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Roma
“Se o Natal se reduzir a uma bela festa tradicional será uma ocasião perdida”
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O Papa Francisco lembrou que a festa do Natal está próxima. Na semana em que o Vaticano pediu aos bispos que vão participar na cimeira de fevereiro para se encontrarem com as vítimas de abusos, o Papa divulgou a Mensagem para o Dia da Paz, pediu a abolição da pena de morte e abençoou imagens do Menino Jesus.

 

1. O Papa Francisco convidou a não pôr “de lado o Festejado” do Natal. “A festa do Natal está próxima; mas há o perigo de errar a festa. Se o Natal se reduzir a uma bela festa tradicional, no centro da qual estamos nós e não o Deus Menino, será uma ocasião perdida. Não ponhamos de lado o Festejado, como sucedeu no primeiro Natal, quando Jesus «veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam». Qual é então a festa de Natal que agrada a Deus? Para descobrir os gostos de Deus, precisamos de olhar como foi o primeiro Natal. Foi um Natal cheio de surpresas, obrigando Maria e José a ajustarem as suas vidas; mas a maior das surpresas aparece na noite de Natal: o Filho do Altíssimo é um bebé; o Verbo de Deus, a Palavra divina é um infante, ou seja, «incapaz de falar»; não vieram acolher o Salvador as autoridades do tempo, mas simples pastores que guardavam os rebanhos de noite. Quem o teria imaginado? Mas Natal é celebrar o inédito de Deus, ou melhor, um Deus inédito, que subverte os nossos planos e expetativas. Celebrar o Natal é acolher na terra as surpresas do céu. O Natal deu início a uma nova época onde a vida não se programa, mas se doa, onde se deixa de viver para si mesmo segundo os próprios gostos, a fim de se viver para Deus e com Deus, porque Ele é Deus connosco. Este ano teremos Natal se, como José, dermos espaço ao silêncio; se, como Maria, soubermos dizer a Deus: «Eis-me aqui»; se, como os pastores, sairmos dos nossos recintos para ir ter com Jesus; se, como Jesus, nos aproximarmos de quem está sozinho. Amados irmãos e irmãs, feliz Natal, cheio das surpresas de Jesus! Estas poderão parecer incómodas, mas são os gostos de Deus”, salientou o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, 19 de dezembro.

 

2. O Vaticano fez um pedido aos presidentes de todas as conferências episcopais, no âmbito do encontro com o Papa, de 21 a 24 de fevereiro, para debater os abusos sexuais na Igreja: que se encontrem com as vítimas dos abusos nos seus países antes do encontro no Vaticano, refere uma carta enviada pela Santa Sé aos participantes, que foi divulgada na passada terça-feira, 18 de dezembro. “Os organizadores pedem aos participantes que se encontrem com as vítimas dos abusos nos seus próprios países antes de virem à reunião de fevereiro. É uma forma concreta de pôr as vítimas em primeiro lugar e de conhecer o horror do que viveram”, explicou o porta-voz do Papa, Greg Burke, salientando que “o encontro sobre a proteção de menores na Igreja vai centrar-se em três temas principais: prestação de contas, assunção de responsabilidade e transparência”.

 

3. Na Mensagem para o Dia da Paz, a 1 de janeiro, o Papa criticou os líderes nacionalistas que culpam os migrantes pelos problemas existentes nos países de destino e que, assim, fomentam a desconfiança na sociedade em busca de ganhos desonestos e políticas xenófobas. “Os discursos políticos que tendem a culpar os migrantes de todos os males e a privar os pobres de esperança são inaceitáveis”, escreveu Francisco, na mensagem intitulada ‘A boa política está ao serviço da paz’.

Os tempos correntes são “marcados por um clima de desconfiança, enraizado no medo dos outros, de estranhos ou na ansiedade sobre a sua segurança pessoal”, defende ainda. Tal desconfiança é percecionada também “ao nível político, em atitudes de rejeição ou formas de nacionalismo que colocam em questão a fraternidade de que o nosso mundo globalizado tanto precisa”, aponta também. O Papa lembra ainda a necessidade de os decisores políticos encararem a política como um “serviço à coletividade humana”, sob pena de se tornar num “instrumento de opressão”. “A política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição”, escreveu Francisco. “A função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo”, prossegue o Papa, apontando que, se assim for, “a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade”.

 

4. No dia em que cumpriu 82 anos, a 17 de dezembro, o Papa Francisco pediu a todos os Estados que continuam a aplicar a pena de morte que “adotem uma moratória com vista à abolição desta forma cruel de punição”. Francisco fez este apelo num discurso aos membros da delegação da Comissão Internacional contra a Pena de Morte, com a qual se reuniu, numa audiência privada. Na mensagem, o Papa convidou todos os Estados que, apesar de não terem abolido a pena de morte, não a aplicam, a “continuar a cumprir este compromisso internacional”. Francisco lembrou ainda que na nova formulação do Catecismo da Igreja Católica a aplicação da pena de morte é “inadmissível” em qualquer caso. “Ninguém pode tirar a sua vida ou a esperança da sua redenção e reconciliação com a comunidade”, insistiu.

Ainda neste dia, o Papa recebeu, em audiência, a diretora-geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), Audrey Azoulay, que destacou no Twitter a “receção calorosa” de Francisco e a sua disponibilidade para apoiar a organização. “O Papa reafirmou o seu apoio à UNESCO e, de modo particular, partilhou a nossa visão holística da educação, que coloca um grande enfoque nas humanidades”, revelou.

 

5. O Papa Francisco abençoou as imagens do Menino Jesus que centenas de crianças levaram ao Vaticano, no passado Domingo, 16 de dezembro, desafiando todos a viver o “verdadeiro Natal”. “Jesus é bom, Jesus é terno, Jesus é humilde. Este é o verdadeiro Natal, não se esqueçam disso”, declarou, após a recitação da oração do Angelus. Francisco dirigiu-se às crianças de Roma, convidando-as a fixar o olhar, diante do presépio, na figura do Menino Jesus, para sentirem “espanto”. “É um sentimento mais forte, é mais do que uma emoção comum, é ver Deus, o espanto, o espanto pelo grande mistério de Deus, feito homem”, precisou o Papa, deixando votos de “alegria” e de “paz” para todos.

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