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“Mandatados para a missão”

A Visita Pastoral à Paróquia de Algés ficou marcada pela “proximidade” e pela descoberta de muitos profissionais cristãos que, nas suas empresas, de “forma discreta”, “dão uma qualidade diferente à atividade”. Em Miraflores, no último dia da Visita Pastoral a esta paróquia, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Américo Aguiar sublinhou que “as novas gerações estão disponíveis para a missão”.

 

Foi “a primeira Visita Pastoral de sempre” para D. Américo Aguiar. Na Paróquia de Algés, na Vigararia de Oeiras, entre os dias 6 e 12 de janeiro, o Bispo Auxiliar de Lisboa ficou a conhecer de perto esta comunidade cristã, através da visita aos diferentes grupos e ficou “muito emocionado com a comunidade viva” que encontrou também fora das paredes da igreja. No último dia, o Bispo Auxiliar que está encarregue da coordenação (logística) da Jornada Mundial da Juventude em 2022, passou pelas salas de catequese onde animou os adolescentes e jovens na caminhada de preparação ‘Say Yes’, rumo à JMJ Lisboa 2022. Durante a semana, houve tempo para visitar as empresas, instituições e serviços que estão na área geográfica da paróquia. “Tem sido um testemunho muito bonito e emocionante para mim, encontrar, em tantos locais, homens e mulheres que, do seu Batismo, fazem missão discretamente”, referiu D. Américo Aguiar, na Missa paroquial, na Igreja da Santíssima Trindade, em Miraflores, no passado Domingo, 12 de janeiro. Na Festa do Batismo do Senhor, o Bispo Auxiliar enumerou alguns dos locais visitados ao longo da semana, para valorizar a entrega dos profissionais que encontrou. “Na esquadra da Polícia, encontrei homens e mulheres que fazem o melhor que podem – com qualidades e defeitos – para servir esta comunidade. Às vezes não reconhecemos o esforço, trabalho e dedicação daqueles mais de 30 homens e mulheres que cuidam da segurança desta paróquia”, lamentou. Na homilia, foram lembradas, entre outras, as visitas ao centro de saúde, a várias empresas, ao lar de idosos e à junta de freguesia. “Queremos dar graças a Deus por todos os que se disponibilizam a servir a causa pública e que se sujeitam a eleições”, prosseguiu. Da visita à Escola Secundária de Miraflores, o Bispo Auxiliar de Lisboa mostrou-se confiante com os adolescentes e jovens que encontrou, sobretudo os do ensino secundário. “Temos gente, homens e mulheres para o futuro! As novas gerações estão disponíveis para a missão”, precisou. 

No encerramento da Visita Pastoral a esta paróquia, D. Américo Aguiar lembrou o tema da iniciativa – ‘Fazer da Igreja uma rede de relações fraternas’ –, para convidar cada cristão a “ser um laço e não uma corda à solta na rede” e a olhar para o Batismo como “fonte de onde nasce a vocação”. “Como batizados, temos este mandato, esta missão”, afirmou o Bispo Auxiliar, lembrando ainda a visita que fez a casa de uma família da paróquia, com sete filhos, para desafiar os casais jovens a não terem medo de “constituir família com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 filhos e por aí fora...”. “Não nos esqueçamos que, a partir do momento em que somos batizados, somos mandatados para a missão”, concluiu.

 

Proximidade

Para o pároco de Algés, padre António Figueira, o balanço desta Visita Pastoral é “positivo”, sobretudo porque “existiu proximidade, escuta e diálogo direto com todos”. Nos grupos paroquiais, nos serviços e empresas visitadas “houve a proximidade do senhor Bispo, uma proximidade de conforto, reconhecimento, da atividade que está a ser feita. Uma presença que resultou, da parte das pessoas, de um bom acolhimento”, sublinha, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Para este sacerdote – que está na Paróquia de Algés desde 2009, primeiro como vigário paroquial, e, desde 2016, como pároco –, a Visita Pastoral pretendeu “ir ao encontro de outras realidades” e trouxe-lhe “um ponto novo”, ao apresentar o contexto familiar que está por trás de quem trabalhada diariamente nas empresas. “Existe uma quantidade de cristãos que, de forma discreta, silenciosa, convicta, nesses mesmos ambientes, dão uma qualidade diferente à atividade. Foi positivo ver, em direto, o que significa ser ‘sal da terra’, ‘luz do mundo’ e ‘fermento na massa’”, destaca.

Outro dos frutos da visita, referidos pelo padre António Figueira, foi o de reavivar a missão de “continuar a ir ao encontro das pessoas e de forma mais premente, na fragilidade da doença”. “Os responsáveis notam que a presença do sacerdote é importante para o conforto e alento daquelas pessoas que estão doentes, mas também para quem está a atuar, nas escolas. As próprias pessoas que estão nestas profissões precisam dos seus momentos para refletir, partilhar, ter um conforto e o facto de a visita ter acontecido, durante uma semana e de forma tão intensa, é, para mim, pároco, e para todos os padres que aqui estão, um apelo a continuar e a ampliar a proximidade que vimos acontecer”, salienta.

 

Paróquia missionária

A Paróquia de Algés “vai, desde a Avenida Marginal até à A5”, e, segundo os últimos censos, tem cerca de 21 mil habitantes. Atualmente, existem duas realidades que se destacam: a baixa de Algés, mais antiga e com uma população mais envelhecida, e Miraflores, com uma construção mais recente e com muitos casais novos, com filhos. “Desde que a Igreja da Santíssima Trindade, em Miraflores, foi dedicada, a 30 de maio de 2015, tem havido uma grande assiduidade e participação na Eucaristia”, revela o sacerdote, que conta com as colaborações do vigário paroquial, padre Miguel Vasconcelos, do sacerdote indiano padre Rajesh Jeyaseelan, mas também do diácono Adelino Escudeiro e do seminarista Pedro Figueiredo, do Seminário dos Olivais.

Nos últimos dez anos, as alterações sociodemográficas fizeram-se sentir, desde logo, na catequese, com um “aumento da quantidade de crianças e jovens a participar” em Miraflores, em contraponto com “uma diminuição” em Algés. “Em relação à quantidade de leigos que participam nas atividades da Igreja, houve uma intensificação. O padre Daniel Henriques [pároco de Algés entre 2005 e 2016], agora Bispo, sempre teve uma noção essencial da paróquia como Igreja missionária e sempre praticou esta forma de estar, que é estar em proximidade com as pessoas e despertar as pessoas que recebem a fé para se tornarem testemunhas da fé. Depois, foi dando origem, ao longo do tempo, a uma quantidade, uma diversidade de iniciativas, grupos de oração, grupos de missão em que a diversidade é admirável”, analisa o pároco.

 

Identidade

O legado dos sacerdotes que fizeram parte da história da comunidade paroquial de Algés está marcado, “ainda hoje”, na vida daquela paróquia, como ficou demonstrado nos painéis com fotografias dos diversos momentos da história da paróquia e que decoraram o espaço onde foi servido o almoço no dia do encerramento da Visita Pastoral. “É um legado muito relacionado com o critério de missão, na proximidade. Mesmo olhando para Miraflores, com bairros novos e uma parte empresarial, nunca podemos esquecer que o legado que existe é um legado que nos fala do Evangelho: a predileção pelos pobres, o trabalho que foi feito nos bairros – na Pedreira dos Húngaros e não só... Qualquer um dos movimentos e realidades tem noção da sua origem, não como memória histórica, mas como uma memória de identidade. A paróquia foi criada em 1966 e ainda encontramos muitas pessoas dessa época. É um dinamismo natural, o facto de se ter presente a identidade daquilo que se está a fazer”, refere o padre António Figueira.

Apesar de os números indicarem cerca de 500 crianças e adolescentes a frequentarem a catequese, e de existirem também grupos juvenis, escuteiros, Equipas de Jovens de Nossa Senhora e movimentos e grupos vocacionados para a caridade, a aposta do pároco incide na “via do encontro pessoal, no semear tu a tu ou família a família”. “Os números devem fazer refletir, mas não devem amarrar”, considera.

 

Apoio à família

Na resposta social, que também conta com o trabalho da Conferência Vicentina, a expressão mais visível está no Centro Social Paroquial de Cristo Rei de Algés, cuja atuação está “integrada no tecido da paróquia inteira”, refere o padre António. “Queremos chamar voluntários, entre os fiéis, para reforçarem as equipas de assistência que são coordenadas pelos profissionais do centro social paroquial, e dar a conhecer as atividades e as necessidades na paróquia”, deseja o sacerdote, revelando que também estão a desenvolver “respostas diretas” no apoio às famílias. “Estamos num trabalho contínuo, de adaptação às situações”, refere.

Segundo o pároco de Algés, o grande desafio da paróquia vai passar pela atenção à família. “O que está a acontecer agora na sociedade dá-nos um grande apelo para irmos ao encontro das famílias como maior riqueza. Não há nada mais rico que a Igreja ajudar a consolidar uma família. Esse é o principal desafio para o futuro”, aponta.

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