
O Papa Francisco convidou os cristãos a seguirem “uma autêntica vida litúrgica”. Na semana em que presidiu à celebração do Corpo de Deus num bairro da periferia romana, o Papa encontrou-se com os Médicos Católicos, foi a Nápoles falar do ensino da teologia e manifestou-se contra o bullying.
1. O Papa lembrou como vivia a primeira comunidade cristã de Jerusalém. “A primeira comunidade cristã de Jerusalém, nascida no dia de Pentecostes com a efusão do Espírito Santo, é o paradigma de toda a comunidade. Nos Atos dos Apóstolos, vemos que os membros dessa comunidade “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e nas orações” (2, 42). A escuta assídua do ensinamento apostólico animava-os a deixar de lado individualismos, antagonismos e divisões. Viviam como homens e mulheres redimidos: na solidariedade e na unidade, onde a partilha – não só da Palavra, mas também do pão daquilo que cada um tinha necessidade – fazia da comunidade matriz de uma nova humanidade. E, nessa estrada de comunhão e partilha com os necessitados, eram capazes de seguir uma autêntica vida litúrgica, sobretudo na Eucaristia, a fração do pão, onde a Igreja expressa a sua essência, encontrando o Ressuscitado e experimentando o seu amor. Por fim, o diálogo com Deus através da oração enchia-os de uma força que fascina e conquista muitos para a fé”, manifestou o Papa, durante a audiência-geral de quarta-feira, 26 de junho, na Praça de São Pedro.
Ainda neste dia, foi divulgada pelo Vatican News a mensagem do Papa Francisco para a 108.ª sessão da Conferência Internacional do Trabalho, que decorreu em Genebra, na Suíça, onde salientou que são necessárias “pessoas e instituições que defendam a dignidade dos trabalhadores, a dignidade do trabalho de todos e o bem-estar da terra”. “O trabalho não pode ser considerado um simples instrumento na cadeia de produção de bens e serviços, mas deve ter prioridade sobre qualquer outro fator de produção, incluindo o capital. Portanto é preciso defender o emprego e criar novos em proporção ao aumento da rentabilidade económica, bem como garantir a dignidade do próprio trabalho”, frisou o Papa.
2. Ao celebrar o Corpo de Deus na Paróquia de Santa Maria da Consolação, no Bairro Casal Bertone, na periferia romana, o Papa considerou que a Eucaristia é “uma escola de bênção”, que se contrapõe a uma cultura da maledicência. “Não nos contemos, desafogando a raiva sobre tudo e todos. Muitas vezes, infelizmente, é quem grita mais alto e mais forte, quem está mais irritado, que parece ter razão e obter consensos. Não nos deixemos contagiar pela arrogância, não nos deixemos invadir pela amargura, nós que comemos o Pão que em si contém toda a doçura”, apelou. Na homilia da celebração ao final da tarde, no passado Domingo, 23 de junho, Francisco sublinhou depois que “o verbo de Jesus não é ter, mas dar”. “No mundo, procura-se sempre aumentar os lucros, aumentar o volume de negócios… Sim, mas com que finalidade? É o dar ou o ter? O partilhar ou o acumular? A ‘economia’ do Evangelho multiplica partilhando, alimenta distribuindo; não satisfaz a voracidade de poucos, mas dá vida ao mundo. O verbo de Jesus não é ter, mas dar”, garantiu.
Da parte da manhã, no Vaticano, o Papa apelou aos cristãos para não encararem a Eucaristia como rotina. “Acolhamos a Eucaristia com gratidão e não de modo passivo ou rotineiro. Não nos devemos habituar à Eucaristia e ir comungar por ser hábito, não! Cada vez que nos aproximarmos do altar para receber a Eucaristia, na verdade, devemos renovar o nosso ‘Ámen’ ao Corpo de Cristo”, explicou Francisco, no Angelus. O Papa recordou ainda a beatificação de 14 religiosas da Ordem da Imaculada Conceição, fundada pela portuguesa Santa Beatriz da Silva. As monjas Concecionistas, “mortas por ódio à fé durante a perseguição religiosa que aconteceu entre 1936 e 1939”, foram declaradas beatas no sábado, dia 22, em Madrid. “Estas monjas de clausura, como as virgens prudentes, esperaram com fé heroica a chegada do Esposo divino. O seu martírio é um convite, para todos nós, a sermos fortes e perseverantes, especialmente na hora da provação”, declarou Francisco.
3. O Papa encontrou-se com a Federação Internacional de Médicos Católicos, a quem lembrou que curar “significa respeitar o dom da vida desde o início até o fim”. “Podemos e devemos aliviar o sofrimento e educar todos para se tornarem mais responsáveis pela sua saúde e pela saúde dos vizinhos e parentes. A cura significa respeitar o dom da vida desde o início até o fim. Nós não somos os donos: a vida é confiada a nós, e os médicos são seus servos”, observou, na audiência do passado dia 22 de junho, na Sala Reggia. Às cerca de 500 pessoas que participaram no encontro, Francisco assinalou que, nos últimos cem anos, “o progresso foi enorme”, existem novas terapias e inúmeros tratamentos a serem testados, e o “estilo de um médico católico” combina profissionalismo com “a capacidade de colaboração e rigor ético”. “Muitas vezes, a qualidade de um departamento é dada não tanto pela riqueza do equipamento, mas pelo nível de profissionalismo e humanidade. Vemos isso todos os dias, tantas pessoas simples que vão ao hospital: ‘Eu gostaria de ir ao médico, àquele médico’ – Por quê? – Porque sentem a proximidade, sentem a dedicação”, exemplificou.
4. “Sem comunhão e sem compaixão, constantemente alimentadas pela oração, a teologia não só perde a alma, mas perde a inteligência”, manifestou o Papa, em Nápoles, ao concluir o Congresso sobre a Constituição apostólica ‘Veritatis gaudium’. Num encontro promovido pela Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional, no dia 21 de junho, que reuniu cerca de mil participantes, Francisco partilhou: “Sonho faculdades teológicas onde se viva a convivialidade das diferenças, onde se pratique uma teologia do diálogo e do acolhimento”.
5. O Papa Francisco associou-se a uma maratona online contra o bullying, promovida pelo observatório juvenil da fundação pontifícia ‘Scholas Occurrentes’. “Um problema que me preocupa muito é que cada um de vós encontre a sua própria identidade, sem a necessidade de diminuir ou obscurecer a identidade dos outros”, apelou o Papa, numa mensagem divulgada através do YouTube e das redes socias, aos participantes na iniciativa ‘#StopCyberbullyingDay – 24h Scholas Talks’. Francisco reforçou que todos são chamados a seguir um caminho de “diálogo”, sem “atacar ou diminuir a identidade dos outros”. “O bullying é um fenómeno de autocompensação, autovalorização, mas não se encontrando a si próprio, antes diminuindo o outro para se sentir mais alto”, advertiu.
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José Luís Nunes Martins
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P. Manuel Barbosa, scj
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