Na sua primeira Visita Pastoral como Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Daniel Henriques desafiou a Paróquia de Santo Eugénio a ser “imagem de Jesus”. O prelado convidou ainda a comunidade cristã a “sair em missão” e, aos jovens, procurou motivá-los para a Jornada Mundial da Juventude, que a diocese recebe em 2022.

“Somos cristãos porque somos de Cristo. Nós, cristãos, devemos, cada vez mais, ser imagem de Jesus”, sublinhou D. Daniel Henriques, na homilia da Eucaristia vespertina de sábado, 23 de fevereiro. Na igreja paroquial de Santo Eugénio, numa celebração integrada na Visita Pastoral, o Bispo Auxiliar de Lisboa alertou para “as más companhias”, convidando os cristãos a estarem “com pessoas que ajudam a crescer”. “Jesus convida-nos a estarmos cada vez mais unidos a Ele, para sermos semelhantes a Ele. Quando vimos à Missa, quando escutamos a Palavra de Jesus, quando procuramos com toda a sinceridade viver na nossa vida aquilo que escutamos, quando comungamos Jesus, vamo-nos tornando cada vez mais semelhantes a Ele. Quase sem pensar, vamos começando a ter as atitudes de Jesus, as reações de Jesus, o olhar de Jesus, a Palavra de Jesus, porque alimentamo-nos d’Ele”, observou.

Nesta celebração, o prelado convidou os cristãos a rezarem e amarem os ‘inimigos’, tal como referia o Evangelho daquele Domingo. “Quando alguém nos magoa ou nos diz algo que ofende, só podemos trazer paz ao nosso coração seguindo o caminho que Jesus nos indica: rezar por essa pessoa. Rezar significa sempre desejar o bem no íntimo do meu coração. Ao rezar, encontramos a paz, o coração vai acalmando e somos capazes de amar essa pessoa”, frisou D. Daniel Henriques, na Paróquia de Santo Eugénio.

“Que ninguém fique à margem”

A saída em missão foi também a tónica do encontro que o Bispo Auxiliar manteve na noite de sexta-feira, 22 de fevereiro, com os grupos da Evangelização: catequistas, Alpha, Preparação para o Crisma de Adultos e Estudo Bíblico. “O Senhor não permite que nós fiquemos fechados nos nossos caminhos humanos. Para isso, há aqui um fazer-se ao largo, indo para águas profundas, não ficando à margem”, convidou D. Daniel Henriques. No salão paroquial, numa noite que foi também de oração com estes grupos, o prelado sublinhou que “Deus é capaz de transformar tudo”. “Que Deus nos ajude a sermos uma comunidade evangelizadora, missionária. Não porque tem muita confiança nas suas potencialidades e possibilidades, mas porque de facto o Senhor é quem opera. Que ninguém fique à margem, que ninguém fique indiferente a este convite do Senhor”, desejou o Bispo Auxiliar de Lisboa.

Presença viva da Igreja

O pároco de Santo Eugénio faz um balanço “muito positivo” da Visita Pastoral de D. Daniel Henriques, que decorreu de 19 a 24 de fevereiro. “Foi uma visita que passou por todos os grupos paroquiais, por todas as pessoas que quiseram encontrar-se com o senhor bispo. Manifestaram, acima de tudo, um grande apreço não só pela presença do senhor bispo, mas também pela atividade que se vai concretizando em cada dia nesta comunidade paroquial. É, portanto, um balanço bastante agradável e foi um sinal e uma presença muito viva da Igreja nesta zona do Bairro da Encarnação e Olivais Norte”, começa por referir, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o padre Vasco Oliveira.

Presente nesta paróquia da Vigararia Lisboa II desde 2011, este sacerdote sublinha que “entre a comunidade cristã de Santo Eugénio não havia memória” de uma Visita Pastoral. “Terá sido, eventualmente, a primeira vez que esta paróquia recebeu a Visita Pastoral. Mesmo as pessoas mais idosas não tinham qualquer memória de uma visita anterior”, assinala. Foi também a primeira vez que o padre Vasco Oliveira, enquanto pároco, recebeu a Visita Pastoral. “A presença do bispo junto dos padres é uma forma muito importante de nós, pastores nas comunidades, não nos sentirmos isolados, vamos dizer assim. É estimulante também para nós, porque nos ajuda a ter uma outra perspetiva que habitualmente, na correria do dia-a-dia, se calhar acabamos por não ter”, reconhece, destacando “o diálogo que se cria entre o bispo e o pároco”. “É um encontro particular, que nos ajuda, que nos abre perspetivas”, reforça.

Missão

Da Visita Pastoral à Paróquia de Santo Eugénio, o pároco destaca “o jantar convívio partilhado”, na noite de sábado, 23 fevereiro, que reuniu “muita gente” no salão paroquial. “Foi uma maneira de acolher e saudar, de forma generalizada e não apenas em termos de grupos, a presença do senhor bispo. As pessoas corresponderam com muita alegria e satisfação”, refere o pároco, sublinhando as palavras deixadas pelo Bispo Auxiliar de Lisboa à comunidade cristã: “O senhor bispo insistiu muito na ideia da missão, mesmo com os grupos que têm pessoas mais velhas, e deixou-lhes uma palavra de estímulo. A alguns grupos menos participados, convidou a não se resignarem com isso e a andarem para a frente, procurando continuar a sua missão. Foi muito agradável para todos”, conta o padre Vasco.

Aos jovens, segundo o pároco de Santo Eugénio, D. Daniel Henriques procurou motivá-los para a Jornada Mundial da Juventude, que Lisboa vai acolher em 2022. “Quer aos escuteiros, quer ao grupo de jovens, o senhor bispo chamou-lhes à atenção para esta realidade tão próxima daqui da casa deles, a JMJ, e para começarem, desde já, a trabalhar nesse sentido e não deixarem passar a oportunidade, de acordo, aliás, com o apelo que o senhor Patriarca fez”, revela o sacerdote.

Novas presenças na comunidade

A Paróquia de Santo Eugénio foi criada no final dos anos 50 do século passado, desanexando-se da Paróquia de Santa Maria dos Olivais. “O senhor D. Daniel encontrou uma paróquia ainda com muita vida. Antigamente, toda esta zona eram quintas e a paróquia foi criando a sua própria dinâmica a partir da construção do Bairro da Encarnação, que depois foi crescendo e está agora numa fase de uma grande renovação, porque as gerações vão-se alterando”, expõe o pároco. O desafio, segundo o padre Vasco Oliveira, é “puxar por estas presenças novas na comunidade para a comunidade cristã no seu concreto”. “Tornar os casais novos em presença cristã nesta comunidade”, deseja o pároco de Santo Eugénio, a primeira paróquia da Vigararia Lisboa II a receber a Visita Pastoral.

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Entrevista a D. Daniel Henriques

“Visita Pastoral deu-me uma especial alegria”

No final da sua primeira Visita Pastoral enquanto bispo, que balanço faz aos dias vividos na Paróquia de Santo Eugénio?

Enquanto balanço pessoal, a Visita Pastoral a Santo Eugénio foi algo que me deu uma especial alegria, principalmente pela proximidade com as pessoas e com o seu pároco. Tive a minha vida um pouco facilitada, porque fui pároco em Torres Vedras e, o ano passado, recebemos a Visita Pastoral na vigararia e tive de a preparar, enquanto pároco e vigário, e está tudo muito fresco, ainda. Eu não conhecia a Paróquia de Santo Eugénio, senti uma comunidade bastante envelhecida – que é um traço um pouco comum às paróquias –, mas ao mesmo tempo com grupos juvenis bastante ativos, com a catequese, os escuteiros. Portanto, uma comunidade que procura alicerçar-se na fé e que vive, de facto, o Evangelho. Com muitos desafios, naturalmente, em especial o de ser cada vez mais uma paróquia em saída, missionária. Nas minhas intervenções, foquei precisamente isso, procurando saber e questionando sobre até que ponto os grupos da paróquia têm esta preocupação de sair das suas próprias fronteiras e não ser uma comunidade fechada sobre si própria. Penso que há essa preocupação, há essa consciência, mas que depois, um pouco como em todas as paróquias, não é algo de fácil concretização.

A Visita Pastoral é um desafio espiritual forte para um bispo?

Sim, a presença do bispo nas paróquias não é apenas para visitar, no sentido de constatar e dar uma palavra, mas é também muito o rezar com as pessoas. Tive a preocupação de estar em todas as celebrações, de rezar o terço com as pessoas. Outro cuidado particular do bispo é o pároco, ver se ele está bem e o seu estado de ânimo, físico e espiritual. Depois destes dias, senti-me muito interpelado a rezar por aquela comunidade. De facto, uma Visita Pastoral ajuda-nos a rezar pela própria realidade da Igreja diocesana, das paróquias e dos seus padres.

Que paróquia encontrou, em Santo Eugénio?

Santo Eugénio é uma paróquia da cidade, mas com características muito próprias, precisamente pelo seu ambiente de bairro, apesar de também já se estar a sentir uma transformação profunda. Não é uma paróquia numa zona de grande densidade populacional, tem muitas vivendas, e muitas pessoas ligadas à comunidade paroquial. Passei por todos os grupos da paróquia, desde movimentos como a Legião de Maria, a Conferência Vicentina, até aos grupos de catequese e os escuteiros, reuni-me com os catequistas, com os dirigentes do CNE, com a liturgia. Com os jovens, no Domingo à tarde, e também com os escuteiros, na véspera, procurei interpelá-los fortemente para a Jornada Mundial da Juventude, que vai ser mesmo muito próxima da paróquia, que, certamente, vai estar muito envolvida.

Qual a importância de o bispo conhecer de perto, durante uma semana, uma paróquia?

O objetivo das visitas pastorais é que, com regularidade, o bispo possa contactar diretamente com as comunidades e passar tempo com elas. Acima de tudo, escutando, ouvindo, animando, confirmando na fé. Esse é, no fundo, o seu ministério episcopal.

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Programa da Visita Pastoral à Vigararia Lisboa II

Paróquias

Marvila e Beato: 19 a 24 de março (D. Joaquim Mendes)

Parque das Nações: 19 a 24 de março (D. Daniel Henriques)

Moscavide: 26 a 31 de março (D. Daniel Henriques)

Vale de Chelas: 26 a 31 de março (D. Joaquim Mendes)

Santa Beatriz da Silva: 2 a 7 de abril (D. Joaquim Mendes)

Portela: 2 a 7 de abril (D. Daniel Henriques)

Olivais e Olivais Sul: 9 a 14 de abril (D. Joaquim Mendes)

Encontros por Pastoral (com o Cardeal-Patriarca)

Pastoral Familiar: 8 de março, sexta-feira, 21h30, salão paroquial de Santa Beatriz da Silva

Pastoral Litúrgica: 15 de março, sexta-feira, 21h30, Igreja de Santo Eugénio

Catequistas: 24 de março, Domingo, 17h00, salão paroquial de Moscavide (Missa, às 19h00)

Pastoral Sociocaritativa: 29 de março, sexta-feira, 21h30, salão paroquial de Olivais Sul

Autarquias: 5 de abril, sexta-feira, 21h30, salão paroquial do Parque das Nações

Jovens: 14 de abril, Domingo, 15h00, salão paroquial do Parque das Nações

Encerramento

Dia 14 de abril, Domingo de Ramos, 17h00, igreja paroquial do Parque das Nações