Missão |
Irmão José Manuel Salvador Duarte, dos Missionários Combonianos
Sentir a presença do Amor Humano de Deus
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José Manuel Salvador Duarte nasceu a 5 de Janeiro de 1966, na aldeia de Nadrupe, no concelho da Lourinhã. É Irmão nos Missionários Combonianos e regressou recentemente da Colômbia onde esteve enviado em missão. Atualmente realiza a sua missão nas Paróquias de Camarate e da Apelação, em Lisboa.


Nasceu numa família cristã que procurava viver os valores do Evangelho. Foi batizado a 9 de fevereiro de 1966, na Igreja Matriz da Lourinhã. Foi leitor nas Eucaristias dominicais, membro do grupo coral. “A minha vocação como Irmão Missionário nasce pela experiência vivida em família, os meus pais viviam com grande empenho o Jesus Cristo comprometido com os sofrimentos humanos. Ao conhecer os Missionários Combonianos, senti uma profunda convicção de que a melhor forma de poder servir a Deus e à missão seria como Irmão Missionário”, partilha. Quando terminou o 12º ano começou o seu discernimento vocacional com os Missionários Combonianos. Em 1989 entrou para o seminário dos Missionários Combonianos na Maia. “Durante os 4 anos de formação do Postulantado, estudei um curso profissional de técnico de controle de qualidade de Construção Civil, e ciências religiosas na casa da Cultura Católica Torre da Marca na cidade do Porto.” Realizou a sua formação com os Missionários Combonianos em diversos pontos: Santarém, Colômbia, Madrid, Roma. A sua primeira consagração religiosa foi a 20 de maio de 1995 em Santarém. Em julho de 1995 foi enviado para Bogotá (na Colômbia), onde viviam 23 Irmãos de 12 nacionalidades, e dois formadores. “Foi um tempo de grande enriquecimento cultural, espiritual, humano”, diz. “A realidade humana e social de Colômbia era para mim uma surpresa, porque em 1995 em Portugal não conhecíamos muito sobre a situação do conflito armado de Colômbia. Ao entrar na Universidade Javariana tive a oportunidade de conhecer as verdadeiras causas do conflito armado. Os professores falavam muito das injustiças sociais e das grandes diferenças entre os muitos pobres, e os poucos muito ricos. Esse tempo na Universidade fizeram-me reflexionar e abriram-me um amplo horizonte de pensamento, ajudaram-me a entender a um Deus diferente do que eu pensava. Comecei a conhecer mais sobre o Pai de Jesus Cristo. Um Deus mais Humano, mais Misericordioso”, partilha.

 

“Aprendi que não existem pessoas boas ou más!”

Na Colômbia, começou a participar nos encontros de Justiça e Paz, Perdão e Reconciliação, organizados pela Conferência de Religiosos em Bogotá. Fez várias experiências pastorais em zonas de conflito armado. “Ao viver com as vítimas do conflito armado passei por uma transformação e comecei a sentir uma nova forma de ver e sentir a vida Humana, a vida Espiritual. Todas estas experiências foram fortalecendo e deram mais identidade mais sentido á minha vocação como Irmão Missionário”, diz. Terminou a sua formação na Colômbia em 1998 e foi enviado para o Seminário menor dos Missionários Combonianos em Viseu em Portugal para acompanhar a formação de 30 jovens entre os 15 e 18 anos.  “Foi uma grande aprendizagem de vida humana, uma experiência muito movimentada com muitas aventuras, ao ritmo do Deus Jovem, ajudou-me a madurar, a conhecer o Deus da Escuta, da Paciência, o Deus da Fraternidade”, diz. Em 2002 regressou à missão da Colômbia, “desta vez foi viver para uma zona muito castigada pelo conflito armado… uma cidade chamada Águachica com cerca de 100 mil habitantes situada na zona norte do país, com clima tropical. Uma Cidade governada por dois grupos armados: os paramilitares, e a ESFRAC Exercito Revolucionário das Forças Armadas Colombianas. Os Missionários Combonianos eram responsáveis pela paróquia Maria Auxiliadora, uma paróquia rodeada de bairros sociais com muitas pessoas deslocados por motivos do conflito armado. A minha missão era dedicada á pastoral social junto com os catequistas e líderes da paróquia. Todos os dias saíamos a visitar as famílias, tínhamos encontros com as mães viúvas (vítimas do conflito), ajudávamos a pessoas doentes que não tinham possibilidades económicas para ir ao hospital, muitas crianças sofriam de desnutrição. Desde a paróquia, montámos uma estratégia de ajuda humanitária junto com a Cáritas, Cruz Vermelha internacional, com a ONG Mãos Unidas. Todos os dias atendíamos muitas pessoas, mas a maior dificuldade era ter de conviver diariamente com a morte de tantos inocentes. Nesta experiência aprendi que a Irmã morte também tem a sua dignidade, aprendi que existe um Deus que Ama sem limites, o Deus da disponibilidade, o Deus do silêncio, O Deus da Solidão, o Deus do Perdão.” Celebrou os seus Votos Perpétuos em 2004 na cidade de Bogotá e recebeu uma nova missão: acompanhar os postulantes em Medellín, “uma cidade conhecida pelo desespero humano, dos que vivem sem abrigo, dos que deixaram as suas casas as suas terras para fugirem da guerra.” “Criámos uma rede de solidariedade de que formavam parte pessoas de diferentes nas áreas tais como da saúde, cultura, educação, do trabalho Social, etc. A pedido da pastoral penitenciária diocesana de Medellín começamos uma nova missão de acompanhamento a reclusos em diferentes prisões de Medellín sobre o tema de reparação, perdão e reconciliação, foi um tempo de aprender que qualquer Ser Humano pode um dia ter que viver numa prisão. Em todas estas experiências aprendi a conhecer mais do Deus da Compaixão, o Deus dos Sentimentos, o Deus das Emoções, o Deus Confidente, o Deus Amigo.” “Aprendi que não existem pessoas boas ou más, a única diferença depende da família e de onde nasci, o país, as oportunidades, as circunstâncias fazem a diferença. Aprendi a conhecer o Deus que Ama a todos por igual, o Deus da Misericórdia, o Deus Materno”, partilha. Em 2016 foi convidado a vir para a missão da província de Portugal para fazer parte da comunidade Comboniana presente nas Paróquias de Camarate e Apelação. “Cheguei a Camarate nos primeiros dias do mês de Outubro de 2016, apanhei uma grande surpresa, eu não conhecia muito sobre a realidade social, eclesial das paróquias de Camarate e Apelação. Fui surpreendido ao ver os numerosos bairros sociais clandestinos existentes nestas duas paróquias, e mais surpreendido fiquei ao constatar as condições desumanas em que vivem muitas pessoas. Existem pessoas que vivem sem energia elétrica, sem saneamento básico, com deficiência alimentar, com problemas de saúde, são pessoas que migraram há mais de 40 anos vindos de diferentes zonas do país. Estão presentes pessoas que pertencem á etnia Cigana, pessoas Africanas que chegam a Portugal por diferentes razões (médicas ou a procurar melhores condições de vida), mas não são considerados como migrantes e muitos acabam por ficar ilegalmente, sujeitos a qualquer tipo de trabalho. É triste e vergonhoso, ver estas realidades desumanas numa Europa que se autoproclama civilizada, próspera, culta, com tradições religiosas Cristãs. Nós como cristãos temos mais responsabilidade porque conhecemos o Evangelho de Jesus Cristo, não podemos ficar indiferentes perante tanto sofrimento humano. Acompanha-me a Fé, a Esperança, porque o BOM DEUS surpreende-me no meio do caminho pedregoso. Tenhamos nós também a coragem desta (loucura) para permitir que os nossos braços e os nossos corações possam ser lugares de acolhida para os que mais necessitam de sentir a presença do Amor Humano de Deus”, partilha.

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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