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Roma
“O importante é descobrir aquilo que o Senhor espera de nós”
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O Papa Francisco dirigiu uma vídeo-mensagem à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Panamá 2019. Na semana em que refletiu sobre o último Mandamento, o Papa celebrou Missa e almoçou com milhares de pobres e recordou as vítimas do massacre na República Centro Africana. Francisco e Bento XVI mostraram-se preocupados com a multiplicação de “novos direitos”.

 

1. O Papa Francisco dirigiu-se aos jovens de todo o mundo, convidando-os à “revolução do serviço”. “Há muitos jovens, crentes ou não crentes, que, no final dum período de estudos, mostram desejo de ajudar os outros, fazer algo pelos que sofrem. Esta é a força dos jovens, a força de todos vós, que pode transformar o mundo; esta é a revolução que pode desbaratar os poderes fortes desta terra: a revolução do serviço. Para colocar-se ao serviço dos outros não basta estar pronto para a ação, é preciso também entrar em diálogo com Deus, numa atitude de escuta, como fez Maria. A partir deste relacionamento com Deus no silêncio do coração, descobrimos a nossa identidade e a vocação a que nos chama o Senhor. O importante é descobrir aquilo que o Senhor espera de nós e ter a audácia de dizer ‘sim’”, refere o Papa, numa vídeo-mensagem para a JMJ no Panamá, divulgada pela Santa Sé, na quarta-feira, 21 de novembro. Para o Papa, “responder afirmativamente a Deus é o primeiro passo para ser feliz e tornar felizes muitas pessoas”. “Queridos jovens, tende a coragem de entrar, cada um, no próprio interior e perguntar a Deus: ‘Que quereis de mim?’ Deixai que o Senhor vos fale, e vereis a vossa vida transformar-se e encher-se de alegria”, garantiu.

Na véspera da publicação da vídeo-mensagem foi apresentado o programa da viagem apostólica internacional do Papa a este país centro-americano para participar na JMJ. Francisco parte de Roma na quarta-feira, 23 de janeiro, às 9h35 locais, rumo ao aeroporto internacional Tocumen do Panamá, numa viagem com a duração prevista de 12h55. Na quinta-feira, dia 24, após os encontros oficiais e com os Bispos, às 17h30 locais tem lugar a cerimónia de acolhimento e abertura da JMJ. Na sexta-feira, 25 de janeiro, a liturgia penitencial vai ser celebrada com jovens reclusos e à tarde haverá a via-sacra com os jovens da JMJ. Sábado, 26, é dia da vigília, no Campo São João Paulo II, e a Missa conclusiva da JMJ decorre no Domingo, 27 de janeiro, às 8h00 locais. O regresso ao Vaticano acontece no dia seguinte, com a chegada prevista para as 11h50 locais.

 

2. O Papa refletiu sobre o último Mandamento. “Com o último Mandamento, o percurso apontado pelo Decálogo atinge o seu objetivo final: o coração do homem. Todos os mandamentos têm como finalidade assinalar a fronteira da vida, isto é, o limite para além do qual o homem se destrói a si mesmo e ao próximo, arruinando a sua relação com Deus. O último Mandamento ensina que todas as transgressões nascem duma raiz interior comum: os desejos maus. É em vão que alguém pensa corrigir-se a si mesmo, sem o dom do Espírito Santo. É preciso abrir-se a uma relação com Deus, na verdade e na liberdade: só assim os nossos esforços podem dar fruto. Bem-aventurados aqueles que tendo reconhecido os próprios desejos maus, com um coração arrependido e humilhado, se apresentam diante de Deus e dos homens, não como justos, mas como pecadores. As últimas palavras do Decálogo fazem-nos reconhecer como mendigos da misericórdia de Deus, o único que pode curar o coração”, referiu o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, dia 21, na Praça de São Pedro.

 

3. Na Missa celebrada no II Dia Mundial dos Pobres, uma iniciativa que começou no contexto do Ano da Misericórdia, o Papa Francisco lembrou que todos os cristãos devem procurar “viver a fé em contacto com os necessitados”, explicando ainda que tal “não é uma opção sociológica, uma moda de um pontificado, mas sim uma exigência teológica”. Francisco recusou depois limitar a noção de pobreza à de falta de recursos financeiros, elencando uma lista de outros pobres. “O grito dos pobres: é o grito estrangulado de bebés que não podem vir à luz, de crianças que padecem a fome, de adolescentes habituados ao fragor das bombas em vez de o ser à algazarra alegre dos jogos. É o grito de idosos descartados e deixados sozinhos. É o grito de quem se encontra a enfrentar as tempestades da vida sem uma presença amiga. É o grito daqueles que têm de fugir, deixando a casa e a terra sem a certeza dum refúgio. É o grito de populações inteiras, privadas inclusive dos enormes recursos naturais de que dispõem. É o grito dos inúmeros Lázaros que choram, enquanto poucos egoístas se banqueteiam com aquilo que, por justiça, é para todos”, elencou. O Papa almoçou, depois, com um grupo de cerca de três mil pobres, no Vaticano.

 

4. O Papa Francisco lembrou as vítimas do recente massacre na República Centro Africana. “Cheio de dor, tomei conhecimento da tragédia que ocorreu há dois dias num campo de deslocados na República Centro africana, onde foram mortos também dois sacerdotes. Rezemos pelos mortos e feridos e para que cesse todo o tipo de violência neste amado país que tanto necessita de paz”, apelou o Papa, na oração do Angelus, no passado Domingo, 18 de novembro. Francisco pediu ainda “uma oração especial para todos os atingidos pelos incêndios que flagelam a Califórnia e agora também pelas vítimas do gelo na costa dos Estados Unidos”.

 

5. No arranque do Simpósio Internacional ‘Direitos fundamentais e conflitos entre direitos’, organizado pela Fundação Ratzinger-Bento XVI e pela Universidade Lumsa, em Roma, foram lidas duas cartas, de Bento XVI e de Francisco. Numa rara intervenção, o Papa emérito considera importante que se fale explicitamente da “multiplicação dos direitos” e do risco “da destruição da ideia de direito”. Trata-se de “uma questão atual e fundamental para tutelar as bases da convivência da família humana”, escreve Bento XVI. Por sua vez, Francisco recorda a proximidade dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem e como este documento deve “remover os muros de separação que dividem a família humana para favorecer o desenvolvimento humano integral”.

Na entrega do ‘Prémio Ratzinger’, considerado o Nobel da Teologia, à teóloga alemã Marianne Schlosser, que se tornou a segunda mulher a receber o galardão, o Papa Francisco afirmou, no sábado, dia 16, que é preciso reconhecer “cada vez mais” o contributo das mulheres na investigação teológica e no ensino da teologia, áreas consideradas durante muito tempo como “territórios quase exclusivos do clero”.

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