que o fazemos somente em part-time. E creio que ainda procuro força, espaço, forma de O poder servir e amar a tempo inteiro. Mesmo no contexto familiar e profissional”, conta este jovem missionário, acreditando  que “o caminho está sempre no início, pelo menos no que ao conhecimento de Deus e à perfeição de amar diz respeito”. “Sinto-me sempre um pequeno cristão, um pequeno aprendiz a quem Deus muito quer ensinar e pedir”, conclui.

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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