Liturgia |
Os Padres da Igreja ao ritmo da Liturgia
«Pedi e dar-se-vos-á»
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«Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!». (Lc 11, 9-13).

 

Eliseu, bispo da Igreja da Arménia, séc. V-VI, a quem se atribuem diversas homilias, entre elas esta Explicação da oração dominical (n. 7), na qual nos fala da Eucaristia.

Dá-nos hoje o pão permanente[1]. Deus dá a todos, sem que lho peçam, o pão da terra. E como podia o pão da terra chamar-se assim? Com toda a certeza, não é permanente. Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram. Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eles ouviram a palavra de Jesus, mas não puderam compreendê-la de imediato com o espírito. Então, Ele repetiu a mesma palavra uma segunda e uma terceira vez, para que mais facilmente lhes chegassem aos ouvidos e pudessem entender com a força da palavra. Disse: Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão viverá eternamente. Este é o pão que Ele nos ensina a pedir a Deus na oração como permanente.

Se prestares atenção, aquele que come este pão com pureza e se prepara para o receber como convém, não precisa do reino deste mundo. Em mãos mortais se coloca o pão imortal, e no mesmo instante essas mãos tornam-se também imortais. Todo o homem se torna espiritual, no espírito, na alma e no corpo e participa de Cristo quando come este pão. Só tem que guardar imaculado, até ao fim, o princípio da força. Já não há nenhum sofrimento terreno que possa vencê-lo... Os meus pensamentos foram santificados para a liberdade celestial, por se ter saciado com o pão imortal.

É um pão preparado para todos. A criança ganha maturidade ao recebê-lo; para o que se tornara débil pela doença, a força de Deus reside neste pão; aquele que saiu da vida deste mundo, tomou consigo, a fim de caminhar para Deus, uma vida imortal. Foi isto que Nosso Senhor nos ensinou a pedir na oração: dá-nos o nosso pão de dia em dia, não o pão da terra, mas o pão do Senhor. É claro que não se trata só do pão do céu, mas do próprio Senhor de todas as coisas, pois Ele disse: Isto é o meu corpo, isto é o meu sangue. Embora ele não possa quebrar-se, por teu amor foi partido e a ti, que estavas quebrado na tua vontade, te uniu consigo na sua divindade que não pode ser quebrada: Não abandonarás a minha alma na mansão dos mortos, nem deixarás o teu santo sofrer a corrupção. Foi crucificado na sexta-feira para quebrar a morte. No domingo reuniu os ossos separados de Adão, juntou-os entre si com imortalidade, e apareceu a muitos verdadeiramente e não apenas como uma aparência para os olhos. Um dia Ele deu-Se como pão numa grande sala no andar de cima, e sempre, desde então, se dá agora como pão nas igrejas sobre o santo altar. Primeiro provou Ele de si mesmo, depois fez-nos a todos nós comensais do sacrifício da sua paixão. Agora já não pode sofrer. Em vez disso é honrado pelos anjos e pelos homens na glória do seu Pai. E os sofrimentos de todos nós tomou-os sobre a sua divindade, que não sofre.

(Antologia 4504a-c)

 

Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa




Foto:

Símbolo eucarístico

Fresco, séc. III

Catacumbas, Roma





[1] O autor traduz pão quotidiano por pão permanente.

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