Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
O direito de dizer que não

Contou-me há dias uma pessoa amiga que tinha estranhado junto de um responsável da sua terra de origem a presença de tantos idosos estrangeiros. Tinham vindo de alguns países europeus, com a sua reforma para terminar os seus dias entre nós. Em Portugal encontram pessoas simpáticas; bom clima; possibilidade de viver acima da qualidade de vida que teriam nas terras de onde são originários. Encontram um bom sistema de saúde, gratuito. Mas, sobretudo, vieram da Holanda e da Bélgica também com medo. É que, naqueles países, já não podem confiar nos médicos ou, sequer, nas suas próprias famílias. Têm medo de serem vítimas de “eutanásia”.

É verdade e é sabido, não é segredo nenhum. Nestes países, apesar de todas as promessas dos que propuseram as leis iniciais sobre a eutanásia de que esta seria apenas usada em casos extremos e depois de manifestada a vontade do paciente, sempre no uso da razão, o facto é que a eutanásia é hoje usada quase de um modo indiscriminado em idosos, deficientes, crianças… A pedido do próprio, a pedido da família ou, simplesmente, por vontade do médico. Quebrou-se a confiança entre médico e paciente — como avisavam os bastonários portugueses da Ordem dos Médicos na sua declaração contra a eutanásia de que poderá suceder em Portugal.

Queiramos ou não, a chamada “rampa deslizante”, o mesmo é dizer: o uso e a interpretação cada vez mais indiscriminada e “tolerante” da lei conduz a que as fronteiras iniciais se vão esbatendo. E aquilo que ao princípio parecia muito severo e rígido, acaba por ser alargado e usado indistintamente.

Garantem-nos que é apenas para alguém em sofrimento extremo, como se a medicina paliativa não fosse capaz de oferecer hoje um fim de vida sem sofrimento. Juram que é por causa da dignidade da vida, como se uma vida vivida até ao fim não fosse digna. Querem fazer-nos passar — a nós que somos contra essa iniciativa — por gente sem misericórdia e sem dignidade. Sabemos que nada disso é verdade. O seu objectivo é, apenas, o de desenhar um modo de viver, um Portugal diferente daquele que é o nosso e de que todos gostam. Querem impor-nos o seu modo de viver. E nós temos todo o direito (e o dever) de dizer que não.

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