Na Tua Palavra |
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D. Nuno Brás
O “lado certo” do progresso
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Ouvimos muitas vezes a expressão: “precisamos de estar do lado certo do progresso”. É uma daquelas frases que se dizem, com a qual todos parecem concordar, mas na qual poucas pessoas pensam. Que significa, ao certo, isto de estar do “lado certo” do progresso?
A história que fomos aprendendo mostra-nos, habitualmente, o lado dos vencedores. São eles que fazem a história e a escrevem. E, deste modo, habituaram-nos a pensar que a história é, inevitavelmente, “progressista”. Quer dizer: que o ser humano se encontra “condenado a progredir”. E, assim, que “progresso” e “vitória” se confundem. Deste modo, estar do “lado certo” do progresso significa habitualmente estar do lado “ganhador”.
Mas será que isso é verdade? Será que a história, a vida dos seres humanos neste mundo, caminha inevitavelmente para o progresso? Será que todas as vitórias humanas (não apenas no campo político e militar, mas também no da ciência e em todos os outros domínios) são sinónimo de progresso? E que aqueles que são derrotados são os “conservadores” – identificados, necessariamente, com o “lado errado” do progresso?
Progredir significa que caminhamos em direção a alguma coisa ou a alguém; significa que temos uma meta (andar sem rumo não é progredir). Que meta temos nós no caminho da história?
Para um crente, essa meta é clara: é Deus, e não pode ser de modo diferente (deixaria de ser crente). E nós, cristãos, sabemos que Deus tem um nome e um rosto humano (de contrário, deixaríamos de ser cristãos): é Jesus de Nazaré, alfa e omega, princípio e fim, mas também centro da história, que a divide em antes e depois. Progresso é tudo o que nos torna mais semelhantes a Jesus. Retrocesso é tudo o que nos afasta dele.
Mas será que podemos coincidir com os não-crentes em alguma coisa acerca da noção de progresso? Claro que podemos e devemos coincidir no ser humano (Jesus, em quem Deus e Homem coincidem, é o ponto mais alto a que o ser humano pode chegar). Progresso é tudo o que ajuda o ser humano a ser mais humano: a desenvolver todas as suas capacidades e potencialidades, tendo em conta que somos extremamente complexos e que não podemos medir o nosso progresso simplesmente a partir de uma dimensão, económica ou científica que seja. Tudo o que nos faz menos humanos não é progresso mas retrocesso. Mesmo que traga consigo uma grande descoberta científica ou uma grande inovação técnica.
Somos um todo. Não nos basta desenvolver apenas uma das nossas capacidades: não nos basta ter ao dispor muitos instrumentos técnicos; nem viver com muito dinheiro; nem poder deslocar-nos de uma ponta a outra da terra em apenas um dia. Progresso tem que significar progresso em humanidade.
E não nos podemos esquecer que progresso significa também que todos os seres humanos do mundo inteiro têm acesso a essa “maior humanidade”. Sem excepção. Porque se assim não for não é propriamente “progresso”.
E isto não tem nada a ver com “vitória” (muitas vezes traz mesmo consigo o sabor amargo da derrota).
Estar do “lado certo” do progresso, com certeza. Mas apenas se isso significar estar do lado do homem – o mesmo é dizer: estar do lado de Deus.
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