
Comunicar é essencial ao ser humano. Não é verdade que podíamos parafrasear a expressão do filósofo René Descartes, “penso, logo existo”, numa outra: “comunico, logo existo”? Do bebé que reclama a nossa atenção, ao idoso que nos lança um último olhar, temos ânsias de comunicar. E as possibilidades digitais facilitam uma rapidez e uma expansão nunca antes imaginadas. Ao mesmo tempo que criam os perigos da alienação e da manipulação, da falsidade e da exploração daquilo que é bom, verdadeiro e belo. Torna-se ténue a distância que vai da comunhão ao isolamento.
Jesus, comunicador do Pai, confirma os apóstolos na mesma missão. A boa notícia do mundo renovado que a sua ressurreição criou é para ser levada a todo o lado. É a “caixa alta” da “newsletter” diária da vida dos cristãos. Os evangelistas insistem nessa recomendação: viver, testemunhar e proclamar o Evangelho é a essência da missão. Jesus é o conteúdo desta notícia e torna cada um dos que a Ele se unem em “fontes” credíveis dessa comunicação. Mas o que transmitiremos se Jesus não for a abundância do nosso coração? Será que, quem hoje se aproxima das comunidades cristãs percebe a frescura e a novidade dessa boa notícia? Não verá primeiro uma organização, mais ou menos instalada, mais ou menos envelhecida, mais ou menos defensiva?
“Fazer da Palavra de Deus o lugar onde nasce a fé” tem sido o lema da Diocese de Lisboa para este ano. Quem é capaz de dizer como o encontro pessoal e em grupo com o Evangelho reacende o fogo do “borralho” adormecido? A escuta e a partilha, o estudo e a reflexão, desta notícia tão antiga e tão nova não iluminam e orientam a leitura do presente que vivemos? Comunicar a vida que aquelas palavras nos despertam, os horizontes que elas nos abrem e a transformação a que nos comprometem, não é fácil. E incomoda menos “andar ao sabor dos acontecimentos”, sem “fazer ondas”, na repetição do mesmo, na recusa do novo. Não esqueçamos “a frescura original do Evangelho” (Papa Francisco)!
Porque comunicar é fundamental, e todos somos comunicadores, aqui fica a oração com que o Papa Francisco termina a mensagem para o Dia das Comunicações Sociais: “Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz. / Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão. / Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos. / Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs. / Vós sois fiel e digno de confiança; / fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo: / onde houver ruído, fazei que pratiquemos a escuta; / onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia; / onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza; / onde houver exclusão, fazei que levemos partilha; / onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; / onde houver superficialidade, fazei que coloquemos interrogações verdadeiras; / onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança; / onde houver agressividade, fazei que levemos respeito; / onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.”
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Pe. Alexandre Palma
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Pedro Vaz Patto
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