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“Impregnar do Evangelho as nossas casas”
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O Papa Francisco convidou a fazer das casas “cenáculos de fraternidade”. Na semana em que o Papa emérito Bento XVI esteve envolto em polémica, Francisco referiu que batizar as crianças é um “ato de justiça”, chamou “mentiroso” a quem diz amar Deus sem ajudar o próximo e apelou à contenção dos EUA e Irão.

 

1. O Papa Francisco desafiou os cristãos a dar seguimento à “corrida do Evangelho pelo mundo”, iniciada por São Paulo. Na catequese da audiência-geral de quarta-feira, 15 de janeiro, Francisco comentou o fim da narrativa dos Atos dos Apóstolos, para lembrar que esta “não acaba” com o martírio de São Paulo. “Esta conclusão contem e recapitula todo o dinamismo da Palavra de Deus, uma palavra irrefreável na sua corrida para levar a salvação a todos”, afirmou, na Sala Paulo VI, no Vaticano, perante milhares de pessoas. O Papa lembrou que as “numerosas tribulações de Paulo” não fragilizaram o “vigor da Palavra”, mas mostraram “o tesouro da Boa Nova” e confirmaram que “a condução dos acontecimentos não pertence aos homens, mas ao Espírito Santo que torna fecunda a ação missionária da Igreja”. “Sejamos capazes também nós, como Paulo, de impregnar as nossas casas do Evangelho fazendo delas cenáculos de fraternidade”, concluiu o Papa.

 

2. Cresce a polémica à volta do livro ‘Das profundezas dos nossos corações’, do cardeal Robert Sarah, sobre a importância do celibato dos sacerdotes, com o Papa emérito Bento XVI a não querer aparecer como coautor da obra, segundo anunciou o seu secretário pessoal. Em declarações à agência Reuters, o arcebispo Georg Ganswein indicou ter já pedido aos editores que retirem o nome de Bento XVI “da capa, da introdução e da conclusão do livro”. Vários órgãos de comunicação internacionais tinham noticiado, nas últimas horas, que o Papa emérito “nunca viu nem aprovou” o livro sobre celibato sacerdotal, que sairá quarta-feira, e que Bento XVI foi “manipulado”. O cardeal guineense, prefeito da Congregação para o Culto Divino, começou por reagir no Twitter, indicando a correspondência que manteve nos últimos meses com Bento XVI. Os pormenores foram revelados depois num comunicado de cinco parágrafos, no qual indica as várias etapas até à publicação do livro.

 

3. O Papa batizou, na Capela Sistina, 32 bebés, filhos de funcionários do Vaticano, e pediu aos seus pais que os eduquem na fé católica, a partir do “exemplo” de casa. “Batizar um filho é um ato de justiça, para ele, porque nós, no Batismo, damos-lhe um tesouro, um penhor, o Espírito Santo”, declarou, numa breve homilia, improvisada. Francisco sublinhou que, após a celebração deste sacramento, “a criança sai com a Espírito Santo dentro de si, que o defenderá e ajudará durante toda a sua vida”. “Por isso é importante batizá-los desde criança, para crescerem com a força do Espírito Santo”, sustentou, na celebração no passado Domingo, 12 de janeiro, festa do Batismo do Senhor. “Procurai que cresçam com a luz e a força do Espírito Santo”, recomendou aos pais e padrinhos. Tal como em anos anteriores, o Papa teve uma palavra especial para as mães, para que se sentissem confortáveis caso tivessem necessidade de amamentar os filhos. “As crianças não estão habituadas a vir à Sistina, é a primeira vez”, gracejou. “É uma bela pregação, quando uma criança chora na Igreja”, acrescentou.

Já na oração do Angelus, o Papa pediu orações para os recém-batizados e as suas famílias, e convidou todos a “redescobrir” o seu próprio Batismo, como “irmãos de tantos irmãos” e “investidos de uma grande missão”, para anunciar a sua fé, com “humildade” e “mansidão”. Francisco insistiu na necessidade de que cada católico saiba quando foi batizado e “festejar, no coração”, essa data, todos os anos. “Que Maria Santíssima nos ajude a compreender cada vez mais o dom do Batismo e a vivê-lo com coerência, nas situações de todos os dias”, concluiu.

 

4. O Papa Francisco considera que um cristão que diga amar Deus sem ajudar o próximo é “mentiroso”. “Se dizes amar Deus e odeias o teu irmão, estás do outro lado: és um mentiroso. Nisto não há concessões”, referiu, na homilia da Missa a que presidiu na Casa de Santa Marta, onde reside, na manhã do passado dia 10 de janeiro. “Eu amo Deus, rezo, entro em êxtase e tudo… e depois descarto os outros, odeio os outros ou não os amo, simplesmente, sou indiferente aos outros… Não se diz: ‘estás errado’, mas ‘és mentiroso’”, indicou Francisco.

 

5. O Papa Francisco considera “particularmente preocupantes” os sinais que chegam do Médio Oriente, “após a recrudescência da tensão entre o Irão e os Estados Unidos que se arrisca, antes de tudo, a colocar à prova o lento processo de reconstrução do Iraque e a criar as bases dum conflito de uma escala mais ampla”. Na audiência aos membros do corpo diplomático dos 183 países com acreditação na Santa Sé, o Papa voltou a apelar à paz. “Renovo o meu apelo a todas as partes interessadas para que evitem um agravamento do conflito e mantenham acesa a chama do diálogo e do autocontrolo, no pleno respeito da legalidade internacional”, disse, no passado dia 9 de janeiro.

Num ano que surge “não tanto com sinais encorajadores, mas antes com uma intensificação de tensões e violências”, Francisco recordou a Terra Santa, lembrando à “comunidade internacional inteira a urgência de confirmar, com coragem, sinceridade e no respeito pelo direito internacional, o seu compromisso e apoio ao processo de paz entre Israel e a Palestina”, assim como a Síria, envolta numa “cortina de silêncio que corre o risco de encobrir a guerra”. “Penso ainda no Iémen, que vive uma das mais graves crises humanitárias da história recente, num clima de indiferença geral da comunidade internacional, e na Líbia, que há muitos anos vive uma situação conflituosa, agravada pelas incursões de grupos extremistas e por uma nova escalada de violência nos últimos dias”, acrescentou, lembrando também a Venezuela, “para que não esmoreça o empenho na busca de soluções”.

“Os líderes políticos devem esforçar-se por restabelecer, urgentemente, uma cultura do diálogo em prol do bem comum e por fortalecer as instituições democráticas e promover o respeito pelo estado de direito, a fim de prevenir deslizes antidemocráticos, populistas e extremistas”, destacou o Papa, aos membros do corpo diplomático dos 183 países com acreditação na Santa Sé.

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