Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Maio de 68

Confesso que não me recordo do Maio de 68. Mas devo dizer que, desde a minha adolescência, ele me foi apresentado como o protótipo dos ideais de um mundo novo, construído a partir das liberdades e capacidades individuais. Desde então, todos passaram a ser avaliados segundo esses critérios: os que a eles não aderiam eram de imediato classificados como “pouco jovens”, ou “velhos de espírito”…

Praticamente todos os meus professores do Secundário tinham participado desses momentos de revolta estudantil (a que se acrescia o entusiasmo da Revolução). Mas, nesses finais dos anos 70, se é verdade que ainda traziam uma boa parte das utopias de 68, já defendiam à mistura um bom pedaço de “realismo financeiro”.

Algum tempo depois comecei a perceber que os tais critérios de 68 eram um pouco estranhos: tudo era permitido desde que se concordasse com os “revolucionários”… mas àqueles que colocavam alguma objecção não eram poupados adjectivos sempre pouco agradáveis de escutar…

E a “rampa deslizante” foi continuando nessa geração. Idealmente, continuavam a impor a sua utopia: matar a Europa, a que chamavam “velho e hipócrita continente cristão”; implementar os ideais de uma vida sem outra norma a não ser o prazer do eu; esquecer Deus a todo o custo, para que o homem pudesse brilhar. Afinal – diziam – o ser humano era capaz de sonhar e criar um mundo novo…

Poderemos pensar que o Maio de 68 foi apenas uma dezena de anos que já passaram de moda; que em grande parte os seus protagonistas se “converteram” nos defensores do capitalismo, e que hoje exercem o poder um pouco por toda a Europa.

Claro, ainda existe a chamada “esquerda caviar” (os revolucionários de 68 eram todos universitários, “filhos de boas famílias”), bem presente nos meios auto-proclamados “intelectuais” e “culturais”, na Comunicação Social ou em tantos professores do ensino básico e secundário. Mas não pensemos que, pelo facto de se terem esquecido da utopia económica e aderido ao capitalismo mais ou menos feroz, os outros puseram na gaveta os princípios de 68. Não: eles continuam por aí, uns mais disfarçados que outros, segundo os modelos do Maio de 68, a querer configurar a nossa vida, a vida da nossa sociedade, os seus princípios e valores – como vemos em todos estes debates acerca das “questões fracturantes”. E quem não concordar com eles, sabe bem que pode contar com os adjectivos habituais!

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