Missão |
Teresa de Sousa Pinto, da Missão País e do Movimento ao Serviço da Vida
‘Vivi como freira durante um mês e gostei muito!’
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Teresa de Sousa Pinto nasceu em Lisboa em 1999. Está no último ano do curso de Gestão de Marketing, no Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM). É membro da Missão País e do Movimento ao Serviço da Vida (MSV), no Verão de 2018 esteve em missão em Atenas (Grécia) e, este ano, em Onuva, Espanha.

 

É a mais velha de sete irmãos, numa família católica. Considera que “responsabilidade e autonomia fazem parte de mim, pois ter de tomar conta de seis miúdos, pelo menos desde os 12 anos, fez-me crescer e ser quem sou”. Com 12 anos foi madrinha de batismo da irmã mais nova. Dos 12 aos 17 anos estudou no Colégio Mira Rio, onde conheceu as suas “melhores amigas, professoras que me ensinaram que estudar até pode ser divertido, padres que me acompanharam na transição do ir à missa porque é uma obrigação para ir porque quero!”. Com este colégio, recebeu o Sacramento do Crisma no 9º ano, um “momento importantíssimo na minha vida cristã, pois foi quando EU confirmei que quero ser filha de Cristo.” Foi depois para a faculdade tirar o curso de Gestão de Marketing no IPAM onde está no último ano do curso. “Desde então, faço parte da Missão País onde fiquei na comunidade do teatro no primeiro ano e no segundo fui convidada para ser chefe desta mesma comunidade. Ser chefe requer muita organização, paciência, dinâmica e capacidade para acreditar nos outros, e foi aqui que percebi a importância de um líder e o impacto que esta comunidade tem”, partilha. Diz-nos que “a Missão País não é só um voluntariado, pois se fosse chamava-se Voluntariado País, é um voluntariado Católico onde o objetivo é ajudar o próximo, independentemente da idade e das condições sociais”. Este ano vai ser chefe de oração, “um papel que requer muita responsabilidade”. Sobre o MSV, diz que conhece desde pequena porque a sua mãe foi membro. Entrou em 2017, desafiada por uma amiga. Foi responsável do Grupo de Ação e FÉ em 2018/2019. “Foi no MSV que percebi realmente que dar é, sem dúvida, receber duas ou mais vezes. Quando entrei neste movimento percebi que era necessário haver compromisso, era preciso haver coerência e um estar (expressão mais usada para descrever o MSV).”

 

“Proporcionar um pouco mais de qualidade de vida”

No verão de 2018, esteve em Atenas (Grécia) a ajudar o Projeto ELEA num campo de refugiados em Eleonas, “que proporciona um pouco mais de qualidade de vida a estas pessoas que perderam tudo e que agora pouco têm”. Este ano esteve em Onuva. Partiu por um mês com a sua irmã Carminho, com o António e com o Miguel para Sevilha, “para ajudar uma comunidade espanhola que acolhe pessoas com problemas”. Diz que foi “sem grandes espectativas, mas também sem grandes medos, pois ia com uma certeza: É Deus que quer que eu vá! Foi Ele que me pediu para ir para o meio do calor, para largar tudo e simplesmente IR.” Conta que “Onuva, ou comunidade da Mãe de Deus, é constituída por casais consagrados, sacerdotes, freiras, leigos consagrados e voluntários que vão aparecendo durante o ano. A sua missão é ajudar todos os que por diversas razões foram discriminados pela sociedade, em especial os sem-abrigo; pessoas com algum problema psiquiátrico ou psicológico e ainda pessoas que tenham problemas físicos. Conhecidas como os residentes, estão lá voluntariamente, mas porque também não tem outro sítio para onde ir. Não têm mais ninguém, vivem sozinhos, ou porque a sua família não tem possibilidades para as sustentar. São cerca de 30 residentes sendo que com as irmãs, padres e consagrados éramos aproximadamente 45 pessoas.” O dia-a-dia era dividido entre a missa e adoração ao Santíssimo, preparar e servir os pequenos-almoços aos residentes (“a única refeição personalizada que tinham e era a que me permitia ter um contacto mais próximo com todos os que precisavam”), o serviço na lavandaria onde estendiam, recolhiam e dobravam a roupa, oração da manhã (guiada pelo caderno de orações do MSV), servir o almoço aos residentes, almoço em grupo (“esta refeição era o momento em que conseguia falar mais com as irmãs. Era aqui que trocávamos histórias e riamo-nos de coisas caricatos da nossa vida”), duas horas de descanso para recarregar baterias em alguns dias (“fiquei vários dias com os residentes. Umas vezes ficava simplesmente a ouvir o que tinham para contar, outras falava só eu e noutras ainda tocava viola”), oração da tarde e regresso à lavandaria (“era preciso tirar a roupa que tinha estendido de manhã e dobrá-la”). “Como disse ao descrever o nosso dia em Onuva, o trabalho era muito backstage, era fazer no silêncio, fazer tarefas sem nos verem, não era contacto direto com os residentes, com aqueles que eu tanto achava que ia estar. Com o decorrer dos dias, com o exemplo das irmãs fui percebendo a importância destas tarefas. Sem um cameraman não há filme, sem uma encenadora não há teatro, sem uma empregada doméstica não há limpeza numa casa, e ambas são profissões, muitas vezes, realizadas sem a devida valorização. Eu era assim, eu não compreendia como é que ao lavar a loiça e a estender a roupa estava a ajudar o próximo. O que também me ajudou a não desistir quando achava que o meu trabalho era insignificante foi o facto de saber que Nossa Senhora estava sempre a olhar para mim. Eu sei que está sempre ao meu lado, mas ainda mais em Onuva, pois este projeto é d’Ela. Assim, sempre que perdia as forças parava e rezava uma Ave-maria, bastava uma e voltava, voltava a trabalhar e a sorrir. Foi um mês repleto de histórias, de aprendizagem, de oração e de trabalho, foi um mês único. Quando cheguei a Lisboa e perguntavam-me o que fiz, como foi, se gostei, etc, a primeira coisa que dizia era: ‘Vivi como freira durante um mês e gostei muito!’ A primeira reação de quem ouvia isto era rir, mas depois claro que exigiam uma explicação. E assim começavam a contar os meus dias na maravilhosa comunidade da Mãe de Deus, Onuva”, partilha.

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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