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Paquistão: jovem cristã em risco de vida por recusar converter-se ao Islão
Amor maior
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Poderia ser apenas o enredo de um romance de cordel. Infelizmente, aconteceu mesmo no longínquo Paquistão. Uma jovem recusou uma proposta de casamento que a obrigaria a ter de mudar de religião, a ter de renunciar ao Cristianismo e a converter-se ao Islão. Binish Paul disse que não e Taheer Abbas atirou-a do telhado do segundo andar de um prédio. Agora, por causa das lesões que sofreu, nunca mais conseguirá andar…


No Paquistão, as propostas de casamento são um assunto muito sério. Que o diga Binish Paul. Esta jovem cristã, estudante, de apenas 18 anos, há muito que imaginava o dia em que um príncipe encantado iria arrebatar o seu coração para serem felizes para sempre. O que ela nunca poderia saber é que a sua primeira história de amor iria colocá-la entre a vida e a morte, iria deixá-la com marcas para o resto da vida. Os dias de Binish eram semelhantes aos de qualquer jovem estudante da sua idade. Apesar de ser oriunda de uma família muito humilde de Karachi, Binish frequentava a escola e era o orgulho dos seus pais. Talvez ela conseguisse, com os estudos, ser a primeira da família, em gerações, a superar o estigma da pobreza. Talvez ela conseguisse, com os estudos, ser alguém na vida. Mesmo sendo cristã. Todos sabem como os Cristãos são perseguidos no Paquistão. A pobreza, em si, é já uma ofensa à dignidade das pessoas. No Paquistão é pior. Os Cristãos e as outras minorias religiosas são relegados para planos secundários na sociedade, são vítimas de violência, são maltratados e, normalmente, ninguém os protege. Nem a polícia, nem os tribunais. Ninguém.

 

Dia 22 de Agosto

O passado dia 22 de Agosto irá ficar marcado para sempre na vida de Binish Paul. Foi nesse dia que Taheer Abbas, furioso com mais um “não” à sua proposta de casamento, a atirou violentamente do telhado de uma casa, com a altura de um segundo andar, para o meio da rua. Felizmente, não morreu. Os pais da jovem, alertados para o que tinha acontecido, chamaram a polícia, mas os agentes recusaram fazer qualquer relatório. Também no hospital o caso foi tratado com criminosa negligência. O director clínico recusou também emitir o relatório médico necessário para documentar os ferimentos sofridos na queda, para que o caso pudesse seguir para a justiça. Binish não morreu, mas ficou paralisada. Nunca mais poderá andar. Mas a sua história não acaba aqui.

 

Lei da Blasfémia

Os pais de Taheer Abbas foram a casa de Binish e ameaçaram toda a família de que seriam acusados de blasfémia caso avançassem para tribunal. No Paquistão, a Lei da Blasfémia – em que as ofensas ao Alcorão ou as injúrias ao Profeta são punidas com prisão perpétua ou pena de morte – é usada e abusada vezes sem conta para atacar pessoas oriundas das minorias religiosas, muitas vezes para resolver disputas pessoais, vinganças ou conflitos de vizinhança. Normalmente, basta haver uma acusação relacionada com a Lei da Blasfémia para alguém ser logo acusado. Os próprios tribunais estão muitas vezes condicionados pela opinião pública e por grupos radicais que querem fazer justiça pelas próprias mãos.

 

Serviço a Deus

No entanto, as ameaças aos pais de Binish não foram suficientes. Com a ajuda de Tabassum Yousaf, um corajoso advogado cristão, o caso seguiu para o tribunal que ordenou ao hospital um relatório pormenorizado sobre as ofensas corporais sofridas pela jovem. Com base nesse relatório, a polícia foi obrigada a prender Taheer Abbas. A história de Binish é um exemplo trágico de como a comunidade cristã está tão indefesa no Paquistão. Tabassum Yousaf explicou à Fundação AIS que as ameaças são permanentes. Ele próprio tem sofrido pressões. “Muitas pessoas têm medo porque a comunidade muçulmana ameaça violar ou matar as mulheres das famílias” acusadas de blasfémia. “No Paquistão, é difícil haver justiça quando se pertence a uma minoria religiosa”, explica Yousaf. Muitas dessas pessoas são tão pobres e incultas que nem sequer sabem que têm, à luz da lei, os mesmos direitos que os muçulmanos. Por isso, Tabassum Yousaf, o advogado de Binish, ofereceu-se para defender a jovem cristã. Apesar das ameaças. Fê-lo gratuitamente, como um serviço. “Estou a prestar este serviço a Deus e à minha Igreja”, diz-nos o advogado. O que ele não conseguirá fazer é que Binish volte a andar. Ela que recusou, para não abandonar o Cristianismo, a proposta de casamento do jovem muçulmano. Ela que disse “não” por um amor maior.

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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