
DOMINGO II DO ADVENTO Ano A
IMACULADA CONCEIÇÃO
“Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra.”
Lc 1, 38
Como no princípio, quando “Deus percorria o jardim pela brisa da tarde e o homem e sua mulher se esconderam do Senhor Deus, por entre o arvoredo do jardim” (Gn 3, 8), continuamos a esconder-nos quando fazemos o mal. A fugir de nós mesmos, por medo, por vergonha, ou sem vergonha quando os culpados “são os outros”, e habilmente contornamos leis e valores. Sempre pela ânsia de poder, de sermos “deuses em lugar de Deus”, de ser ricos, de manipular a verdade. E lá tem Deus de andar à nossa procura e a chamar: “Onde estás? Porque te escondes de mim? Não tenhas medo, Eu quero que vivas, quero dar-te todo o amor”!
Não é esta a história da relação de Deus com a humanidade? Sempre o desejo do encontro; e tantos desencontros que provocamos! Às muitas vezes em que deixámos que Deus nos encontrasse, sucederam-se tantas outras em que nos escondemos. Até que nasceu Maria, mortal como todos nós, verdadeiramente humana, mas tão totalmente voltada para Deus que nem o pecado a desviou de estar totalmente disponível para o encontro. Não se esconde de Deus e oferece-se para que Ele se faça totalmente presente. Vai ser Mãe do Filho, tão anunciado e tão esperado. De Deus connosco, consubstancial com o Pai, Filho de Maria, consubstancial com a nossa natureza humana. Em nome da humanidade Maria responde: “Eis a serva do Senhor!”
Há um mistério imenso de amor que acontece em Maria. José Luis Martín Descalzo, num poema, vislumbra-o: “Sei que a minha alma não é minha / e sei que Tu ma deste / tão estranhamente limpa / desde a sua origem. // Que nasceu das tuas mãos / directamente / sem passar um segundo / junto à morte. // Não fui eu quem a fez / tão límpida e clara. / Só o Imaculado / cria sem mancha. // Sei que Tu pelo mundo / me vais levando / e debaixo dos meus pés / vai a tua mão. // Tua mão que limpava / quanto me toca / pois a queres bem limpa / para a tua Hora. […]. Nela se realizaram as maravilhas que Deus que realizar em nós e connosco. A sua fé ajuda a nossa fé, a sua esperança fortalece a nossa esperança, e o seu amor inspira-nos também a dizermos “Eis… Faça-se em mim”!
Quando vencemos o medo e a tristeza que o mal semeiam em nós, e estamos presentes para o encontro, Deus pode contar connosco. Quando damos tudo, os milagres podem acontecer. Quando nos descobrimos pobres, Deus pode enriquecer-nos. Quando deixamos de viver centrados em nós e nos abrimos a um projecto maior, Deus pode fazer novas todas as coisas. Não vemos o que perdemos de tanto escondermo-nos de Deus?
![]() |
José Luís Nunes Martins
A vida é uma luta constante, na qual é preciso que cada um de nós escolha com sabedoria as lutas em que entra, em que momento e com que estratégia.
ver [+]
|
![]() |
P. Manuel Barbosa, scj
1. Uma lei para matar.
Após um longo processo legislativo, que andou pelas mentes dos deputados sem...
ver [+]
|