Missão |
Catarina Costa e Tiago Veiga, dos Leigos para o Desenvolvimento
“O amor ao próximo traduz-se em como vivemos todos os dias”
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Catarina Costa nasceu a 7 de abril de 1986, em Leiria. Tiago Veiga nasceu a 20 de janeiro de 1986 e é natural de Sesimbra. Conheceram-se na formação do GAS Tagus e casaram em Setembro de 2015. Em 2016, partiram em missão para São Tomé e Príncipe com os Leigos para o Desenvolvimento.


Catarina conta-nos que “as duas experiências de investigação na Faculdade de Farmácia de Lisboa e em Florença, em Erasmus, foram muito enriquecedoras e interessantes, mas ajudaram-me a perceber que a minha vocação estava, não no trabalho de laboratório, mas no contacto direto com as pessoas e que só assim poderia valorizar as minhas competências e sentir-me realizada. É por isso que, atualmente, estou a estudar para me tornar Health Coach, com o objetivo de ajudar cada pessoa a se tornar uma melhor versão de si própria. Este caminho foi sendo consolidado e confirmado ao longo da minha vida por algumas experiências que considero terem sido pessoalmente marcantes. Aos oito anos tive a minha primeira experiência de voluntariado, ao passar a fazer visitas semanais a uma senhora, que ‘adotei’ como avó aquando duma visita organizada pela catequese, num lar de terceira idade. Durante 12 anos também fiz parte do Coro Infantil de Ourém, do qual recordo a dedicação do maestro, trabalhando voluntariamente para aquele grupo há 36 anos, e contribuindo para a formação de gerações de jovens. Igualmente, o contacto com missionários capuchinhos, amigos de família, que com o seu exemplo e relatos, foram criando em mim o bichinho de um dia ir também em Missão, contribuir para melhorar a vida de outros e aprender com o contacto com novas culturas. Finalmente, após um susto de saúde provocado por um falso diagnóstico, percebi que o futuro é incerto e que os sonhos não se devem adiar. Por isso, entrei no fim de 2012 na formação do Grupo de Acção Social do Tagus (GASTagus), com o objetivo de realizar uma missão de curta duração. Vivi aqui um dos melhores anos da minha vida, numa caminhada intensa de auto conhecimento e trabalho em grupo e em que voltei a incluir o voluntariado de base semanal na minha rotina. Por fim, a cereja no topo do bolo foi uma missão na cidade da Batalha, estado do Piauí, Brasil, em Agosto de 2013”.

 

“Foi o meu papel abrir-lhe o caminho cá para fora”

Tiago diz que, por ter passado a sua infância junto ao mar (em Sesimbra) sempre se questionou “sobre a nossa pequenez perante tamanha infinitude, questão à qual só comecei a dar a devida atenção em 2009, quando iniciei a minha primeira atividade de voluntariado, na Terra dos Sonhos, como membro de uma das equipas responsáveis por realizar os sonhos de crianças com doenças crónicas ou em fase terminal. Depois, ao passar a morar permanentemente em Lisboa, podia participar em outras atividades e foi assim que, no fim de 2010, entrei no Grupo de Acção Social do Tagus (GASTagus) para participar na caminhada de formação para as suas missões de curta duração. Este foi, seguramente, um dos passos mais marcantes em toda a minha vida, não só pela missão em si mas, principalmente, por todo o ano de caminhada em que aprendi a descobrir o que de mais profundo há em mim e a partilhá-lo com os outros à minha volta. Essa caminhada culminou com uma missão de um mês na cidade de Sobral, estado do Ceará, Brasil em Agosto de 2011. A grande sensação de identificação com este projeto levou-me a ficar ligado durante mais dois anos, enquanto orientador de novas caminhadas, tendo efetuado mais duas missões de curta duração, desta feita como responsável por uma equipa de novos voluntários, primeiro novamente no Sobral, Brasil, em 2012 e na ilha de São Nicolau, Cabo Verde, em 2013. Tendo como objetivo inicial mudar o mundo, acabei por perceber que após este tempo foi o meu mundo que acabou mudado e a forma como olho à minha volta. Para além disso, foi no GASTagus que conheci a Catarina, com quem casei em Setembro de 2015, e que tem sido a minha companheira de aventuras. Antes de a conhecer já estava em mim plantada a ideia de fazer uma missão de longa duração, pois em cada missão de curta duração sentia que a nossa marca era muito reduzida e que uma imersão total na realidade local exigia de mim uma maior dedicação temporal. Apesar de inicialmente ela não estar muito recetiva à ideia acontece que a mesma estava também plantada no seu coração e foi o meu papel abrir-lhe o caminho cá para fora”.

 

“A nossa família é o Mundo”

Quando conheceu o Tiago, Catarina achou que estava “a namorar um inconsciente”, uma vez que “namorávamos há pouco tempo quando ele partilhou comigo que tinha o sonho de fazer missão em família… uma coisa era usar o mês de férias para fazer uma missão, outra era largar tudo e partir em família. Perguntei-lhe, alarmada, como é que ele pensava sustentar a família e dar formação aos filhos, deixando os empregos. Respondeu-me calmamente que era um sonho, que não me sabia dar todas as respostas. Mais tarde, após a minha missão de curta duração no nordeste brasileiro, percebi que um mês era muito pouco, que nos mudava muito mais a nós, voluntários, que à população no terreno”. Três dias após regressarem da lua-de-mel, Catarina e Tiago foram à primeira reunião dos Leigos para o Desenvolvimento (LD). “Já íamos identificados com o tipo de trabalho para o desenvolvimento que os LD fazem e bastante certos de que era aquele o nosso caminho. Todo o ano de formação cimentou em nós esta certeza e um grupo de pessoas com quem muito aprendemos e crescemos neste caminho. Foi assim, com grande alegria, que demos o nosso ‘sim’ aos LD e recebemos o seu ‘sim’ à nossa partida em missão. Com total liberdade, fomos enviados em Setembro de 2016 para a missão de Porto Alegre, no sul da ilha de São Tomé”, partilham. Quando regressaram a Portugal realizaram outros sonhos antigos “como caminhar 800 km até Santiago de Compostela e viajar durante três meses e meio pela Ásia (com um epílogo final para visitar a missão LD no Niassa, Moçambique). Um ano depois do regresso da missão LD iniciámos uma nova missão, a da parentalidade com a chegada do Duarte. Esperamos ensinar-lhe a ele e aos outros filhos que desejamos, se vierem, que a nossa família é o Mundo e que o que partilhamos com os outros não nos deixa com menos, na verdade, enriquece-nos de amor, relações, vivências, trocas culturais e aprendizagens!”

Tiago conclui partilhando que “olhando para trás percebo que toda a vontade inicial em mudar o mundo e ser uma parte ativa na luta contra as desigualdades levaram-me, acima de tudo, a mudar-me a mim próprio. Concluo que o mundo não muda se não mudarmos o nosso interior e o amor ao próximo se traduz em como vivemos todos os dias. Aprendi que viver em simplicidade é um imperativo que nos aproxima cada vez mais da nossa essência e de todos quanto sofrem da injustiça da desigualdade. Viver como cristãos é viver uma missão permanente, humildes e agradecidos com o que temos mas dedicados com os nossos propósitos. Procuro perceber como viver em missão também na minha vida profissional”.

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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