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À procura da Palavra
Ensinar e recordar
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DOMINGO VI DA PÁSCOA Ano C

“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome

vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse.”

Jo 14, 26

Partimos cedo para a Praça de S. Pedro. O céu chuvoso e nublado dos últimos dias deu lugar a um azul brilhante, com nuvens brancas de algodão que amenizam a força do sol. O anúncio dos diferentes grupos, que de tantas partes do mundo aqui confluíram, vai desencadeando aclamações. Tem um sabor único ouvir neste areópago do mundo, o nome da terra, da paróquia, do grupo que “veio a Roma para ver o Papa”. E quando “o homem vestido de branco”, que escolheu o nome de Francisco, começa a passar por entre a multidão, parando para beijar as crianças e abençoar os doentes, uma emoção percorre todos os desejam vê-lo e tocá-lo. Imagino como seriam, há dois mil anos, as multidões que desejavam ver e tocar Jesus.

Na humanidade de Jesus ressuscitado encontrarmo-nos com Deus e uns com os outros. Esse encontro manifesta-se na realidade de sermos “morada” de Deus: testemunhamos a sua misericórdia e a nossa fragilidade, o seu perdão que apaga o pecado, a sua ternura que cura as nossas feridas. Como não sentirmos esse encontro no Papa Francisco, na alegria com que tenta levar a todos o sorriso de Deus próximo, a mão afectuosa que abençoa e toca, a palavra que interpela e compromete? Como não saborear aqui a promessa do Espírito Santo que nos recorda e ensina?

Desde a Páscoa de Jesus, o Espírito nunca deixou de vir até nós. Não há lugar para o acomodamento ou a instalação na vida da Igreja. Ficar em “zonas de conforto”, em “condomínios” isolados da história e da realidade, em “seguranças” que só salvam alguns, é fechar as portas ao Espírito. A missão do Espírito de ensinar e recordar não é um trabalho arqueológico, um saudosismo de esplendores do passado, mas sim “beber da fonte”, que é Jesus Cristo, e reconhecer a sua presença no “hoje” da vida do mundo. O Espírito Santo convida-nos a viver em fidelidade e criatividade, com a memória que nos identifica, e com a ousadia que o anúncio evangélico suscita.

Por vezes acontece caminhar com que não conhecemos. Uma meta nos uniu, uma frequência nos desinstalou, e aceitámos o risco de cruzar as nossas vidas uma semana. Se “queremos ir mais longe é preciso ir com outros”, conta um dito africano. Na fonte da fé cristã está o Deus connosco que quis fazer caminho connosco, e o trajecto das nossas vidas alarga-se a todos que acolhemos. Os acasos tornam-se momentos favoráveis, “kairós” em grego, para a surpresa feliz de recebermos o Espírito Santo e nos deixarmos guiar por Ele.

P. Vítor Gonçalves (ilustração por Tomás Reis)
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