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Isilda Pegado
“Caminhada pela Vida” - Dia 26/Outubro próximo

1. Neste tempo, em que o individualismo parece imperar, apesar da destruição que gera na Sociedade, e que se torna bem visível nos debates sobre as questões do Ambiente onde muito se grita para “salvar o planeta” esquecendo que na raiz dessas questões está também o individualismo e egoísmo.

2. A Felicidade exige muito mais do que a defesa da vontade pessoal, que só será boa se atender a toda a ecologia – do humano ao animal, vegetal ou mineral. Ignorar a relação com o outro e com o meio ambiente é caminho para a destruição. Ninguém é feliz sozinho.

3. E, talvez a primeira forma de sairmos do nosso individualismo é reconhecer a existência e o valor de cada uma das pessoas que está á nossa volta. A igual valia e dignidade de cada ser humano parece ser uma verdade inquestionável. Parece, mas não é.

4. A par do princípio da Igualdade consagrado em todos os Tratados Internacionais e em quase todas as Constituições, existe uma mentalidade individualista que nega o direito a viver a quem é mais fraco e precisa de ajudas ou apoios. Há um individualismo que “julga” os outros e que os atira para a insignificância. Como tantas vezes diz o Papa Francisco tornam-se as “vidas humanas descartáveis”. São as chamadas vidas que “não faz cá nada…”.

5. Este “julgamento” surge precisamente nos dois extremos da vida – o início e o fim da vida. Os que estão para nascer não podem defender-se, porque ainda não têm voz. E por isso, rapidamente pode ser “decidido”, ou “sentenciado” o aborto. Isto é, o bebé não tem dignidade ou valor. É descartável.

O Poder ameaça alargar das 10 para as 12 semanas o tempo de gestação durante o qual o aborto é livre…Teremos mais Aborto.

6. Todos os anos cerca de 17.000 abortos “legais” são feitos em Portugal. São 17.000 vidas, por ano, a quem dizemos “não faz cá nada”. E, este ignóbil “julgamento” não é só da mãe, mas é também da família, da Sociedade e do Estado. Todos contribuímos para o “julgamento” de 17.000 humanos, que impedimos de nascer, em cada ano.

7. No outro extremo, encontramos os idosos e doentes (quase todos os idosos são doentes) a quem se pode dizer “não faz cá nada”. Este “julgamento” feito aos idosos e incapacitados que já se faz na Holanda e Bélgica, está agora anunciado em Portugal. Será mais um golpe nesta civilização do Humanismo Cristão. Do qual todos sofreremos.

8. O novo Parlamento prepara-se para aprovar a Lei da Eutanásia. Não importará a dignidade de cada pessoa, a igual condição e direitos. O que importará é saber se tem força para se opôr ao homicídio a pedido. Mas, como ter força se esta lhe vai faltando? Deixado sozinho o ser humano não sabe viver.

9. O individualismo mata mesmo, corrói o nosso coração e, no tempo, cria um mundo de múltiplas violências. Porque será que a “violência doméstica” não pára de aumentar? Não serão o aborto e a Eutanásia as primeiras e maiores violências domésticas? A cultura do “descartável” não gera novas formas de atentar contra as pessoas?

10. Há uma responsabilidade pessoal, que não pode ser ignorada. Muitas serão as formas de combater o individualismo. Para o bem de todos. Assumir publicamente estes valores é um imperativo ético que a todos deve interpelar. Queremos uma Sociedade para todos, porque é também para a defesa de cada um de nós.

11. Neste combate pela Vida Humana, por todas as vidas humanas, sai à rua, no próximo dia 26 de Outubro a “Caminhada pela Vida” em Lisboa (e em Aveiro, Porto, Viseu) desde o Chiado até ao Parlamento, para publicamente afirmarmos o valor de todas as Vidas humanas e a sua Dignidade. Para afirmar o valor da Solidariedade e da Fraternidade, e também, o valor da Família e de uma Sociedade mais justa e inclusiva, onde o Amor possa reinar.

Caminhamos pela Vida?

Vamos à Caminhada pela Vida?

 

Artigo por Isilda Pegado, Presidente da Federação Portuguesa pela Vida

Ilustração por Joana Torres Pereira/FPV