Lisboa |
Dia Diocesano da Liturgia
A liturgia é um “elemento central” da evangelização
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No Dia Diocesano da Liturgia, o Cardeal-Patriarca de Lisboa apresentou a liturgia como o centro da ação evangelizadora da Igreja. Na Igreja da Boa Nova, no Estoril, D. Manuel Clemente afirmou estar seguro de que este dia e os encontros formação litúrgica nas vigararias contribuíram para uma “melhor compreensão e vivência da liturgia” na diocese.

 

No final do Dia Diocesano da Liturgia, o Cardeal-Patriarca de Lisboa sublinhou estar convencido de que esta iniciativa, juntamente com os encontros de formação litúrgica que se realizaram, ao longo do ano pastoral, nas 18 vigararias, contribuiu para uma melhor compreensão e vivência da liturgia na diocese. “Tudo isto faz crescer a consciência de que a liturgia é um modo fundamental de participação naquilo que nos faz cristãos, que é a vida de Cristo, assim como a Palavra, a que dedicámos o ano anterior, e a caridade, no próximo ano e onde tudo isto se concretiza”, salientou D. Manuel Clemente, aos jornalistas.

Ao longo do ano pastoral, somaram-se quase 100 encontros de formação litúrgica que reuniram, entre outubro de 2018 e abril de 2019, milhares de leigos. “São ações que envolvem a diocese inteira, a partir dos seus departamentos, vigararias, paróquias, movimentos, institutos religiosos e seculares e que nos fazem crescer como Igreja de Cristo, que é isso que nós somos”, acrescentou.

 

Nova Evangelização

Na intervenção da manhã, que decorreu no auditório da Boa Nova, o Cardeal-Patriarca recordou a caminhada sinodal, na qual a Diocese de Lisboa se encontra no tempo de “receção ativa”. Depois, lembrou alguns documentos do Papa João Paulo II para apresentar a situação presente, na qual os cristãos são chamados a dar testemunho. “Na carta Encíclica ‘Redemptoris Missio’, de 1990, o Papa João Paulo II, no que diz respeito à evangelização, isto é, ao anúncio do Evangelho, apresenta-nos três situações distintas. A primeira é a missio ad gentes. Falamos de territórios, populações que não conhecem e não sabem quem é Cristo. Há muita gente no mundo que precisa deste primeiro anúncio. Depois, uma segunda situação que é a aquela que conhecemos nas nossas paróquias e que o Papa João Paulo II chama de ação pastoral da Igreja. Nesta, já houve o anúncio e, a partir desse anúncio, aconteceu aquilo que os Atos dos Apóstolos contam que acontecia com Paulo e com o seu grupo: chegavam a determinada localidade, anunciavam Jesus Cristo como vencedor da morte. Com os que acreditavam, nascia uma comunidade cristã. Essa é a segunda aceção da evangelização, a de sustentar pela Palavra, pelos sacramentos e pela caridade a vida de Cristo naquele local”, apresentou D. Manuel Clemente. Há, porém, uma terceira situação e que é igualmente a “situação atual da Diocese de Lisboa”. “Onde a ação pastoral habitual que nós desenvolvemos nas nossas comunidades não chega suficientemente e onde há muita gente para quem a fé já não é uma realidade viva, é preciso – nas palavras do Papa João Paulo II – uma reevangelização ou Nova Evangelização, que seja nova no ardor, nova no entusiasmo com que se faz o anúncio de Jesus Cristo, nova nos métodos”, sublinhou o Cardeal-Patriarca, apontando como exemplo dessa preocupação os Congressos Internacionais para a Nova Evangelização, que decorreram em várias cidades europeias, entre 2003 e 2007, entre as quais Lisboa, em 2005.

 

Liturgia deve ocupar lugar central

Para o Cardeal-Patriarca de Lisboa, a liturgia “não está ao lado da evangelização”, antes pelo contrário, “é um dos elementos centrais”. Citando a Constituição Sinodal de Lisboa, da qual se extraiu o tema deste ano pastoral na diocese, ‘Viver a liturgia como lugar de encontro’, D. Manuel Clemente afirmou que a liturgia é “um exercício espiritual, pessoal ou comunitário” que “evangeliza e é Evangelho vivo”. “É a boa notícia de que temos Deus como fonte e como meta. Não há evangelização sem que alguém perceba que agora deve dizer de si próprio o que Jesus disse de Si mesmo... Sair de Deus e voltar para Deus”, apontou o Cardeal-Patriarca, alertando para o “perigo” de o mundo “fechar-nos o horizonte, quer com desejos só nossos, quer com preocupações excessivamente nossas”. “Por isso, nesta ação litúrgica, que é ao mesmo tempo fonte e meta, com Jesus Cristo saímos do mundo e voltamos para o Pai. Depois, voltamos ao mundo, mas a partir do Pai... Não há evangelização que não nos insira neste movimento. Se não acompanhamos isto, não estamos a evangelizar.

Se não temos o centro da nossa vida na ação litúrgica, com todos os sinais do Ressuscitado que nos são dados abundantemente, não estamos evangelizados”, assegurou.

 

Espírito que motiva, sustenta e completa

Na Missa que concluiu o encontro, e onde foram nomeados 200 Ministros Extraordinários da Comunhão e seis Ministros Extraordinários das Exéquias, o Cardeal-Patriarca de Lisboa referiu que todos poderiam ter muitas razões pessoais para estarem naquela Eucaristia, mas “essas razões não chegam”. “Não estamos aqui a fazer qualquer coisa, de uma maneira qualquer. A razão de estarmos aqui, a única razão, foi-nos dita nas leituras que ouvimos. Tem um nome, que significa vento, circulação... Espírito! Porque este Espírito tem como primeira consequência a união. O Espírito Santo conduz a Igreja. Em cada uma das nossas comunidades, tudo deve começar a partir, e constantemente, da ação do Espírito. A liturgia é, por excelência, o exercício do Espírito Santo, que motiva, sustenta e completa a nossa ação. Por isso, o anseio é muito mais forte do que as nossas disposições ou predisposições”, assegurou.

 

Para continuar

No final do encontro, em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE, o diretor do Departamento da Liturgia, cónego Luís Manuel, anunciou que houve encontros formativos que contaram com cerca de 400 a 500 pessoas. “Mesmo nas vigararias mais pequenas como, por exemplo, as do centro da cidade de Lisboa, tivemos alguns encontros com 100 pessoas. Claro que foi um trabalho forte, mas muito gratificante porque teve uma grande adesão. Lançou-se muita semente e os ecos que temos pedem-nos para que isto continue, na área da liturgia ou em outras áreas da pastoral”, comentou o sacerdote, sublinhando que “faz parte da formação de um cristão celebrar a fé e entendê-la, para poder participar melhor e, acima de tudo, para poder receber, com maior consciência, a graça de Deus, que a nós chega, e o poder santificador do mistério pascal de Cristo, mediante a celebração”. Contudo, e apesar da forte adesão, o diretor do Departamento da Liturgia do Patriarcado lamenta o facto de terem existido paróquias onde se viu “um grande desinteresse” pela vivência do tema proposto para este ano pastoral na diocese. “Se o pastor incentiva, acalenta, mostra a necessidade e importância, o povo de Deus adere”, declarou.

Apesar de se estar prestes a concluir o ano pastoral dedicado à liturgia, o cónego Luís Manuel considera existir ainda caminho a fazer para “chegar a todos”, mesmo os que estão fora da Igreja. “Temos que criar uma consciência de Igreja. Muitos cristãos não têm consciência de que são Igreja, sentem-se de fora. É preciso construir comunidades vivas que percebam que têm um pastor à sua frente, em comunhão com toda a comunidade, com o seu presbitério, com o povo de Deus e que aponta caminhos”, referiu o sacerdote, que é também pároco da Sé de Lisboa.

 

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Exposição ‘Movimento Litúrgico. Concílio Vaticano II. Reforma litúrgica’

À entrada do auditório da Boa Nova onde, de manhã, decorreu a intervenção do Cardeal-Patriarca, houve ainda oportunidade para conhecer a exposição ‘Movimento Litúrgico. Concílio Vaticano II. Reforma litúrgica’, organizada pelo Departamento da Liturgia do Patriarcado. Estiveram expostas algumas vestes e outros objetos litúrgicos, utilizados pelos Papas que visitaram a cidade de Lisboa, foi possível conhecer todo o caminho feito pela Igreja, no que diz respeito à liturgia, desde o Papa Pio XII, até ao Papa Francisco, e, em especial, como a reforma litúrgica chegou a Portugal e ao Patriarcado de Lisboa. Estiveram também patentes vários símbolos pertencentes aos últimos Patriarcas de Lisboa, bem como ao atual, D. Manuel Clemente.

 

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O mistério pascal

A representação dos mosaicos que se encontram na abside da Basílica de São João de Latrão, em Roma, serviu de base aos materiais de divulgação do Dia Diocesano da Liturgia. Na explicação da obra, reproduzida numa tela, colocada no auditório da Boa Nova, o cónego Luís Manuel destacou a cruz, com pedras preciosas, que ocupa o centro da representação. “Todos os nossos sofrimentos, sacrifícios, boas ações, alegrias, são pedras preciosas na cruz redentora de Cristo”, salientou.

Segundo o sacerdote, esta obra, onde tudo flui do mistério Pascal de Cristo, é um convite a reconhecer “o poder redentor de Jesus que se atualiza nas nossas vidas em todos os sacramentos, em todos os sacramentais, em cada Domingo, em cada Páscoa semanal, anual, em tudo”. “A Igreja é este povo que tem, no seu DNA, o mistério pascal de Jesus. Somos seres pascais”, concluiu.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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