Lisboa |
Dedicação da igreja paroquial de São Brás
Um novo templo “para crescer na fé e na caridade”
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Na celebração da dedicação da nova igreja paroquial de São Brás, na Vigararia da Amadora, o Cardeal-Patriarca de Lisboa animou os cristãos a “formarem o templo de Deus no mundo”. O pároco, padre Fernando Cima, conta como o “sonho” de 36 anos foi possível ser realizado e destaca o papel dos jovens na angariação de fundos.

 

A história da nova igreja de São Brás, na Amadora, começou há 36 anos, quando a comunidade desejou ter um espaço condigno para aí poder celebrar. O “sonho” tornou-se realidade e, no passado Domingo, 13 de outubro, o Cardeal-Patriarca de Lisboa presidiu à celebração de dedicação da nova igreja paroquial, 15 anos depois de ter lançado a primeira pedra, enquanto Bispo Auxiliar. “Agora, com este templo, São Brás vai ter a oportunidade de ter um lugar condigno para louvar a Deus e para crescer na fé e na caridade”, sublinhou D. Manuel Clemente. Na homilia desta “celebração única”, o Cardeal-Patriarca reforçou a convicção de que o templo “ultrapassa a sua materialidade”. “Qual o significado da dedicação de um templo como este?”, questionou. “É o significado que Jesus lhe dá! Daqui a pouco, quando dedicar o altar, ouviremos que este altar é mais do que a pedra que estamos a ver. Acaba por ser um sinal – e um sinal cheio – do próprio Jesus que resume, em si próprio, o sacerdócio, o altar e a oferta. Os sacerdotes ofereciam coisas a Deus para, dessa maneira, conseguirem uma reconciliação com Deus; mas Jesus Cristo ensina-nos que a única coisa que Deus nos quer é a nós próprios. Aquilo que um pai quer é o nosso coração! E Jesus Cristo leva a religião a esse ponto último e completo”, afirmou D. Manuel Clemente, lembrando que, todos os cristãos são chamados a serem “pedras vivas” e “formarem o templo de Deus no mundo”. “Cada vez que aqui vos encontrardes, haveis de ouvir as palavras da tradição bíblica, concluída em Jesus Cristo, com o sentido verdadeiro do que é o templo, do que a religião há de ser como encontro de pessoas. Antes de mais, de nós todos com Deus e, depois, a partir de Deus, uns com os outros. Daqui brota uma caridade perfeita que é a própria caridade de Deus, como Jesus Cristo a vive em comunhão com o Pai e a oferece pelo seu Espírito”, concluiu o Cardeal-Patriarca.

 

Apesar das dificuldades

Em 1983, Eduardo Mouta tinha 34 anos e foi um dos elementos que “começou a comunidade de São Brás”. Agora com 70 anos (feitos na véspera da dedicação da igreja), lembra ao Jornal VOZ DA VERDADE este desejo que a comunidade “sempre teve no horizonte” de construir uma igreja. Desde esse tempo até hoje, foi possível “arranjar” a cave da escola primária, para aí celebrarem e ter catequese, mas o desejo de um templo nunca esmoreceu. No dia 12 de fevereiro de 1984, o padre Luís Maurício, então pároco da Amadora – paróquia de onde se desmembrou a nova Paróquia de São Brás, em 1998 –, celebrou a primeira Eucaristia na cave da escola primária. Meses mais tarde, o ‘Centro Católico de São Brás’ foi benzido por D. José Policarpo, então Bispo Auxiliar, e o desejo de um novo templo prosseguiu, apesar das dificuldades. “Sabíamos que a Câmara Municipal de Sintra tinha dado um terreno para a construção da igreja, mas, depois, com a mudança de município para a Câmara da Amadora, diziam que já não havia terreno. Depois de alguma insistência, deram-nos o terreno e fomos fazendo angariações de fundos para a construção da igreja”, recorda Eduardo Mouta, apontando a necessidade de um templo que respondesse também ao crescimento populacional daquela zona. “Chegámos a ter 700 crianças na catequese e não tínhamos capacidade”, refere este paroquiano.

Com o tempo, o projeto arquitetónico que foi inicialmente apresentado foi sofrendo alterações para dar forma a uma solução “mais modesta”. “Por causa da crise e do facto de o projeto ser um pouco ‘megalómano’, tivemos que ir adiando”, conta Eduardo, que revela estar a escrever um livro com a história da paróquia e que deve ser publicado no próximo ano. O objetivo, conta, é “angariar dinheiro” para o que ainda falta construir. “Só está construído metade”, lembra. “Ainda falta a segunda fase, a do centro pastoral com salas de catequese”, sublinha. O dia “memorável” da dedicação da igreja de São Brás foi, para Eduardo Mouta, uma oportunidade para recordar as palavras que teve com o antigo pároco da Amadora, cónego António Marim, quando a concretização da obra estava ainda distante. “Momentos antes da celebração começar, dei-lhe as boas vindas e ele lembrava-se das palavras que me dizia, na altura: ‘Eduardo, a igreja com que sonhas há de um dia surgir, connosco ou sem nós”. O sonho, hoje, é realidade”, afirma.

 

Jovens envolvidos

Ana Faria tem 31 anos e desde que foi viver para São Brás, há 25 anos, que ouve falar da nova igreja. “É a concretização de um grande sonho nosso. É com muita emoção que vivo esta construção e esta celebração da dedicação da igreja”, revela, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Atualmente, Ana é responsável pela pastoral juvenil na Paróquia de São Brás e não esconde a felicidade que tem ao ver que muitos dos jovens podem viver este momento tão importante. “Eles estão muito envolvidos nos projetos de angariação de fundos para a nova igreja. Esta é uma experiência nova, boa, e estão a gostar muito”, sublinha esta responsável, referindo como positiva as atividades juvenis que são oferecidas aos adolescentes que estão a completar os últimos anos de catequese. “São cerca de 60 jovens e começámos a buscá-los a partir do 7.º ano de catequese, para lhes dar atividades um pouco mais juvenis e, a partir deste ano, vamos fazer a caminhada do ‘Say Yes’, proposta pelo Sector da Catequese do Patriarcado. Temos também cerca de 15 jovens no grupo ‘pós-Crisma’ e cerca de 25 jovens vão fazer o Crisma na próxima semana”, conta Ana Faria.

 

Grande alegria

O atual pároco de São Brás, padre Fernando Cima, explica ao Jornal VOZ DA VERDADE que a concretização do projeto da nova igreja começou a “ganhar forma” há três anos, quando se deu a conhecer a maqueta. “Houve logo uma boa disposição porque, depois de tantos anos, começou-se a ver que finalmente iriamos ter uma igreja. Depois, quando mostrámos o projeto ao senhor Cardeal-Patriarca, ele incitou-nos a andar para a frente e que não tivéssemos medo. Era a casa de Deus e Deus ajudava... e o povo também!”, refere. E ajudou. “Houve os ofertórios das Missas, no primeiro Domingo do mês, um almoço comunitário, todos os meses, e através destas iniciativas as pessoas sentiram que íamos para a frente com o projeto. E os jovens também participaram muito ativamente. Desde o início que eles são parte ativa para a angariação de fundos para a igreja”, sublinha o sacerdote, de 77 anos.

Para o pároco, que está em São Brás desde 2006, a celebração da dedicação da igreja “marcou” a comunidade. “Os que vieram, não vieram por uma vontade própria, de ver a igreja, mas com vontade de participar. Estavam felizes! Foi uma multidão de fiéis que ficou muito satisfeita com a presença do senhor Patriarca e de muitos padres. Foi uma grande alegria para todos”, afirma o padre Fernando Cima.

 

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Diferentes tradições

Na periferia da cidade de Lisboa, a Paróquia de São Brás conta, segundo os censos de 2011, com mais de 26 mil habitantes. “Como quase todas as paróquias à volta de Lisboa, temos gente de todo o país aqui a morar. Vive-se a fé de maneiras bastante diferentes, conforme as tradições das suas terras”, conta o pároco, padre Fernando Cima, que tem a colaboração do vigário paroquial, padre Luís Alves, que está “encarregado” dos lugares de Casal da Mira e A-da-Beja. Assim, para além da comunidade que se reúne, habitualmente, na igreja paroquial de São Brás, o padre Fernando tem também o cuidado pela comunidade dos Moinhos da Funcheira e conta com o apoio do diácono João Paiva. Nestes dois locais de culto, em cada Missa Dominical, estão presentes, em média, cerca de 250 a 300 fiéis.

Na freguesia de São Brás – a mais populosa do concelho da Amadora –, a classe social predominante é “média-baixa”, revela o padre Fernando Cima. “As escolas estão cheias, não há falta de alunos. Há muitas crianças e muitos jovens nesta paróquia. A catequese tem cerca de 300 crianças inscritas, do 1.º ao 10.º ano. Também temos o agrupamento de escuteiros, com 120 elementos, e uma Comunidade Neocatecumenal”, salienta o sacerdote.

Quanto ao cuidado caritativo, a resposta faz-se através do Centro Social e Paroquial. “Tem a preocupação de acolher todos, mas há sempre o problema económico... Por isso, temos o acordo com o Estado para garantir as mensalidades mais baratas nas diferentes valências. Ainda na semana passada, assinámos um acordo para termos mais crianças na creche. Para além das valências destinadas às crianças, do Centro de Dia e do Apoio Domiciliário, apoiamos cerca de 200 pessoas”, conta o pároco de São Brás.

Finda a primeira fase das obras, onde ficou concluída a igreja paroquial, o salão e a capela mortuária, o padre Fernando Cima, projeta ainda o que falta fazer: o Centro Paroquial, com salas para a catequese e escuteiros. “Temos agora maior possibilidade de fazermos mais atividades pastorais. Os jovens já andam a colaborar na preparação das Jornadas Mundiais da Juventude, por exemplo. Mas vamos tentar mais...”, afirma.

texto por Filipe Teixeira; fotos por Arlindo Homem/Patriarcado de Lisboa
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