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“Pratiquemos a hospitalidade com o outro”
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O Papa Francisco convidou à hospitalidade. Na semana em que pediu a Davos uma visão que coloque o homem no centro, o Papa condenou todas as formas de antissemitismo, falou dos enfermeiros e das parteiras e encontrou-se com um grupo de pescadores italianos.

 

1. O Papa Francisco aproveitou o Ano Novo Lunar em várias nações para pedir orações “pela paz, pelo diálogo e pela solidariedade” entre os países. “No próximo dia 25 de janeiro, no Extremo Oriente e em várias partes do mundo, muitos milhões de homens e mulheres celebram o Ano Novo Lunar. Envio a todos a minha saudação cordial, desejando, em particular às famílias, que sejam lugares de educação para as virtudes do acolhimento, da sabedoria, do respeito por cada pessoa e da harmonia com a criação. Convido todos a rezarem também pela paz, pelo diálogo e pela solidariedade entre as nações – dons mais do que nunca necessários para o mundo de hoje”, desejou o Papa, durante a audiência-geral de quarta-feira, 22 de janeiro.

Na Sala Paulo VI, no Vaticano, Francisco aproveitou o facto de se estar na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (18 a 25 de janeiro) para falar da importância da hospitalidade nas relações ecuménicas. “Caríssimos, a hospitalidade é importante. É, inclusivamente, uma importante virtude ecuménica. Antes de mais significa reconhecer que os outros cristãos são verdadeiramente nossos irmãos e nossas irmãs em Cristo. A hospitalidade ecuménica exige uma disponibilidade para escutar o outro, prestando atenção à sua história pessoal de fé e à história da sua comunidade, uma comunidade de fé com tradições diversas da nossa. A hospitalidade ecuménica faz-se acompanhar do desejo de conhecer a experiência que outros cristãos fazem de Deus e espera receber os respetivos dons espirituais. Isto é uma graça, descobrir isto é uma graça. Penso num exemplo da minha terra. Quando chegavam grupos missionários evangélicos, um grupo de católicos andava a pegar-lhes fogo às bancas. Isto não. Não é cristianismo”, afirmou ainda o Papa, concluindo: “Sejamos irmãos, sejamos todos irmãos e pratiquemos a hospitalidade com o outro”.

 

2. O Papa Francisco desafiou os participantes no Fórum Mundial Económico de Davos, na Suíça, a manter sempre o homem no centro das suas visões económicas e ambientais. Num discurso assinado por Francisco, no dia 21 de janeiro, e entregue pelo cardeal Peter Turkson, que representou o Santo Padre no Fórum, o Papa sublinhou ainda a importância de uma ecologia integral, que se preocupa com o homem e não apenas com o planeta. Mas o conceito que liga todas estas preocupações, “e que jamais devemos esquecer, é que somos todos membros da mesma família humana”. “A obrigação moral de cuidar uns dos outros deriva deste facto, tal como o princípio de colocar o homem, e não apenas a procura do poder e do lucro, no centro da política pública.” Um dever, diz o Papa, que não diz apenas respeito a instituições religiosas ou sociais, “mas aos setores empresariais e aos governos, e é indispensável na busca por soluções equitativas aos desafios que enfrentamos”.

Segundo Francisco, um verdadeiro desenvolvimento humano apenas pode florescer quando “todos os membros da família humana são incluídos em, e contribuem para, a busca pelo bem comum”. “Ao procurar o progresso genuíno, recordemo-nos que ao espezinhar a dignidade do outro, estamos de facto a menorizar o nosso próprio valor”, concluiu o Papa.

 

3. O Papa recordou, no Vaticano, o 75.º aniversário da libertação do campo de concentração nazi de Auschwitz e reforçou a condenação do antissemitismo, numa audiência a membros do ‘Simon Wiesenthal Center’. “O aniversário da crueldade indescritível que a humanidade descobriu há 75 anos é um chamamento a parar, calar e lembrar. Precisamos disso, para não nos tornarmos indiferentes”, declarou, numa intervenção divulgada pela Santa Sé. “Não me canso de condenar todas as formas de antissemitismo”, disse ainda, no passado dia 20 de janeiro, destacando a importância de preservar a memória do Holocausto, para as novas gerações, como forma de “combater todas as formas de antissemitismo, racismo e ódio de minorias”.

O Papa recordou ainda a sua passagem pelo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, em 2016, para “rezar em silêncio”. “Hoje, absorvidos no turbilhão das coisas, lutamos para parar, olhar para dentro de nós mesmos, fazer silêncio para ouvir o grito de sofrimento da humanidade. O consumismo de hoje também é verbal: quantas palavras inúteis, quanto tempo desperdiçado contestando e acusando, quantas ofensas gritadas, independentemente do que foi dito. O silêncio, pelo contrário, ajuda a preservar a memória. Se perdermos a nossa memória, destruiremos o futuro”, observou.

 

4. O Papa lembrou que 2020 é o Ano Internacional do Enfermeiro e da Parteira, mostrando-se feliz por poder associar-se a esta celebração. “Os enfermeiros são os trabalhadores de saúde mais numerosos e mais próximos dos doentes; as parteiras cumprem talvez a mais nobre das profissões. Vamos rezar por todos, para que possam fazer melhor o seu trabalho precioso”, pediu, após a oração do Angelus.

No passado Domingo, 19 de janeiro, o Papa apelou ainda a uma solução pacífica para a crise na Líbia, associando-se à conferência sobre a crise neste país, que vai decorrer em Berlim. “Espero sinceramente que esta cimeira, tão importante, seja o começo de um caminho para o final da violência e uma solução negociada que leve à paz e à tão desejada estabilidade do país”, declarou.

 

5. O Papa recebeu um grupo de pescadores italianos de São Bento de Tronto que trabalham na “pesca de plástico” e afirmou o seu “particular apreço” pela atividade voluntária de proteção dos oceanos. “Esta iniciativa é muito importante, seja pela grande quantidade de resíduos, sobretudo plásticos, extraídos do mar, seja – e direi sobretudo – por se tornar um exemplo para outras áreas da Itália e do mundo. A operação voluntária ‘Pesca de plástico’, é um exemplo e um estímulo para a sociedade civil em nível global”, afirmou o Papa, no passado dia 18 de janeiro. Os pescadores de São Bento de Tronto, município a 300 quilómetros de Roma, na província de Ascoli Piceno, junto ao Mar Adriático, retiraram do mar 24 toneladas de resíduos, com Francisco a referir-se à atividade dos pescadores como um trabalho que fazem com “tanta paixão, tanto sacrifício e com tantos perigos”, e exortando-os a “não perderem a esperança diante dos imprevistos e das incertezas” que têm de enfrentar.

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