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Jornada Mundial da Juventude, no Panamá
“Jovens são o agora de Deus”
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O Papa Francisco pediu aos jovens para não adiarem os planos que Deus tem para cada um, assegurando-lhes que eles “não são o futuro”, mas o “agora” de Deus. Foi na Missa de envio da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorreu no Panamá, de 23 a 27 de janeiro.

 

“Vós, queridos jovens, não sois o futuro, mas o agora de Deus. Ele convoca-vos e chama-vos, nas vossas comunidades e cidades, para irdes à procura dos avós, dos mais velhos; para vos erguerdes de pé e, juntamente com eles, tomar a palavra e realizar o sonho com que o Senhor vos sonhou. Não amanhã; mas agora! Pois, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração e, aquilo que vos enamora, conquistará não apenas a vossa imaginação, mas envolverá tudo. Será aquilo que vos faz levantar de manhã e incita nos momentos de cansaço, aquilo que vos abrirá o coração enchendo-o de maravilha, alegria e gratidão”, apontou o Papa, na sua homilia, na Missa de envio da JMJ, no Panamá, na América Central.

No Campo São João Paulo II, perante milhares de jovens, incluindo cerca de 300 portugueses, Francisco convidou a juventude à missão. “Senti que tendes uma missão e apaixonai-vos por ela, tudo dependerá disto. Poderemos ter tudo; mas, se falta a paixão do amor, faltará tudo! Deixemos que o Senhor nos faça enamorar!”, pediu Francisco, reforçando: “Irmãos, o Senhor e a sua missão não são um ‘entretanto’ na nossa vida, qualquer coisa de passageiro: são a nossa vida!”.

 

Um Deus “próximo e real”

Sobre o Evangelho daquele Domingo, que narra uma passagem em que Jesus se levanta para ler na sinagoga de Nazaré e os seus conterrâneos se mostram incrédulos, o Papa alertou que, também hoje, se corre o risco de fazer o mesmo. “Nem sempre acreditamos que Deus possa ser tão concreto no dia-a-dia, tão próximo e real, e menos ainda que Se faça assim presente agindo através de alguém conhecido, como um vizinho, um amigo, um parente. Nem sempre acreditamos que o Senhor nos possa convidar a trabalhar e meter as mãos na massa juntamente com Ele no seu Reino de forma tão simples, mas incisiva”, apontou.

Referindo que “não é raro comportarmo-nos como os vizinhos de Nazaré, preferindo um Deus à distância: magnífico, bom, generoso, mas distante e que não incomode”, Francisco destacou o rosto amigo de Deus. “Um Deus próximo no dia-a-dia, amigo e irmão pede-nos para aprendermos proximidade, presença diária e, sobretudo, fraternidade. Ele não quis manifestar-Se de modo angélico ou espetacular, mas quis dar-nos um rosto fraterno e amigo, concreto, familiar. Deus é real, porque o amor é real; Deus é concreto, porque o amor é concreto”, disse o Papa, na celebração em que foi anunciado Lisboa como o local da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2022.

 

“Em generosidade, ninguém O pode vencer”

Antes de deixar o Panamá, o Papa Francisco encontrou-se com os voluntários da JMJ, agradecendo-lhes a generosidade e os sacrifícios para estarem presentes, garantindo que Deus não deixará de retribuir. “Sempre que adiamos um gosto nosso pelo bem dos outros, especialmente dos mais frágeis, ou das nossas raízes como são os nossos avós e idosos, o Senhor no-lo devolve na proporção de cem por um. Porque, em generosidade, ninguém O pode vencer; no amor, ninguém O pode superar”, assegurou Francisco, no encontro que decorreu na tarde do dia 27 de janeiro, no Estádio Rommel Fernández. A missão dos voluntários, acrescentou, sobrepõe-se às suas próprias fraquezas. “Aqui está a maravilha de nos sentirmos enviados, a alegria de saber que, apesar de todos os inconvenientes, temos uma missão a cumprir. Não deixemos que as limitações, as fraquezas e mesmo os pecados nos bloqueiem e impeçam de viver a missão, porque Deus chama-nos a fazer o que podemos e a pedir o que não podemos, sabendo que o seu amor nos agarra e transforma progressivamente. Se colocares em primeiro lugar o serviço e a missão, verás que o resto vem por acréscimo”, observou o Papa, destacando ainda a importância do diálogo com Deus: “A oração dá espessura e vitalidade a tudo o que fazemos. Rezando, descobrimos que fazemos parte duma família maior de quanto possamos ver e imaginar. Rezando, ‘abrimos o jogo’ à Igreja que nos apoia e acompanha do Céu, aos santos e santas que nos apontaram o caminho, mas sobretudo ‘abrimos o jogo’ a Deus”.

 

“Um abraço de Portugal”

Antes da sua intervenção, Francisco escutou o testemunho de três voluntários, incluindo o de uma portuguesa, Maria Margarida Patrocínio, da Paróquia de Torres Vedras, que fez questão de transmitir ao Papa “um abraço de Portugal”. Esta jovem não esqueceu a notícia de que Portugal vai receber a próxima Jornada Mundial da Juventude, assegurando que “Lisboa e o rio serão de novo um horizonte de fé e de esperança”. “Temos sempre connosco o sucessor de Pedro, é verdade. Mas quando em 2022 rezarmos em Lisboa em todas as línguas e pediremos para sermos confirmados na nossa fé por Sua Santidade o Papa Francisco, sabemos que viveremos um momento único de graça, que desde já agradecemos”, referiu Maria Margarida, antes de ir cumprimentar o Papa.

 

Fotos oficiais da JMJ Panamá 2019

www.flickr.com/panama2019/albums

 

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Vigília: “A salvação, que o Senhor nos dá, é um convite para participar numa história de amor”

Na Vigília da JMJ, na noite de sábado, 26 de janeiro, o Papa garantiu aos jovens que a vida que Jesus quer dar é muito diferente daquilo a que esta geração está habituada. “Essa vida não é uma salvação suspensa na nuvem à espera de ser descarregada, nem uma nova aplicação para descobrir ou um exercício mental fruto de técnicas de crescimento pessoal. Nem sequer um tutorial com o qual apreender as últimas novidades. A salvação, que o Senhor nos dá, é um convite para participar numa história de amor, que está entrelaçada com as nossas histórias; que vive e quer nascer entre nós, para podermos dar fruto onde, como e com quem estivermos”.

No Campo São João Paulo II, Francisco apresentou depois Nossa Senhora como modelo para os jovens. “Foi assim que surpreendeu Maria, convidando-a para fazer parte desta história de amor. Sem dúvida, a jovem de Nazaré não aparecia nas redes sociais de então, não era uma ‘influencer’, mas, sem querer nem procurá-lo, tornou-se a mulher que maior influência teve na história. Maria, a ‘influencer’ de Deus. Com poucas palavras, soube dizer ‘sim’, confiando no amor e nas promessas de Deus, única força capaz de fazer novas todas as coisas”, destacou o Papa.

  

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Via-Sacra: “Ser uma Igreja que favoreça uma cultura que saiba acolher, proteger, promover e integrar”

O Papa defendeu uma cultura de acolhimento e integração dos migrantes e criticou quem olha para o estrangeiro como “portador de mal social”. Na Via-Sacra da JMJ, realizada no final da tarde de dia 25 de janeiro, no Campo de Santa Maria la Antígua, no Panamá, Francisco pediu ao mundo que siga o exemplo e coragem da Mãe de Jesus. “Como Maria, queremos ser Igreja que favoreça uma cultura que saiba acolher, proteger, promover e integrar; que não estigmatize e, menos ainda, generalize com a condenação mais absurda e irresponsável que é ver todo o migrante como portador de mal social”, declarou o Santo Padre, perante milhares de jovens, pedindo-lhes que combatam a “apatia”, o “imobilismo” e o “conformismo”, e que não virem a cara a quem está em dificuldades, numa sociedade que “consome e se consome, que ignora e se ignora na dor dos seus irmãos”.

 

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Milhares de jovens receberam o Papa no Panamá. Após visita de cortesia ao presidente, Francisco encontrou-se com as autoridades, o corpo diplomático e representantes da sociedade, lembrando que os jovens querem dos responsáveis políticos “uma conduta que demonstre que o serviço público é sinónimo de honestidade e justiça”.

 

Ainda no dia 24, no encontro com os Bispos da América Central, na igreja de São Francisco de Assis, o Papa exortou os prelados a “roubar” os jovens à rua, antes que “a cultura de morte, ‘vendendo-lhes fumo’ e soluções mágicas, se apodere e aproveite da sua imaginação”. “São rosto de Cristo para nós”, apontou.

 

Na cerimónia de acolhimento e abertura da Jornada Mundial da Juventude, no dia 24 de janeiro, no Campo Santa Maria la Antígua, o Papa Francisco convidou os jovens a serem “verdadeiros mestres e artesãos da cultura do encontro”, questionando-os: “Querem ser construtores de muros ou de pontes?”.

 

“Cada um de nós é muito mais do que os rótulos que nos dão”. Esta foi a mensagem que o Papa deixou, dia 25 de janeiro, aos reclusos do Centro Correcional de Menores Las Garzas de Pacora, onde vivem cerca de 150 jovens. Francisco confessou reclusos e criticou a “murmuração e bisbilhotice” que “esmaga e condena”.

 

Na Missa com os sacerdotes, consagrados e movimentos de leigos, na manhã do dia 26, onde dedicou o altar da Catedral-Basílica de Santa Maria la Antígua, o Papa alertou para o “cansaço da esperança”, convidando a fazer como Jesus. “‘Dá-Me de beber’ é aquilo que pede o Senhor e é o que Ele nos pede para dizer”.

 

O Papa almoçou, dia 26, em ambiente familiar, com um grupo de 10 jovens que participou na JMJ: cinco rapazes e cinco raparigas, de diferentes nacionalidades, representando os cinco continentes. Foi no Seminário Maior de São José, onde depois rezou na capela e saudou os seminaristas, encorajando-os a servir sempre o Senhor.

 

Após a Missa final da JMJ, no dia 27, o Papa visitou o lar Bom Samaritano, que acolhe jovens em situação de risco e pobreza, assegurando: “Estar aqui é tocar o rosto silencioso e materno da Igreja”. Para a casa funcionar, é preciso “pedir ao Senhor que nos conceda a graça de aprender a ter paciência, aprender a perdoar-nos”.

 

No encontro com os voluntários, o Arcebispo do Panamá, D. José Domingo Ulloa Mendieta, agradeceu ao Papa o seu exemplo e assegurou as orações dos jovens pelo sucessor de Pedro. “Conte com a oração desta juventude”, garantiu. Seguiu-se a cerimónia de despedida, no Aeroporto Internacional do Panamá, e a viagem para Roma.

textos por Diogo Paiva Brandão; fotos por JMJ Panamá 2019
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