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Nigéria: a força do amor contra a força das armas dos terroristas
O segredo da Irmã Jacinta
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O norte da Nigéria vive quase em estado de guerra com os Cristãos a serem atacados com uma frequência assustadora por extremistas islâmicos. A violência terrorista tem deixado marcas devastadoras havendo aldeias que quase foram riscadas do mapa. Sobreviver a tanto horror não é fácil. No entanto, apesar das ameaças, a Irmã Jacinta encara o futuro sem medo. Qual é o seu segredo? “A fé e a confiança em Deus!”


São 17 irmãs. O convento das Irmãs Dominicanas em Gusau domina a paisagem. Não tem qualquer imponência, é certo. Trata-se de um edifício simples rodeado por um muro de tijolos. Mas é lá dentro que tudo se transforma. As irmãs, na simplicidade de quem vive para servir, são o centro da vida de toda a comunidade. Elas são também o exemplo da persistência de uma comunidade religiosa que vive ameaçada por grupos extremistas. Desde há alguns anos, especialmente desde 2009, que o grupo terrorista Boko Haram tem sobressaltado o norte e nordeste da Nigéria com ataques cada vez mais frequentes e letais contra aldeias e vilas, contra populações indefesas. À semelhança do auto-proclamado Estado Islâmico na Síria e Iraque, o Boko Haram procura impor um ‘califado’ nesta região da Nigéria. Os ataques sucedem-se a um ritmo assustador. Escolas, igrejas, paróquias, esquadras, mercados… nada nem ninguém parece escapar à violência cega destes terroristas. Nos últimos tempos, também os pastores nómadas fulani têm protagonizado uma série de ataques violentos contra agricultores cristãos, fazendo aumentar o nível de alarme em toda a comunidade.

 

Memórias assustadoras

O convento das Irmãs Dominicanas em Gusau domina a paisagem. Elas são como que o coração de toda a vida na região. A Irmã Jacinta Nwaohiri sabe, por experiência própria, o que é viver debaixo desta ameaça permanente. “A vida é muito difícil. No norte do país, os Cristãos são perseguidos e assassinados pelos terroristas do Boko Haram que querem impor a lei islâmica em toda a Nigéria”, explica a irmã. Numa recente visita à sede internacional da Fundação AIS, em Königstein, na Alemanha, a Irmã Jacinta recordou o dia em que ela própria presenciou um desses ataques. Foi de manhã. Os terroristas invadiram a sua aldeia. São memórias assustadoras de uma realidade que está presente no dia-a-dia das populações no norte da Nigéria. Os terroristas invadiram a aldeia aos tiros, queimando praticamente todas as casas. Foi brutal. E o pior é que este pesadelo ameaça repetir-se vezes sem conta. “Os ataques estão a crescer de intensidade e trazem consigo um sofrimento imensurável.” Perante esta realidade, as irmãs dominicanas em Gusau procuram ser sinal de esperança para as populações locais. O que elas fazem é extraordinário. Elas não têm pistolas nem metralhadoras, mas estão armadas com algo muito mais eficaz: o amor, a dedicação gratuita aos outros. Que fazem? Procuram ensinar. É preciso combater o medo da mesma forma que é importante ajudar a comunidade local a combater a fome, um flagelo na região agravado pelos constantes ataques dos pastores fulani contra os agricultores cristãos.

 

A única saída

Os terroristas do Boko Haram decretaram que “a educação ocidental é pecado” e por isso transformaram as escolas num dos alvos principais dos seus ataques e têm raptado centenas de estudantes, especialmente jovens raparigas. “É importante ensinar as pessoas para se ajudarem umas às outras”, diz a irmã. É isso que as dominicanas fazem: ensinam, dão confiança, explicam que contra a violência há sempre o amor. “A educação é a única saída”, diz ainda a Irmã Jacinta. A única saída para um cenário muito preocupante. De facto, a violência, com a assinatura do grupo terrorista Boko Haram ou dos pastores nómadas fulani, tem deixado marcas devastadoras. Há aldeias que quase foram riscadas do mapa. Sobreviver a esta onda de violência não é fácil. No entanto, a Irmã Jacinta encara o futuro sem medo. Qual é o segredo? É que, por causa do trabalho e do exemplo destas irmãs dominicanas, apesar da violência e do medo, as igrejas estão sempre cheias de fiéis, como se os Nigerianos desafiassem a força das armas com a força das suas orações. “A fé profunda e a confiança em Deus dão-nos a força e a vontade para sobrevivermos no dia-a-dia”, diz. Esse é o segredo que enche de esperança as populações cristãs do norte da Nigéria. A fé e a confiança em Deus. Um segredo que vale mais do que todas as balas dos terroristas.

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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