No primeiro dia da Quaresma, o Papa desafiou os cristãos a três ações para a vivência do novo tempo litúrgico. No Vaticano, Francisco apelou aos jovens para denunciarem o tráfico humano e, após a oração do Ângelus, efetuou a sua inscrição na próxima Jornada Mundial da Juventude. Na última semana também se assinalaram os 5 anos da renúncia de Bento XVI.
1. Na celebração de Quarta-feira de Cinzas, no Vaticano, o Papa desfiou os cristãos a “parar, olhar e regressar”. “A Quaresma é tempo precioso para desmascarar estas e outras tentações e deixar que o nosso coração volte a bater segundo as palpitações do coração de Jesus. Toda esta liturgia está impregnada por este sentir, podendo-se afirmar que o mesmo ecoa em três palavras que nos são oferecidas para «aquecer o coração crente»: pára, olha e regressa”, apontou Francisco. “Pára um pouco com essa ânsia de querer controlar tudo, saber tudo, devassar tudo, que nasce de se ter esquecido a gratidão pelo dom da vida e tanto bem recebido. Pára um pouco com o ruído ensurdecedor que atrofia e atordoa os nossos ouvidos e nos faz esquecer a força fecunda e criativa do silêncio”, especificou Francisco . Sobre o convite a “olhar”, o Papa desafiou os presentes a colocarem os seus olhares dirigidos para os mais fracos. “Olha os rostos interpeladores das nossas crianças e jovens carregados de futuro e de esperança, carregados de amanhã e de potencialidades que exigem dedicação e salvaguarda. Rebentos vivos do amor e da vida que sempre conseguem abrir caminho por entre os nossos cálculos mesquinhos e egoístas. Olha os rostos dos nossos idosos, enrugados pelo passar do tempo: rostos portadores da memória viva do nosso povo. Rostos da sabedoria operante de Deus”, apontou Francisco, deixando o convite ao “regresso sem medo para experimentar a ternura sanadora e reconciliadora de Deus!”.
2. Momentos antes, na audiência geral, o Papa prosseguiu as reflexões sobre a Missa e pediu atenção aos pobres. “Convido todos a entrar neste tempo de conversão dando mais espaço nas vossas vidas à oração e à partilha com os mais pobres. Desejo a todos uma boa Quaresma”, disse aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, no dia que marca o início da Quaresma. “Nestes 40 dias somos convidados, com a oração, o jejum e as obras de caridade, a ser cada vez mais uma só coisa com Cristo”, observou Francisco, desafiando os fiéis para disporem os corações para a vivência deste tempo litúrgico em “união com Cristo que sofre”.
Neste dia chuvoso, na Praça de São Pedro, o Papa continuou as catequeses sobre a vivência da Missa e abordou a liturgia da Palavra, o Credo e a Oração dos Fiéis.
Depois de serem proclamadas as leituras e feita a homilia, o Papa Francisco, sublinhou a importância de existir “um tempo de silêncio para para que a semente recebida germine nas nossas almas, para que nasçam propósitos de adesão àquilo que o Espírito impele a cada um”. De seguida, Francisco falou da recitação do Credo, na Missa. “Existe uma relação vital entre escuta e fé – estão unidas – porque a fé não nasce de fantasias da mente humana, mas sim da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo. Ou seja, a fé alimenta-se com a escuta da Palavra e conduz ao Sacramento – no caso da Missa, à comunhão”, frisou o Papa, alertando também para cuidados a ter com o teor das preces realizadas na chamada Oração universal. “Preces míopes, autorreferenciais ou ditadas por lógicas mundanas não chegam ao Céu”, afirmou o Papa
3. Numa audiência com os organizadores do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico Humano, no dia 12 de fevereiro, o Papa Francisco apelou à denuncia deste “crime contra a humanidade”. Entre perguntas e respostas de jovens migrantes e italianos o Papa referiu que “os jovens têm uma posição privilegiada para encontrar os sobreviventes do tráfico de seres humanos”. “Devem ir às suas paróquias, a uma associação perto de casa e encontrar as pessoas”, exortou o Pontífice. Por sua vez, Francisco defende que o papel da Igreja é promover e criar espaços de encontro. “Por este motivo pedi às paróquias que se abrissem ao acolhimento. É preciso reconhecer o grande empenho em resposta ao meu apelo, obrigado!”, agradeceu o Papa.
No mesmo encontro, Francisco respondeu ainda a uma pergunta sobre o próximo Sínodo dos Jovens, desejando que seja um lugar onde as testemunhas do tráfico humano se possam expressar. “É meu grande desejo que os jovens representantes das periferias sejam os protagonistas deste Sínodo. Faço votos que vejam o Sínodo como local para lançar uma mensagem aos governantes”, disse Francisco.
4. Após a oração do ângelus, no passado Domingo, 11 de fevereiro, na Praça de São Pedro, o Papa fez a sua inscrição para a próxima Jornada Mundial da Juventude que vai decorrer em janeiro de 2019, no Panamá. “Pronto, estou inscrito como peregrino para a Jornada mundial da Juventude. Convido todos os jovens do mundo a viver com fé e com entusiasmo este evento de graça e de fraternidade, seja viajando para o Panamá, seja participando nas próprias comunidades”, disse Francisco, após completar a sua inscrição, num tablet. Na sua intervenção que decorreu no Dia Mundial do Doente, Francisco recordou o Evangelho do dia, que fala da cura de um leproso por Jesus. O Papa sublinhou o facto de Jesus ter tocado no leproso, algo que à luz da mentalidade da época o tornava impuro também. “Nenhuma doença causa impureza”, disse Francisco, “a doença certamente afeta toda a pessoa, mas de nenhum modo impacta ou impede a sua relação com Deus”. Pelo contrário, diz o Papa, é o pecado que se faz acompanhar de impureza. “O egoísmo, a soberba, a entrada no mundo da corrupção, estas são doenças do coração de que é preciso purificar-nos, voltando-nos para Jesus como o leproso. ‘Se tu quiseres, podes purificar-me’”, disse Francisco, convidando depois os fiéis a um momento de silêncio pare refletirem sobre aquilo que torna os seus corações impuros.
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