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À procura da Palavra
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DOMINGO V PÁSCOA Ano B

“Se alguém permanece em Mim e Eu nele,

esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer.”

 Jo 15, 5

 

“Estar ligado” ou “estar conectado”: poderiam ser estas palavras actuais a tradução do convite de Jesus, no evangelho da videira e dos ramos? As novas tecnologias, com as suas luzes e sombras, e a possibilidade de ligação ao mundo na ponta dos dedos exprimirão a simbologia daquela imagem: “Eu sou a videira e vós os ramos!”? Não repararam já como o telemóvel parece um prolongamento da mão para tantas pessoas com que nos cruzamos?


É ousadia comparar imagens tão distantes, do simbolismo da natureza à materialidade da técnica. Mas o real e o virtual convivem connosco em inúmeras situações. Com o grave perigo do segundo absorver o primeiro, alienando a experiência humana dos “olhos nos olhos”, de ser pessoas em vez de “ter avatares” (personagens virtuais, numa tradução simplista). Em jeito de metáfora, o realizador Steven Spielberg, aborda este tema no seu último filme “Ready Player One: Jogador 1”, onde a alienação provocada por um jogo virtual parece ser o escape de um mundo aniquilado pela poluição e sobrepopulação. Mas a vida é mais do que um jogo, e há-de de ser a vitória das pessoas, da amizade, dos laços humanos, do tempo que nos une, o verdadeiro prémio a encontrar.


Sabemos que um ramo, separado da videira, privado da seiva que lhe dá vida, seca e morre. Assim acontece connosco, como diz Jesus: “Sem mim nada podeis fazer”. Nas páginas dos Actos dos Apóstolos diz-se que foi em Antioquia que, pela primeira vez, se deu aos discípulos o nome de “cristãos” (Act. 11,26). Este “baptismo” confirma a nossa identidade: trata-se “permanecer” em Cristo, verdadeiramente unidos a Ele, a ser com Ele e como Ele. “Ungidos” (esse o significado da palavra “Christós”) para a mesma missão que Jesus recebeu do Pai: dar a vida em abundância. Como deixamos passar em tudo o que somos e fazemos a seiva vivificante da sua palavra? Será que bloqueamos essa passagem com a azáfama de dar “os nossos frutos”, o medo de arriscar, ou a desistência diante das dificuldades?


Como na videira, os frutos não são automáticos, e a lenta passagem do tempo, torna-os mais saborosos. Mas há uma certa urgência destes frutos, que não dependem já do tempo e, simplesmente, de os oferecer porque de graça os recebemos. É a urgência de permanecer como lembrava Eugénio de Andrade: "É urgente o amor / É urgente um barco no mar // É urgente destruir certas palavras, /  ódio, solidão e crueldade, / alguns lamentos, muitas espadas. // É urgente inventar alegria, / multiplicar os beijos, as searas, / é urgente descobrir rosas e rios / e manhãs claras. // Cai o silêncio nos ombros e a luz / impura, até doer. / É urgente o amor, é urgente / permanecer.” 

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