Domingo |
À procura da Palavra
As mãos e os pés
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DOMINGO III PÁSCOA Ano B

‘Vede as minhas mãos e os meus pés.

Sou eu mesmo!’

Lc 24, 39

 

O espanto, o medo e a incredulidade envolvem os discípulos nos primeiros encontros com Jesus Ressuscitado. O encontro com o divino deixa-os sem chão debaixo dos pés, pois todas as coisas se tornaram verdadeiramente novas. Jesus é o mesmo, e é, maravilhosamente outro, reconhecível na fé a que se vão abrindo com uma imensa alegria. Para derrotar o medo, Jesus oferece-lhes a paz; para ultrapassar a incredulidade mostra-lhes as mãos e os pés marcados pela paixão; para fortalecer a comunhão pede-lhes de comer; para os enviar como suas testemunhas, fá-los compreender as Escrituras. No meio de tanta alegria, as mãos e os pés feridos testemunham a vitória do amor até ao fim.


Evocámos nestes dias o centenário da batalha de La Lys, na Flandres, na Primeira Guerra Mundial. Nela as forças portuguesas foram esmagadas pelo poder bélico inimigo, registando-se 1300 mortos, 4600 feridos, 2000 desaparecidos e mais de sete mil prisioneiros. Mas os soldados portugueses resistiram o tempo suficiente para permitir aos aliados reforçar a defesa e suster o ataque. No sector defendido pelos portugueses, existia um cruzeiro com uma imagem de Cristo pregado numa cruz de madeira que dominava a planície envolvente. No fim do massacre, só o Cristo se mantinha de pé, mas também ferido. A batalha decepou-lhe as pernas, o braço direito e uma bala varou-lhe o peito. No meio do horror, essa imagem foi trazida pelos militares que regressaram às linhas aliadas. Desde 9 de abril de 1958, ela encontra-se na sala do capítulo do Mosteiro da Batalha, junto ao túmulo do soldado desconhecido. É conhecida como “O Cristo das trincheiras”! Será que a mão e os pés que lhe faltam não poderão ser agora as minhas mãos e os meus pés?


As feridas de Jesus Ressuscitado libertam-nos da nossa ilusória omnipotência. Lembram-nos as vitórias humildes que fazem avançar o mundo, o sal da terra e o fermento que dão sabor e fazem crescer o mais importante da vida. Ao fazer dos discípulos testemunhas do seu Amor, Jesus não prepara super-homens nem técnicos infalíveis e eficazes. É com amigos e irmãos que a Boa Nova pode chegar a todos, contagiar todos para uma vida absolutamente nova. E as dificuldades, as feridas e até a própria morte não serão maiores do que a sua presença ressuscitadora.


É de mãos e de pés que tocam, acarinham, apoiam, levantam e vão encontro de todos, vivendo e levando a alegria, que o Papa Francisco fala na sua Exortação “Gaudete et exultate” sobre o chamamento à santidade no mundo actual. Ainda mal desfolhada, vou saboreando este presente pascal que lembra a santidade “ao pé da porta”, a fazer-se “cada um por seu caminho”, descobrindo que “mais vivos, mais humanos”, na atenção aos “pequenos detalhes do amor”, a viver como Jesus e com Jesus. Para que as mãos e os pés de Jesus se prolonguem nas minhas mãos e nos meus pés!

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