Lisboa |
Fórum das Missões 2020
“Verdadeira grandeza da missão é apontar para Jesus”
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No Fórum das Missões que decorreu no Domingo, 19 de janeiro, em Mafra, D. Daniel Henriques pediu aos cristãos para deixarem que a Palavra “provoque”, em cada um, o questionamento sobre o lugar ocupado por Deus, e qual a sua missão no mundo. Para o diretor do Sector da Animação Missionária do Patriarcado, padre Albino dos Anjos, esta iniciativa contribuiu para olhar os “novos paradigmas de missão” que podem enriquecer a Igreja.

 

O balanço do Fórum das Missões 2020 é “extremamente positivo” e marca o trabalho da nova equipa do Sector da Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa. “Houve um trabalho prévio de preparação, mobilização a nível de equipa e Patriarcado e a nível local. Sentimos um grande interesse, abertura e curiosidade em relação a estas temáticas missionárias”, frisa, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o diretor do departamento, padre Albino dos Anjos, dos Missionários da Boa Nova. Para este responsável, a iniciativa que decorreu no passado Domingo, 19 de janeiro, no Convento de Mafra, é “um sinal” da necessidade de olhar para “estes novos paradigmas de missão” como um “enriquecimento para a própria Igreja e, neste caso, para o Patriarcado de Lisboa”. “Isso é um elemento muito importante para o trabalho que queremos fazer daqui para a frente”, garantiu.

Ao longo do dia, foi possível visitar, no claustro sul, os 18 expositores que apresentaram projetos missionários, na sua maioria ligados a leigos. “Através deste facto, percebemos que os leigos, por si, estão a ter um trabalho fora e dentro da nossa diocese. Há coisas muito bonitas a serem feitas na diocese”, observou o padre Albino.

 

“Batizados e enviados”

Depois do acolhimento, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Daniel Henriques exortou os cristãos, na homilia da Missa, a viverem a “dimensão fundamental do nosso Batismo: sermos missionários, discípulos enviados”, numa referência ao tema do Fórum das Missões: ‘Batizados e Enviados’. “Mas podemos perguntar: ‘qual é a nossa missão?’ e, antes, ‘O que é isto, a missão?’. É dar a conhecer o amor de Deus por cada um de nós e como esse amor se manifestou em Nosso Senhor Jesus Cristo. É anunciar o Evangelho, a Boa Nova da salvação para todos os povos, é ensinar à maneira de Jesus, acolhendo a vontade do Pai em nós”, precisou o Bispo Auxiliar, que foi diretor do Sector da Animação Missionária até à sua nomeação episcopal, em outubro de 2018.

A celebração na igreja da Basílica de Mafra foi animada com cânticos e danças africanas que acentuaram a “diversidade” e “universalidade” da Igreja. “Na forma como estamos a celebrar a Eucaristia, percebemos a beleza da Igreja na sua universalidade. A Igreja tem esta diversidade, na forma como em todo o mundo se reza e se louva o Senhor, unidos na mesma fé”, referiu D. Daniel Henriques, apontando a Palavra de Deus como “alimento” para “conduzir interiormente, no caminho da Santidade”. “Na Carta Apostólica que institui o ‘Domingo da Palavra’ [celebrado neste Domingo, 26 de janeiro], o Papa Francisco fala da importância de destacar a Palavra de Deus. Ela não é, simplesmente, mais um momento da Missa. Nós acolhemos o Senhor na sua Palavra”, acrescentou.

 

Escuta

Na homilia, o Bispo Auxiliar de Lisboa falou na figura de João Batista, descrita no Evangelho da celebração, como exemplo para os cristãos se questionarem sobre a missão de cada um. “João Batista é um homem que vive neste discernimento constante: ‘o que Deus está a pedir?’, ‘qual é a sua missão?’. É um discernimento feito escuta e a escuta acontece em contexto orante, mas nesta total disponibilidade, nesta prontidão, em obedecer à vontade de Deus. Como em Nossa Senhora, como em São José. Isto leva-nos a perguntar sobre o tempo que damos à escuta orante da Palavra de Deus. Como deixamos que a Palavra, em nós, provoque também este questionamento acerca do lugar que Deus tem na nossa vida e qual a nossa missão no mundo?”, questionou D. Daniel Henriques, na Missa na Basílica de Mafra.

“São João Batista percebe qual é a sua missão, qual é o seu lugar. Ele percebe que a verdadeira grandeza da sua missão é este apontar para Jesus e ser capaz de dar-Lhe lugar. Isto interpela-nos na nossa missão de evangelizadores”, realçou o Bispo Auxiliar, atribuindo esta responsabilidade a todos, “dos pais em relação aos seus filhos, dos avós em relação aos seus netos, daqueles que exercem na comunidade paroquial alguma missão, a todos nós que abraçamos, pelo Batismo, esta missão de levar Jesus Cristo aos outros”.

 

Proximidade com a missão

Depois de um Ano Missionário – convocado pela Conferência Episcopal Portuguesa na sequência da convocação, pelo Papa Francisco, do Mês Missionário Extraordinário – e da realização do Fórum das Missões, em Mafra, o diretor do Sector da Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa projeta as próximas iniciativas que contam com a presença deste organismo diocesano. “Existem duas atividades calendarizadas. Uma é a colaboração com o projeto ‘Say Yes’, da Catequese do Patriarcado de Lisboa, no dia 14 de março, na Paróquia de São Vicente de Paulo (Serafina). Vamos organizar uma dinâmica missionária, com conteúdos que tenham espírito missionário e celebrativos, tentar tocar esta malta mais nova e fazer perceber que esta realidade cultural está tão próxima e pertence-nos também”, revela o padre Albino, anunciando também uma “caminhada missionária”, prevista para o próximo mês de maio, com o dia por definir, mas que está a suscitar “muito interesse”.

 

Projeto “radical”

Em declarações ao Jornal VOZ DA VERDADE, o sacerdote responsável pelo Sector da Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa considera que ainda é necessário ultrapassar alguns fatores para poder existir uma maior dimensão missionária na diocese. “Há razões estruturais, conjunturais, mais recentes, mais remotas e compreendo que, muitas vezes, apesar da boa vontade, do espírito, da sensibilidade das estruturas orgânicas da diocese e das paróquias, torna-se difícil, porque há outros programas que absorvem alguns recursos”, lamenta. “Há muita coisa que é feita e que, infelizmente, não damos o eco devido”, frisa.

Para o padre Albino dos Anjos, é necessária uma “pastoral mais missionária” que “não seja reguladora de conteúdos de fé, mas transmissora” desses conteúdos. “Isso obriga-nos a sair, a inquietar-nos... É uma mudança grande que me parece fundamental que seja feita. Se nós vamos ter uma atitude simplesmente de espera de quem vem ao nosso encontro, vamos perder a batalha”, considera.

Em terceiro lugar, este responsável apela a um “plano mais integrado”, ao nível da formação, “desde os próprios candidatos ao sacerdócio, estruturas da diocese, organismos”, no sentido de “perceber se queremos uma Igreja em saída, com rosto missionário – como lembrávamos no Sínodo Diocesano: ‘O sonho missionário de chegar a todos’”. “Esta Igreja em saída obriga-nos a mudar muitas coisas. É um projeto interessantíssimo e o mais radical da Igreja!”, considera o padre Albino dos Anjos.

 

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“A enxada do missionário é a Bíblia”

Na projeção do ‘Domingo da Palavra’ [26 de janeiro], o padre Albino dos Anjos, dos Missionários da Boa Nova, enaltece a “feliz providência” desta celebração para todos os que se dedicam à missão. “Quando estava em terras de missão, dizia que a enxada do missionário é a Bíblia. Antes do sacramento, antes do óleo, a nossa primeira ferramenta é a Palavra de Deus!”, afirmou o religioso, ao Jornal VOZ DA VERDADE, ressalvando a atitude que deve estar sempre presente num missionário. “A Igreja não é nossa, o Reino de Deus não é nosso, o Evangelho não é nosso. Nós somos servos. Fazemos o que temos que fazer e confiamos ao Espírito Santo, que faça também a sua parte”, concluiu.

 

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‘Mission Talks’

No período da tarde do Fórum das Missões, as ‘Mission Talks’ receberam os testemunhos de missionários ligados a três projetos que estão presentes no Patriarcado de Lisboa.

 

FUNDAÇÃO AJUDA À IGREJA QUE SOFRE (AIS)

Catarina Martins, diretora nacional da AIS, apresentou o trabalho desenvolvido por esta organização dependente da Santa Sé. Atualmente, a fundação conta com 23 secretariados internacionais e intervém em 140 países. No seu último relatório sobre a liberdade religiosa, é assinalado o aumento da perseguição aos cristãos em todo o mundo.

 

PROJETO “APRENDER VIVENDO”

Andresa Nobre e João Santos, alunos de EMRC das escolas de Peniche, testemunharam a missão, de um mês, em Contuboel, na Guiné-Bissau, onde partilharam conhecimentos com a comunidade local. Os voluntários destacaram a importância desta missão para toda a comunidade educativa onde pertencem.

 

SOL SEM FRONTEIRAS (SOLSEF)

Inês Souta, presidente da Solsef, apresentou a associação e algumas das missões de voluntariado desenvolvidas em países lusófonos. A ONGD dedica a sua atividade a projetos de cooperação internacional, voluntariado internacional e educação para o desenvolvimento. 

 

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Veja as fotos do Fórum das Missões 2020 em www.flickr.com/patriarcadodelisboa/albums

texto e fotos por Filipe Teixeira
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