Sofia Silva nasceu em São Paio de Oleiros, a 13 de julho de 1994. Trabalha como Assistente Social na área do acolhimento e diz-se apaixonada pelo Serviço Social. Em janeiro de 2019, partiu em missão para Angola por dois meses com o Voluntariado Passionista.
É licenciada em Serviço Social pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e Mestre em Intervenção na Infância e Juventude em Risco de Exclusão. Fez o percurso de catequese “normal” e integrou o Voluntariado Passionista (VP) em outubro de 2017. “Quando refletia sobre o meu projeto de vida, via uma Sofia em busca de evolução e sentido. Estava numa altura em que me interrogava muito sobre a fé das pessoas à minha volta, a minha própria fé que sentia que era tão grande, mas de tão difícil expressão. Sentia a necessidade de equilibrar, criar raízes fortes que me permitissem continuar a sonhar, mas me estruturassem o suficiente para aguentar os momentos de ‘chuva forte’. Estava certa que o grupo iria ser um ponto de luz, me ajudaria a construir um caminho mais consciente e fortaleceria os princípios e valores que me norteavam já há algum tempo. E não me enganei, foi no VP que encontrei forma de expressar a minha fé. Muita coisa mudou desde então. Encontrei a explicação para a pré-disposição que, há tanto, sentia em fazer determinadas escolhas, comecei a ter mais consciência do que acontece à minha volta, a ser mais confiante nas minhas decisões e a sentir-me, muitas vezes, mais segura, sintonizada e feliz”, partilha.
“Não vim transformada, vim muito acrescentada”
Em janeiro de 2019, teve a oportunidade de ir em missão para Angola, pela “necessidade que existia em organizar a biblioteca de Calumbo, o ‘Imbondeiro do Saber’, um centro de recursos que se perspetiva ser um local educativo para crianças, jovens e adultos” e conta-nos, na primeira pessoa, o que viveu neste tempo de missão: “Fora dos grandes centros de Angola, existem áreas, inclusive Calumbo, que carecem de espaços de leitura com recursos aos quais população possa recorrer para realizar trabalhos escolares, consultar livros, fotocopiar, aceder a um computador e à internet. Uma biblioteca requer a existência de livros, a sua organização e catalogação e, por fim, a inserção na base de dados. Foi esse trabalho que eu e a Bárbara desenvolvemos entre o mês de fevereiro e março! A par disso, promovemos formações de gestão emocional dirigidas aos guardas do estabelecimento prisional do Kaquila, demos aulas de inglês, visitámos as comunidades, participámos nas eucaristias e acompanhámos o dia-a-dia da família Passionista que tão bem nos acolheu. Vivemos no seminário o que nos permitiu acompanhar, de perto, o dia-a-dia dos seminaristas e conviver com as pessoas da comunidade, quer no bairro, quer aquelas que frequentavam a biblioteca. O momento de oração deles passou a ser o meu de paragem e as refeições em conjunto um momento habitual. Em Angola percebi o verdadeiro significado da palavra comunidade! Quase todos os domingos visitámos comunidades diferentes e participámos nas eucaristias. As pessoas receberam-nos muito bem e os Padres faziam, sempre, questão de nos apresentar e integrar. A diferença de temperatura é grande, é tudo diferente. Os meus pés incharam no período de adaptação e tive momentos de alegria, de sonho, de saudade. É natural para alguém que nunca ficou tão longe da família! Apesar de ser um sonho antigo meu, com o tempo, percebi que a minha ida nunca seria realmente só minha, mas partilhada! Eu não acho que o meu caminho esteja, simplesmente, escrito nas estrelas, mas tem na base um diálogo constante com Ele e com todos que o partilham comigo. Como poderia fazer sentido Ele ter um projeto de felicidade para mim sem ter falado comigo primeiro? Estar em Angola ajudou-me a conhecer-me melhor, crescer em fé e em liberdade, aceitar-me, superar-me, encontrar e confirmar a minha forma própria de estar no mundo. Permitiu-me Ser de forma tão natural que só é possível compreender, sentindo. A determinada altura achei injusto: fui com o objetivo de dar o que sou, o que sei e senti que recebi em dobro, triplo, quadruplo. Estive num pedacinho de céu! Em relação à saúde e ao medo que as pessoas têm. Eu fui picada pela mosquita e fiquei com paludismo. Equiparo o paludismo a uma gripe em Portugal que se torna um perigo se não for, devidamente e atempadamente, tratada. Para mim, a malária era um bicho de sete cabeças e, por isso, me assustou quando aconteceu. Depois de ter sido medicada, rapidamente, percebi que estava tudo bem. É importante desmistificar esta ideia, conversar sobre o paludismo antes de ir em missão. Geralmente, ao domingo, era o dia de tarde livre em que nos levavam a passear, a conhecer o mercado e outros locais de Calumbo. Construi relações de amizade fortes e bonitas e, por isso, o regresso foi tão difícil! Em relação ao regresso. Voltar foi um choque. Não pensei que a (re)adaptação a uma realidade que desde sempre foi minha fosse tão estranha. Desde a pressão deste mundo, à agitação das pessoas, a gestão do tempo, as saudades dos manos. Realidades diferentes ajudam-nos a viver com mais entusiasmo e África permitiu-me viver sensações interiores novas e tão ricas! É difícil expressar, por palavras, tudo que está dentro, mas tão fácil dizer-vos, com certeza, que O encontrei em mim e que esta missão foi uma forma da Sua expressão! De Angola... Eu posso dizer-vos que a humanidade e o sentido de comunidade e partilha que as pessoas têm é incrível! O modo como vivem a fé, as ações de carinho, de partilha, de amor que vi e vivi, fizeram desta experiência de crescimento um acrescento muito grande. Costumo dizer isso mesmo: não vim transformada, vim muito acrescentada! Angola permitiu-me viver o amor em plenitude e, por isso, deixei lá um bocadinho de mim e trouxe, comigo, um bocadinho dela”.
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