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Insistir pela vida
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É preciso insistir pela vida. A vida é dom gratuito que nos é dado, não nos pertence. E percebemos isso porque vamos vendo que a vida não acontece como tantas vezes queremos ou desejamos. Porque não está nas nossas mãos, e ainda bem que não está! Somos tão incoerentes e nunca estamos satisfeitos com o que temos. Se temos pouco, queremos mais, mas se temos mais, queremos ter ainda mais, porque não temos limite na nossa vontade. Por isso, penso: ainda bem que não temos o total controlo sobre a nossa vida, porque nem sempre o que queremos é o que nos convém, já o lembrava o Apóstolo São Paulo.
Mas, vem isto a propósito da necessidade de insistir pela vida. A vida que nos é dada é para ser vivida, com o que temos. E mesmo que não tenhamos as melhores condições, ou até a melhor saúde, é preciso lutar para que a vida seja o melhor possível, isto é, que se proporcione a melhor qualidade de vida possível, em qualquer situação. Significa isto, que quando alguém desiste ou tende a desistir da vida, alguma coisa falhou à sua volta e tantas vezes podemos ter falhado nós, no acompanhamento que não demos, no amor que não partilhámos, na proximidade que não tivemos, no cuidado que não prestámos. Não sou capaz de imaginar como é o sofrimento de cada um daqueles que passa pela dor, interior ou exterior. Porém, sou capaz de compreender esse sofrimento e, em solidariedade, enquanto sentimento de partilha, procuro ajudar, nas minhas limitações e no que me é pedido, aliviar no que posso aliviar. Tenho a consciência de nem sempre conseguir estar perto como gostaria. No entanto, sei que não podemos desistir, e é preciso insistir sempre pela vida.
No contexto atual do nosso país, está marcado para a próxima quinta-feira, 20 de fevereiro, o debate e votação de quatro projetos de lei com vista à legalização da eutanásia, apresentados pelo PS, Bloco de Esquerda, PAN e Os Verdes. A eutanásia não é resposta, não é solução para o sofrimento. É preciso dar as condições necessárias para aliviar o sofrimento. É preciso “uma sociedade paliativa”, afirmou D. Manuel Clemente, no passado Domingo, referindo que “quando uma sociedade entra por esses caminhos, como infelizmente já se verifica nalgumas que já foram por aí, dizendo, ao princípio, que era só situações extraordinárias e especiais e depois essa mentalidade suicida alarga-se a toda a sociedade, que se torna ela própria suicidária também”. Exemplo disso é a Holanda, onde desde 2002 está legalizada a eutanásia e onde se debate, agora, a distribuição gratuita de um comprimido letal a pessoas com idade superior a 70 anos que estejam ‘cansadas de viver’. A notícia foi divulgada há pouco dias atrás e a mesma referia um estudo que apontava haver naquele país um grupo da população com mais de 55 anos que “tem desejo de morrer consistente e ativo”, apesar de estarem em perfeitas condições de saúde. Como se pode banalizar assim?
É preciso que um Estado não desista das pessoas, facilitando aquilo sobre o qual não deve poder decidir sem ouvir a voz do povo.
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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