Liturgia |
Os Padres da Igreja ao ritmo da Liturgia
«Tudo é vazio e supérfluo sem a caridade»
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Agora vemos como num espelho e de maneira confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade. (1 Cor. 13, 4-7.12-13)

 

São Clemente de Roma, Papa e mártir, foi o terceiro sucessor de Pedro no governo da Igreja de Roma, no final do século I. Na sua Carta aos Coríntios, 50, 1-3.5.7, para restabelecer entre eles a paz e a concórdia, escreveu:

Vede, queridos, quão grande e admirável o amor que não há expressão para a sua sublimidade. Quem será capaz de ser encontrado no amor, senão os que Deus julgar dignos? Supliquemos, portanto, e imploremos a sua misericórdia, para que possamos viver no amor, irrepreensíveis, sem qualquer parcialidade humana. Todas as gerações, desde Abraão até aos nossos dias, passaram, mas aqueles que foram tornados perfeitos no amor habitam, pela graça de Deus, na morada dos homens piedosos, os quais se manifestarão aquando da visita do reino de Cristo. … Caríssimos, somos bem-aventurados se cumprirmos os mandamentos de Deus na concórdia do amor, para que, mercê do amor, nos perdoe os pecados. … Esta é a bem-aventurança que se operou nos que Deus elegeu, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Ámen.

(Cl. CPG 1001; PG 1, 199-328; SCh 167; Clemente Romano. Carta aos Coríntios [ed. I. Lamelas], 133-135)

 

Santo Ireneu, bispo de Lião (França), nasceu cerca do ano 130. Foi educado em Esmirna, tendo sido aí discípulo de S. Policarpo, bispo dessa cidade. Escreveu várias obras para apresentar a fé católica e denunciar os erros dos gnósticos. Segundo a tradição, recebeu a palma do martírio cerca do ano 200. No seu escrito Contra as heresias, IV, 12, 2, referiu:

O Senhor ensinou que este é o primeiro e maior mandamento e o segundo é o amor ao próximo e que toda a Lei e os profetas dependem destes dois mandamentos. … Paulo também diz que a caridade é o cumprimento da Lei e enquanto tudo o resto desaparece, permanecem a fé, a esperança e o amor, e o amor é o maior de todos; e o conhecimento sem o amor de Deus não é nada, nem o entendimento dos mistérios, nem a fé, nem a profecia: tudo é vazio e supérfluo sem a caridade. A caridade torna o homem perfeito e quem ama a Deus é perfeito neste e no outro mundo; porque nunca deixaremos de amar a Deus, mas quanto mais o contemplaremos tanto mais o amaremos.

(Cl. CPG 1306; PG 7, 437-1224; SCh 100**)

 

Santo Agostinho, bispo de Hipona e doutor da Igreja, nasceu em Tagaste (África) no ano 354. Depois de uma juventude conturbada, converteu se à fé cristã e foi baptizado em Milão por Santo Ambrósio no ano 387. Eleito bispo de Hipona, durante trinta e quatro anos foi perfeito modelo do povo que lhe estava confiado. Morreu no ano 430. No seu extenso Comentário aos Salmos, 35, 14, expôs:

Inebriar-se-ão na abundância de tua casa. Não sei bem que coisa grandiosa nos promete. Ele quer dizer, e não diz. Não pode, ou nós é que não somos capazes de entender? Ouso dizer, meus irmãos, mesmo a respeito das línguas e corações dos santos, pelos quais a verdade nos foi anunciada, não se poder formular, nem cogitar o que eles anunciavam. É grandioso e inefável. Também eles viram parcialmente, em figura, como diz o Apóstolo: Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Assim se exprimiam os que viam em figura. Como seremos nós, quando virmos face a face o que eles concebiam no coração, mas não podiam formular de maneira que os homens pudessem entender? … Teu cálice inebriante, como é excelente! Com este cálice inebriaram-se os mártires… Não vos admireis; estavam ébrios… Sejamos, pois, irmãos, filhos dos homens, e esperemos à sombra das asas de Deus, e inebriemo-nos na abundância de sua casa.

(Cl. CPL 283; PL 36, 67; CCL 38; NBA 25)

 

Foto: Fileira de mártires - Pormenor do mosaico da nave central da Basílica de Santo Apolinário o Novo, Ravena, Itália (séc. VI)

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