Missão |
Margarida Simões Correia, Plataforma de Apoio aos Refugiados
O plano será sempre IR
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Margarida Simões Correia nasceu a 30 de dezembro de 1992, em Sesimbra. Vive em Lisboa, é licenciada em Comunicação Social pela Universidade Católica e foi membro da Missão País durante a faculdade. Esteve 5 meses em missão em Lesbos, na Grécia, com a PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados.


Caminho de missão

Margarida é “a mais velha de três filhos e de treze netos”. Tem uma família grande, “muito próxima, daquelas que fazem imenso barulho à mesa!” O seu percurso académico foi diferente do habitual como nos diz: “Troquei duas vezes de curso, comecei em Comunicação Social, passei para Direito e ao fim de dois anos e meio voltei para Comunicação Social, sempre na Universidade Católica. Assim sendo acabei o curso já há um ano.” Desde cedo que esteve sensibilizada para a preocupação com o outro e diz-nos que “desde pequenina que ia com a minha mãe e com os meus irmãos aos peditórios do Banco Alimentar”. “Talvez sem perceber bem o que estava a fazer ou quem estava a ajudar foi nascendo esta vontade de ajudar quando fosse preciso. Mais tarde, já com 17 anos entrei para o Projecto de Rabo de Peixe, do qual fui parte durante três anos, sempre como animadora da colónia de férias. Aqui comecei a ganhar consciência de que talvez fosse por aqui a minha vida, mas ainda muito como alguma coisa que fazia nas férias, nada de muito sério. Enquanto estive na faculdade fiz parte da Missão País e de vários projetos mais pequeninos que me foram acompanhando e guiando neste caminho de missão que agora é tão importante para mim”, refere.

 

“A minha vida ia ser guiada pelos sítios onde eu podia ser mais útil”

Ao terminar a faculdade, foi durante um mês para a Índia com uma amiga e conta-nos: “Estivemos dezoito dias a trabalhar com as Irmãs da Caridade em Calcutá. Esta missão, para além de todo o contexto geográfico e social do qual não se pode separar, teve uma componente religiosa muito importante para mim. Um dia que começa com missa e acaba com adoração só pode ser um dia inteiro vivido com Deus. Em que todas as nossas ações são rezadas e meditadas e onde é muito fácil ver a obra de Deus e o trabalho que se faz lá é de facto conduzido pela Sua Graça. Depois destes dias de missão decidi que a minha vida ia ser guiada pelos sítios onde eu podia ser mais útil. Chegada deste mês de Índia comecei a trabalhar numa IPSS, mas não me encaixei e não podia ter corrido pior.” Ainda enquanto trabalhava, começou a procurar novos projetos onde se poderia integrar. “E assim apareceu a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR)”, diz-nos. “Um amigo meu ia candidatar-se e eu disse-lhe para me mandar em Cc no e-mail dele. E assim foi: passados quinze dias deste e-mail estava num avião para a Grécia.”

 

“O plano é arranjar trabalho na Grécia ou noutro país em conflito e ir”

Sobre esta experiência, partilha: “Em Lesbos vivi cinco meses. Quando lá cheguei não fazia ideia da situação emergente que ainda se vivia na ilha. Achei que já estava tudo mais arrumadinho, mas não podia estar mais enganada. Os barcos continuam a chegar, trazendo números assustadores de pessoas. A Europa desligou desta crise e empurrou o problema para aquele canto Europeu que não tem condições (como nenhum outro país teria) de lidar com isto sozinho. A maneira como as pessoas são tratadas é para lá de inconcebível. É impossível de descrever a realidade. Trabalhei como coordenadora da missão da PAR na ilha. O nosso projeto é no campo de KaraTepe, um campo só de famílias, muito seguro e (dentro do que é um campo de refugiados) com boas condições. Trabalhamos com crianças e adolescentes num projeto de educação não formal com base no desenvolvimento pessoal, amizade, partilha e proximidade. É muito fácil confundir o problema daquele campo com pobreza e cair em relações enganosas e pouco profundas por causa disso. As pessoas que lá vivem não são pobres, são vítimas de guerra que disseram que não ao terrorismo com a própria vida. E às vezes pode ser desconfortável para nós ficarmos a saber tanto de vidas tão diferentes. Por isso, não ter pena e não ter medo de fazer perguntas, é a vida deles, é bom mostrar interesse.”

Depois do regresso, diz-nos que ainda não está a trabalhar e afirma: “Acabei de chegar. Mas o plano é arranjar trabalho na Grécia ou noutro país em conflito e ir. A partir de agora o plano há-de ser sempre IR.”

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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