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Tiago Godinho, Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR)
Ir ao encontro do Cristo que sofre
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Tiago Godinho nasceu a 18 de maio de 1988, em Santarém. É licenciado em Engenharia Biológica, pelo Instituto Superior Técnico. Fez várias missões com a Missão País e, em 2016, esteve três meses na Grécia, com a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR).

 

Tiago estudou em Santarém e, em 2006, veio para Lisboa estudar no Instituto Superior Técnico, onde se licenciou em Engenharia Biológica. “O que eu queria mesmo era entrar em Biologia na Faculdade de Ciências, mas 7 centésimas (!) de diferença na média final fizeram-me entrar na minha segunda opção, o Técnico. Hoje estou bastante agradecido por essas 7 centésimas, pois acho que teria sido um Biólogo bastante infeliz”, partilha. Quando terminou o curso, começou a trabalhar na EY como consultor de Gestão e diz que desde que começou que tem procurado envolver-se nas iniciativas da empresa “em prol do bem-comum”. Durante 12 anos, integrou os escuteiros em Santarém e conta-nos que este facto o marcou muito: “Deixei o CNE quando vim para a Faculdade, mas tenho plena consciência da importância que esse percurso teve na minha formação pessoal, na minha relação com os outros e com o mundo à minha volta. O meu pai ensinou-me a tocar guitarra aos 11 anos, o que tem feito parte da minha vida desde então. A minha família é bastante artística: há quem goste de tocar, há quem goste de pintar e, de maneira geral, somos todos bastante musicais. A música tem sido um hobby importante e, muitas vezes, um instrumento missionário”.

 

“Descobrir em mim novos talentos”

Sobre o seu percurso na fé, partilha na primeira pessoa: “Tive uma educação católica forte, muito incentivada pelos meus avós, e fiz o percurso completo até ao Crisma. O Crisma foi um marco muito importante do meu percurso de fé: desde esse dia que assumi que o meu compromisso de fé não podia ser apenas para mim, mas que tinha a responsabilidade de levar Cristo aos outros. Esta convicção tem-me acompanhado sempre desde então. Marcou-me muito, de 2004 a 2006, as três vezes que fui a Taizé. Relembro sempre esse tempo como aquele que me deu a conhecer o ‘Deus das coisas simples’, por oposição à noção de Igreja que tinha até aí. Isso fez-me perceber desde cedo que há várias maneiras de ser Igreja, o que viria a confirmar em 2009 quando conheci o Centro Universitário Padre António Vieira, em Lisboa, e a ordem que o gere: a Companhia de Jesus. Os anos seguintes, muito ligado aos Jesuítas, foram anos de grande fortalecimento da minha fé, e da confirmação do dever que vinha a sentir desde que fizera o Crisma. Foi em 2010 que conheci a Missão País, um movimento universitário que leva estudantes das universidades Portuguesas a fazer missão com as populações de várias localidades do nosso País. Fiz 5 missões, entre 2010 e 2014, em Cuba, Campo Maior e Castelo de Vide. Também por essa altura tive a oportunidade de fazer campos de férias católicos - primeiro com o Carraças e depois com o Camtil - o que me ajudou muito a recuperar o sentido de missão e a descobrir em mim novos talentos”.

 

Dar testemunho da vida de Cristo a partir da realidade concreta da vida”

Sobre a sua experiência de voluntariado com a PAR na Grécia, conta-nos: “No final de 2015, com a guerra da Síria e a crise dos refugiados ao rubro, surge a Plataforma de Apoio aos Refugiados. Fui assistir a uma das sessões públicas de apresentação da PAR e vim de lá a sentir um forte apelo a envolver-me na causa da ajuda aos refugiados. Nas semanas seguintes procurei ajudar a EY a envolver-se com a PAR, para colaborar nas iniciativas de apoio aos refugiados. E é assim que no início de 2016 sou convidado pela PAR para ir para a Grécia coordenar a missão de Atenas, durante 3 meses. Tenho a sorte de trabalhar para uma empresa empenhada em ter um impacto positivo na sociedade e em envolver-se nas causas que necessitam de maior ajuda. E assim, apoiado pela EY, parti para a Grécia em Junho de 2016, onde estive até Setembro. Durante estes 3 meses coordenei duas equipas de 3 voluntários portugueses e outros tantos internacionais. Estivemos em colaboração estreita com o Serviço Jesuíta aos Refugiados de Atenas e com organizações não-governamentais locais, e desempenhámos duas grandes funções: a de gerir um centro de acolhimento com cerca de 30 refugiados, na sua maioria mulheres e crianças, de várias nacionalidades; e a de participar numa escola de verão para cerca de 200 crianças de um dos campos de refugiados de Atenas. Foram 3 meses a trabalhar na recuperação da humanidade escondida por baixo dos dramas da guerra e da fuga. Foram 3 meses de caras, nomes e histórias de vida que nos fazem sentir pequeninos e protegidos, que compadeceram e me fizeram valorizar muito o nosso País, a paz e a liberdade que temos. Senti-me sempre acolhido e respeitado por todos aqueles com quem trabalhei, desde as crianças aos adultos, passando pelo próprio povo grego que nos recebeu com grande hospitalidade. Um padre jesuíta meu amigo, perto da minha partida, dizia-me: ‘Tiago, vais ao encontro do Cristo que sofre’. E é bem verdade: ali encontrei Cristo que sofria e pude, em conjunto com tantos outros voluntários que foram para a Grécia com o mesmo propósito de ajudar os refugiados, consolar e cuidar Dele, presente naquelas pessoas que encontrei. O trabalho na Grécia terminou em Setembro mas, no que fui podendo, fiz por trazer os ecos da minha experiência e de todas as histórias que vi e ouvi. Encontro na fé a alegre responsabilidade (pois não pode ser senão vivido com alegria!) de dar testemunho da vida de Cristo e de fazê-lo a partir da realidade concreta da vida.”

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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