Na Tua Palavra |
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D. Nuno Brás
Para o Senhor ou com o Senhor?
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No final de mais um ano pastoral – o primeiro em que a diocese de Lisboa procurou que a sua vida fosse animada pelos objectivos traçados pelo recente Sínodo diocesano –, vale a pena olhar para trás e perguntar-nos o que significou mais este ano de caminhada sinodal.
Certamente, não o fazemos para nos gloriarmos do caminho percorrido; e, muito menos, para verificar se já tudo está feito (nunca está tudo feito na vida cristã!). Também não o fazemos para nos flagelarmos pelo pouco que conseguimos ou pela insuficiência do nosso testemunho: a vida cristã, decididamente, não pode ter como critérios aquelas realidades mensuráveis das empresas (aumentaram as vendas? conseguimos convencer mais compradores de que o nosso produto é o melhor?) que, no nosso caso, soaria mais a “aumentaram as comunhões e os baptizados? Houve mais crianças na catequese?” – e assim por diante…
Mal seria se entrássemos agora “em modo de balanço”, e procurássemos medir a Graça do encontro com Jesus em termos quantitativos (ou qualitativos que fossem). A Igreja, a ser desse modo, não passaria de mais uma organização humana, perfeitamente dispensável. Uma burocracia insuportável. Não seria a Igreja de Jesus.
E, no entanto, importa verdadeiramente fazer “o ponto da situação”. Importa que cada cristão e cada comunidade pare para perceber a sua docilidade ao Espírito.
Há dias, a liturgia propunha para nossa meditação a passagem de S. Mateus 7, 21-29. Nela o Senhor afirma que é necessário escutar a Sua Palavra e pô-la em prática. E acrescentava: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsámos demónios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7, 22-23).
Na homilia desse dia, o Cardeal Angelo Bagnasco, Arcebispo de Génova, dizia que: “Não basta trabalhar para o Senhor; é necessário trabalhar com o Senhor”.
E, de facto, “trabalhar para o Senhor” (falar dele, exercer alguma tarefa na comunidade, gastar algum tempo a conhecer melhor a Escritura) é relativamente fácil. Pode mesmo trazer consigo algumas “recompensas humanas”, sem negar toda a generosidade necessária que isso implica. Mas o facto é que o próprio Jesus diz que não basta. É necessário trabalhar, viver com Ele. Assentes na rocha inabalável da Sua Palavra. Dar-Lhe todo o espaço e todo o protagonismo. O mesmo é dizer: “Fazer da Palavra de Deus o lugar onde nasce a fé”, como nos convidava o lema do nosso programa pastoral para este ano.
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