Lisboa |
Dedicação da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda
Obra feita, mãos à obra para a missão
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Depois da igreja construída, o desafio da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda, na Vigararia de Cascais, passa por tornar a comunidade o ponto de partida da missão. Na celebração da dedicação do templo, o Cardeal-Patriarca de Lisboa assegurou que a Abóboda “ganhará muito, em termos de presença cristã e de missão quotidiana”, com a nova igreja.

 

Depois da obra feita, o desafio é agora maior: a missão. “É preciso um desassossego e ter consciência de que a missão partirá da comunidade”, referiu ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco da Abóboda, padre Miguel Ribeiro, após a dedicação da nova igreja da Abóboda. O templo, que foi dedicado no passado Domingo, 12 de maio, foi construído após 15 anos da criação da paróquia e é o resultado de um desejo de toda a comunidade. Na celebração, o Cardeal-Patriarca de Lisboa garantiu que, com este templo, todos estão “certos de que a Abóboda ganhará muito, em termos de presença cristã e de missão quotidiana, com aquilo que aqui se disser e com tudo quanto se celebrar”. “Tudo o que celebramos aqui dentro é para se expandir lá fora. Aquilo que nós sabemos em vez dos outros, é aquilo que nós sabemos para os outros. Foi assim que nos chegou também”, referiu D. Manuel Clemente, aludindo à “graça especial” da presença de uma congregação missionária na paróquia, os sacerdotes da Congregação do Espírito Santo (Espiritanos). Na dedicação da igreja, que “é uma das celebrações mais longas”, o Cardeal-Patriarca convidou os paroquianos da Abóboda a tornarem aquele lugar, “dedicado a Deus”, como “um local de onde se parte constantemente em missão”. “Aquilo que dá maior glória a Deus é fazermos o bem aos nossos irmãos que também são seus filhos. Ele está no meio de nós para se reproduzir em cada geração e agora também aqui, nesta terra da Abóboda, terra de grandes tradições cristãs, especialmente ligadas ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda e aqui, com esta sua nova igreja”, sublinhou.

Perante uma igreja cheia de fiéis, D. Manuel Clemente deu também os parabéns aos autores da construção e classificou a obra como “um espaço muito agradável, bonito, acolhedor, que transparece um espaço maior que é aquele que o próprio Deus nos cria em Jesus Cristo, no seu Espírito”.

 

Identidade paroquial

A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda foi criada a 15 de agosto de 2004. Contudo, a presença dos sacerdotes Espiritanos é mais antiga. No final dos anos 50, a zona da atual paróquia – composta por cinco locais de culto: Conceição da Abóboda, Cabeço de Mouro, Outeiro de Polima, Talaíde e Trajouce –, esteve entregue ao cuidado pastoral do padre Manuel da Costa Andrade. Este sacerdote espiritano, que permaneceu com aquele encargo durante 57 anos, encontrou uma povoação rural onde a frequência dominical era “mínima”, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE o padre Miguel Ribeiro. No entanto, “havia já uma identidade paroquial”, assegura o atual pároco. No final de 2012, o então pároco, padre Teles, adoeceu e o padre Andrade foi nomeado administrador paroquial em abril de 2013, até ao dia 11 de julho de 2013, data da nomeação do padre Miguel Ribeiro como administrador paroquial. “O padre Andrade esteve três meses como responsável principal da paróquia, ao contrário da maior parte dos 57 anos, em que foi sempre um feliz ‘número dois’. Com a criação da Paróquia da Abóboda, em 2004, o padre Andrade tinha sido nomeado vigário paroquial e assim esteve até abril de 2013”, refere o atual pároco.

 

Congregar

O padre Miguel Ribeiro chegou à Paróquia da Abóboda em 2013. Tal como os seus colegas sacerdotes anteriores, da mesma congregação, teve como desafio a missão, que passa, agora, por congregar as “várias ‘paróquias’” dentro da mesma paróquia, referindo-se aos cinco lugares de culto existentes. “Penso que com esta nova igreja, pode ficar mais fácil de se perceber essa necessidade”, atesta. A contribuir para esse objetivo está a existência de “um lugar acarinhado por todos”, o Santuário de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda. Este santuário diocesano representa “uma mãe que é o elo de ligação entre todos”. “Continuará a ser o elo de onde vamos unir as pessoas à volta de uma realidade paroquial”, assegura o pároco.

 

Momento de viragem

A Paróquia da Abóboda, na Vigararia de Cascais, é caraterizada por alguma ruralidade, “semelhante a algumas paróquias do Oeste”, mas no “contexto suburbano”, explica o pároco, que está convencido que o dia 12 de maio de 2019, dia da dedicação da igreja paroquial, vá marcar “uma viragem definitiva para essa realidade suburbana”.

O número de 100 batismos por ano é sinal de uma paróquia com muitos casais jovens, mas que, apesar disso, “tem poucas crianças na catequese em relação ao que devia haver ou poderia haver”, lamenta o padre Miguel Ribeiro. Contudo, o agrupamento de escuteiros, filiado em dezembro de 2017, veio dar um “rosto jovem” à paróquia. “Já vamos com perto de 100 elementos. Mesmo com os grupos mais tradicionais, com gente mais velha, esta é uma paróquia que tem um rosto jovem e com grande potencial para crescer. Esse também será um desafio”, aponta o sacerdote, lembrando as poucas condições que, muitas vezes, proporcionava um “desencorajamento” à participação dos pais que procuravam a igreja para batizar os seus filhos. “Tenho esperança que esta nova casa seja também um abrigo para todos”, revela.

 

Vontade inicial

A “nova casa” da Paróquia da Abóboda é um desejo que vem de há “algumas décadas”, conta um dos membros da comissão responsável pelas obras da nova igreja, Rafael Pereira. Este leigo recorda ao Jornal VOZ DA VERDADE o dia do lançamento da primeira pedra, a 7 de dezembro de em 2008. “A partir do momento em que a paróquia foi criada, houve, quase de imediato, uma tentativa de formalizar alguma coisa. Começou com uma ideia, respeitando aquilo que era a vontade inicial do padre Andrade, isto é, fazer um novo espaço de culto e um centro social. Com a vinda do padre Teles, deram-se os primeiros passos, a primeira definição, já mais concreta e projetada”, lembra este assistente social, que também é diretor técnico do Centro Comunitário de Tires.

 

Desafio arquitetónico

Após a primeira fase do projeto, que foi entregue ao arquiteto António Pedro, a responsabilidade de execução das fases seguintes foi confiada à arquiteta Catarina Soveral que, pela primeira vez, tinha ‘em mãos’ uma igreja. “Fiquei sem saber o que havia de fazer”, revela ao Jornal VOZ DA VERDADE esta paroquiana, que conheceu o padre Miguel Ribeiro quando, juntamente com o seu marido, Luís Soveral – também ele pertencente à comissão para as obras da nova igreja – foram pedir que batizasse o filho. “O padre Miguel ficou a saber a nossa profissão e, mais tarde, pediu-nos ajuda para levar por diante a segunda e terceira fase. Para ser sincera, estava a ‘anos luz’ de imaginar o trabalho que isto ia dar. Havia já muito trabalho feito pelo arquiteto António Pedro, mas houve necessidade de reajustar toda uma construção e um desejo, em função dos fundos que tínhamos e do que poderíamos vir a conseguir, tanto monetariamente, como a nível prazos”, conta esta arquiteta, sublinhando a participação da comunidade paroquial. “Todos estavam ansiosos para começar a ver isto com algum desenvolvimento e conclusão”, aponta.

Para Catarina Soveral, o principal desafio deste projeto foi o de fazer corresponder os materiais com o que se pretendia, face ao orçamento e àquilo que uma igreja deve ter. “Para mim, era tudo uma novidade. Quem vem a este espaço, vem para estar calmo. Com a utilização da madeira, procurámos dar um ar acolhedor, mas, ao mesmo tempo, dar um ar imponente”, concretiza.

 

Apoio da comunidade e autarquia

Questionado sobre como foi possível garantir financeiramente este projeto, o padre Miguel Ribeiro destaca a importância das atividades que a comunidade paroquial foi fazendo, com almoços, campanhas e peditórios especiais, mas sublinha, essencialmente, o “papel importante” da Câmara Municipal de Cascais. Se para construir a igreja, a paróquia tinha o dinheiro suficiente, para custear a quase totalidade das obras faltava garantir o apoio financeiro para as restantes infraestruturas, tais como o centro social, o centro da juventude, as capelas mortuárias ou o espaço envolvente. “O senhor presidente da autarquia disse que podíamos contar com esse apoio e foi firmado um protocolo. Neste momento, faltam-nos 30 mil euros para pagarmos a construção e não ficarmos a dever nada a ninguém”, revela, satisfeito, o pároco da Abóboda.

Para já, o desafio da paróquia passa também pela sinodalidade. No final da celebração da dedicação da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda, o padre Miguel Ribeiro anunciou uma reunião entre os membros da comunidade paroquial para que “a partir disso, a vida paroquial cresça e a evangelização cresça também”. Este desafio, que surge na linha da caminhada sinodal que decorre na diocese, é um apelo para que “as pessoas tomem a missão nas suas mãos, que sintam este lugar como seu e não uma coisa que está ao cuidado do padre X ou Y. É a partir daquilo que se vive, em termos de fé, que sai algo de bom para o mundo, onde as pessoas estão. Esse é o desafio maior”, aponta.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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