No passado sábado, 17 de fevereiro, viveu-se no auditório do Centro de Congressos de Lisboa, ao lado de um congresso partidário, uma noite da fé. A iniciativa ‘Faith’s Night Out’ (FNO), promovida pelas Equipas de Jovens de Nossa Senhora, levou até aquele espaço cerca de 1500 jovens, e foi impressionante! A organização, os pormenores logísticos, mas acima de tudo a alegria e a disponibilidade destes milhares para, num final de dia, entrando pela noite, assistirem a doze discursos, de 7 minutos cada, sobre a fé.

Neste formato de conferência ‘Ted Talk’ da fé participaram alguns nomes, uns mais conhecidos do que outros, mas a essência dos discursos foi a mesma: uma vida vivida e partilhada, com fé ou até mesmo sem ela. Foi o caso do jornalista José Manuel Fernandes, do Observador, que afirmando-se como não crente, falou aos jovens católicos sobre a verdade, lembrando que “aquilo que parece óbvio não é a verdade” e que “há uma subjetividade em cada um de nós que nos leva a ver cada acontecimento de modo diferente”. No entanto, frisa, “é preciso ser humilde para perceber que o outro pode ser influenciado pela minha subjetividade”.

A verdade da vida passa, também, por encarar, com fé, as dificuldades, os sofrimentos, as lutas de cada dia. Inês e Gonçalo Dias da Silva partilharam, assim, a sua experiência de família numerosa, com o quotidiano do filho Pedro, portador de uma doença rara hereditária, que tem feito os seus pais “aprenderem a ser filhos de Deus” e a perceberem Deus que fala e que se faz ouvir, “não precisando de nós como tradutores”.

Henrique Leitão, homem da Ciência e Prémio Pessoa em 2014, lembrou que Deus estabelece connosco “uma relação de um interesse e bondade contínua”, designada por amor e que a nossa fé “incide diretamente num Deus que nos ama”.

Raquel Abecasis, antiga jornalista da Renascença que agora se dedica à vida política, fez perceber o peso da palavra e “a capacidade que esta tem de manipular consciências”.  Por isso, defende que “é preciso regressar à leitura de clássicos e livros da atualidade para sabermos dar razões daquilo em que acreditamos”.

Mas a fé “implica uma resposta”, que “é exigente e carece da nossa vontade”, recordou aos jovens o professor de anatomia Luís Mascarenhas de Lemos, que deixou ainda o apelo a que estes sejam “cristãos com iniciativa”.

Alberta Marques Fernandes, jornalista da RTP testemunhou que “Deus fala através de sinais”, como se fossem ‘post-its’, nos diversos momentos da vida e a reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil, falou da beleza como lugar “onde encontramos a transcendência divina”. “A beleza transformada pela fé é um acontecer interior”, afirmou.

O filósofo José Luís Nunes Martins falando sobre o amor, que é “dar-se” e implica “a presença física junto do outro, o silêncio para ouvir, e o serviço simples”, salientou que “wi-fi, amor e vento nunca ninguém viu. Mas, sublinha, “o amor não se vê, conhecem-se os seus efeitos”.

A encerrar a noite de testemunhos, o Bispo de Santarém, D. José Traquina, convidado a falar aos jovens sobre a santidade, lembrou que esta pede “coerência de vida, amor generoso, e uma vida para a glória de Deus”, explicando que a glória de Deus “é o homem alinhado com a vontade de Deus”. Esta Quaresma pode ser oportunidade para entrar na linha.