Missão |
Andreia dos Santos Pereira, Grupo Missionário Ondjoyetu
“Vi a força de Deus a trabalhar em pleno”
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Andreia dos Santos Pereira tem 25 anos, é natural de Alcobaça e formada em Serviço Social. É membro do Grupo Missionário Ondjoyetu e, em Outubro de 2017, partiu em missão por seis meses para Angola.

 

Andreia diz que nasceu “com o desejo de tornar o mundo um lugar melhor” e que se formou em Serviço Social “com o objetivo de poder dar voz aos mais marginalizados e mostrar que todos trazemos ensinamentos para oferecer ao mundo, independentemente do estatuto, da visibilidade ou da posição que cada um ocupa na sociedade. Acredito que Deus nos concebeu a cada um de nós com um enorme propósito de vida, cabe-nos a nós saber utilizar os nossos dons para mostrar o quanto cada um de nós é importante neste mundo”.

 

A cada encontro o bichinho fica a fervilhar

Desde pequena que conheceu o trabalho dos missionários “através de revistas e jornais, todo o trabalho que faziam pelos mais pobres era fascinante para mim, desejava um dia poder ter a mesma filantropia, aquela generosidade genuína de partir pelos que mais precisam e assim cresci com esta sementinha no coração. Fiz todo o percurso catequético, integrei o grupo de jovens, fui acólita e também catequista, durante alguns anos não estive tão ativa na vida cristã, mas a fé foi sempre o fio condutor da minha vida. Quando terminei a licenciatura, senti que chegara a hora de partir. Integrei o Grupo Missionário Ondjoyetu e, a partir daí, comecei a fazer a preparação para partir em missão durante três meses!”. Considera que “uma boa preparação é essencial para garantir o bom desempenho da missão” e conta-nos: “Durante o tempo da preparação pude ouvir inúmeros testemunhos sobre o Gungo e participar em diversas atividades missionárias. Durante este tempo consciencializei-me de todo o trabalho que um missionário pode fazer sem sair de dentro do país, muitas vezes sem sair sequer da rua onde mora. Comecei a despertar o verdadeiro sentido do missionário, missionário não é apenas aquele que parte para fora, que leva Deus a quem não o conhece, ser missionário significa também amar os que já são evangelizados, os desprezados, respeitar aqueles que não são de acordo com os nossos ideais e ajudá-los a despertar para a grandiosidade do amor de Deus, e de preferência, sem usar muitas palavras como sugeriu São Francisco de Assis. Durante a preparação, frequentei também os encontros de formação da FEC, estes encontros foram mágicos e muito importantes na minha jornada, encontramos pessoas com a mesma vontade de partir e pessoas que já partiram e nos preparam para as diferentes realidades que nos esperam, ouvimos testemunhos de missionários que partiram para os quatro cantos do mundo! E a cada encontro o bichinho fica a fervilhar ainda mais cá dentro! Foi durante um destes encontros que senti um desejo muito especial, já não queria partir por três, mas sim por seis meses! Esta decisão foi difícil para a minha família, mas eu sentia tranquilidade, na certeza que Deus nos guia pelo caminho correto”.

 

“Twapandula Gungo”

Sobre a sua experiência de missão, conta-nos na primeira pessoa: “Parti no dia 18 de Outubro de 2017, juntamente com o Nuno, um irmão de coração agora, e connosco o senhor João, senhor dos seus 70 anos, e já com alguns trilhos missionários calcados. À chegada esperavam-nos o Padre David Nogueira, também conhecido por MCGIVER e a Mana Teresa, natural do Gungo, que faz parte do Staff da missão já á cerca de oito anos. A missão foi um dos maiores presentes que Deus me concedeu, foi tão gratificante poder estar seis meses junto de um povo que não tem nada, mas que oferece tanto! Tanto amor, tanta alegria, tanta fúria de viver! Percebi junto deles o quão abençoados somos, por termos tanto. Por haver um sistema que nos obriga a ir á escola, por haver hospitais com água canalizada, por haver alcatrão nas estradas evitando que 50 km de estrada demorem seis horas de viagem. A adaptação ao ritmo de vida Angolano foi fácil e divertida, os dias foram todos preenchidos por uma imensa alegria, companheirismo e interajuda. Cada amanhecer acordava com promessas de novos desafios, desde os físicos aos emocionais. Num instante os banhos a balde, o ‘acartar água’, a falta de meios de comunicação e o uso das latrinas, já faziam parte dos nossos hábitos, bem como as lavras feitas com bois, ou com geringonças alternativas bem ‘engenhocadas’ pelo nosso Padre David. A minha tarefa mais desafiante enquanto missionária, foi sem dúvida a prestação de cuidados de saúde, aqui despertei para uma realidade que era completamente nova para mim, ao início pouco entendia de cuidados médicos, mas com a ajuda da mana Teresa, que aprendeu imenso com todos os médicos missionários que já passaram na missão, recebi imensas alegrias a cuidar da saúde do povo do Gungo. Foi aqui que vi a força de Deus a trabalhar em pleno, quando vi por exemplo, queimaduras graves ficarem saradas apenas com vaselina, ou o caso de um menino com 3 meses, que perdeu a sua mãe e ficou aos cuidados de uma tia que não amamentava há dois anos e conseguiu voltar a ter leite materno. Claro que não correu sempre tudo como desejávamos, infelizmente somos muito pequeninos para ajudar tantos casos, mas trabalhamos e rezamos para que futuramente tenhamos cada vez mais e melhores condições para ajudar o nosso povo. Aprendi durante todo este tempo, sobretudo, a ser mais grata pelo dom da vida. Regressei com o coração cheio da alegria do povo, o sorriso genuíno das crianças, a sensação de que há tanto por fazer… O maior desafio agora é tolerar uma sociedade que está tão cheia de tudo, que já não dá valor a nada, e saber que noutro lado do mundo vive gente que não tem nada, e que dá valor a tudo. Agradeço a todos que fizeram da minha missão uma missão comum, a missão não pertence só a quem parte, mas também a todos os que cá ficam! Twapandula Gungo! (Obrigado)”.

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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