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Síria: dois cristãos, um sacerdote e o pai, assassinados por jihadistas
Resistir ao medo
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No nordeste da Síria, num ataque preciso, militantes jihadistas assassinaram um sacerdote e o seu pai. Ambos estavam envolvidos na reconstrução de casas e de igrejas na região para que o regresso dos cristãos às suas aldeias seja uma realidade. Foram assassinados na passada segunda-feira, dia 11 de Novembro. A guerra na Síria parece não ter fim à vista…

 

Quando os dois homens se aproximaram do automóvel onde circulava o Padre Hovsep Petoyan, na estrada que liga Al Hassaké a Deir Ezzor, não tiveram quaisquer dúvidas. Eram eles. No carro havia um letreiro a dizer ‘Igreja Católica Arménia’, e a roupa de Petoyan indicava claramente que se tratava de um sacerdote. Quando se aproximaram de motocicleta, os dois homens limitaram-se a disparar. No carro, além do Padre Hovsep, ia o seu pai e ainda um diácono e uma quarta pessoa, um leigo pertencente à comunidade local. Foi o único a escapar ileso. O diácono ficou ferido, tal como o padre. O pai de Petoyan morreu instantaneamente. Apesar de transportado com urgência para o hospital local, dada a gravidade dos seus ferimentos, o Padre Hovsep Petoyan também não sobreviveu.

 

Ataque do Daesh

Horas depois, como quem exibe um troféu, os jihadistas do Daesh, o auto-proclamado Estado Islâmico, reivindicaram o atentado. Na região, principalmente desde que a Turquia iniciou uma vasta operação militar para a criação de uma zona de segurança, empurrando as forças curdas para o interior do país, que o sentimento de intranquilidade é indisfarçável na comunidade cristã. A situação era já francamente grave. Piorou. Os cristãos sentem-se como que abandonados no meio de um território hostil. Horas depois do duplo assassinato, três carros armadilhados explodiam na cidade de Qamishli, também na região. Morreram sete pessoas e houve pelo menos sete dezenas de feridos. Uma das explosões ocorreu junto a uma igreja caldeia na cidade. Ninguém tem dúvidas de que os jihadistas têm um objectivo muito preciso: espalhar o terror, atacar os Cristãos.

 

Ódio sem fim

Como se não bastasse este clima intimidatório, as populações locais têm de viver num quotidiano feito de incertezas. Os cortes de electricidade são comuns várias vezes ao dia, assim como as falhas no abastecimento de água. Tudo contribui para um esvaziamento acentuado da presença cristã nesta região. Uma tendência que parece inexorável a cada dia que passa. A guerra ainda não terminou e na região continua a fazer-se sentir a presença assustadora do Daesh. Apesar disso, apesar do ódio sem fim contra os Cristãos, um dia depois do assassinato do Padre Petoyan e do seu pai, a igreja de São José, em Qamishli, estava cheia de fiéis. A comunidade local fez questão de comparecer em peso para se despedir dos seus mártires.

 

Corrida contra o tempo

O futuro é cada vez mais incerto. A ameaça terrorista continua presente. O Padre Pedoyan foi assassinado ao viajar para Deir Ezzor para acompanhar no local os trabalhos de recuperação de uma igreja destruída pelos jihadistas. Estava profundamente empenhado nessa missão. Com muita frequência viajava até lá pois tinha pressa em ver os trabalhos concluídos. O Padre Pedoyan sabia que corria contra o tempo. Se as igrejas, se as casas dos cristãos não forem recuperadas, se não houver um mínimo de estabilidade e de segurança, ninguém quererá viver por ali. É muito arriscado. Mas haverá alternativa? Os cristãos continuam a ser uma pequena minoria numa vasta região cobiçada por muitos. Em declarações à Fundação AIS, D. Boutros Marayati, Arcebispo arménio-católico de Alepo, diz que “a situação é caótica” na região. “Há os turcos, os curdos, os americanos, os russos…” E há um indisfarçável sentimento de receio de quem se sente abandonado no meio de tantos exércitos, de tantos soldados. “Os cristãos têm medo” – reconhece o prelado à Fundação AIS. “A cada novo surto de violência, muitas famílias decidem emigrar.” E dificilmente regressam. A guerra na Síria ainda não acabou. “Estamos a viver tempos extremamente difíceis”, diz D. Boutros Marayati. “Por favor, rezem por nós…” O Padre Hovsep Petoyan e o seu pai foram assassinados na passada segunda-feira, dia 11 de Novembro. Foi há pouco mais e uma semana. A guerra na Síria parece não ter fim à vista.

 

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27 DE NOVEMBRO #RedWednesday

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