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“A mansidão conquista e vence os corações”
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O Papa Francisco apontou que “os mansos são aqueles que podem conquistar a terra mais bela, que é o coração do irmão”. Na semana em que reafirmou a existência de Satanás, o Papa revelou que os futuros Núncios Apostólicos vão cumprir um ano de missão, apresentou a lei como instrumento de liberdade e pediu justiça e “conversão pessoal” aos magistrados.

 

1. O Papa considera que a “terra mais bela” a conquistar é “o coração” dos outros.  “Hoje refletimos sobre a Bem-aventurança que nos ensina: ‘Bem-aventurados os mansos, porque receberão a terra em herança’. Ser manso significa ser afável, gentil, não violento. A mansidão se manifesta não quando tudo está tranquilo, mas quando estamos sob pressão, quando sofremos violência. Jesus deu-nos o maior exemplo de mansidão quando, pregado na Cruz, perdoou seus algozes. Por outro lado, como também nos ensina o Salmo 37, a mansidão se relaciona com a posse da terra. Muito embora a lógica humana pareça indicar o contrário, ou seja, quem faz uso da força é quem conquista a terra, todavia, a Sagrada Escritura mostra-nos que o manso não conquista, mas recebe em herança a terra. De facto, o Povo de Deus considerava a Terra prometida como um dom de Deus, uma herança recebida. Esta, por sua vez, é sinal da verdadeira terra que Deus nos promete em herança: o Céu. Por fim, ao contrário da ira que destrói e separa, a mansidão conquista e vence os corações. Por isso, os mansos são aqueles que agora podem conquistar a terra mais bela, que é o coração do irmão”, referiu Francisco, na audiência-geral de quarta-feira, 19 de fevereiro, no auditório Paulo VI, no Vaticano.

Na saudação aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa desafiou os visitantes de Portugal e do Brasil a serem “testemunhas de esperança e caridade”. “Se alguma vez tiverdes de enfrentar situações que vos turvam a alma, ide procurar refúgio sob o manto da Santa Mãe de Deus; lá encontrareis paz e mansidão. Sobre vós e vossas famílias desça a bênção do Senhor”, concluiu.

 

2. O Papa Francisco reafirmou a existência de Satanás, “o sedutor”, no início de um ciclo de programas sobre o Credo, na TV2000, canal da Conferência Episcopal Italiana, emitido dia 17 de fevereiro. “Alguns dizem: ‘Não, Satanás não existe, nós temos dentro um pouco… por causa das nossas doenças materiais, espirituais, psicológicas, temos esta tendência ao mal’. É verdade que estamos feridos, que somos pessoas feridas, mas Satanás existe, é o sedutor”, referiu Francisco.

A entrevista, conduzida pelo padre Marco Pozza, capelão da prisão de Pádua, aborda a fé num Deus “Pai, omnipotente, criador” e “redentor”, como sublinhou o Papa. “Sentimos algo que nos leva a fazer o bem, a amar o próximo, a fazer uma obra de caridade, pensar numa coisa bonita”, indicou Francisco, assim como “algo que diz ‘não, esse não é o caminho, não te fará feliz”. “Satanás aparece nas primeiras páginas da Bíblia, porque é uma realidade que todos nós temos como experiência: todos nós temos no coração a experiência da luta entre o bem e o mal. No momento de fazer uma escolha, por exemplo, temos sempre esta experiência”, precisou. “Sei que [Satanás] existe, mas não o amo. Tenho de defender-me das suas seduções”, acrescentou.

O Papa recordou ainda que Jesus, na Última Ceia, reza pelos discípulos, pedindo “ao Pai a graça de salvá-los da mundanidade”. “A mundanidade é a atmosfera de Satanás, ele move-se na mundanidade. Existe o espírito do mundo, Satanás é assim”, assinalou, na entrevista, separada em duas partes, que começou por evocar as perseguições contra o cristianismo. “A história do cristianismo é uma história de perseguições, dos que tentam eliminá-lo. E de sucessos? Não, de perseverança”, sustentou Francisco.

 

3. O Papa quer que os futuros Núncios Apostólicos cumpram um ano de missão. Numa carta enviada ao presidente da Academia Eclesiástica Pontifícia – a escola do Vaticano para a formação de diplomatas –, Francisco pede para se incluir no currículo dos futuros representantes diplomáticos da Santa Sé um ano de experiência de missão inserido numa Igreja local. O teor da missiva foi divulgado no dia 17, com o Papa a desejar enriquecer a já “sólida formação sacerdotal e pastoral” daquela academia com esta nova “experiência pessoal de missão fora da diocese de origem, junto das respetivas comunidades”. O objetivo é permitir que os futuros diplomatas participem na “quotidiana atividade evangelizadora” junto das Igrejas particulares espalhadas pelo mundo.

Esta nova experiência entra em vigor com os alunos do próximo ano académico, 2020/2021.

 

4. O Papa Francisco apresentou a lei como instrumento de acrescento da liberdade e não da sua diminuição. Falando durante o Angelus, no passado Domingo, 16 de fevereiro, Francisco referiu-se ao sermão da Montanha de Jesus, procurando reenquadrar a visão contemporânea das leis que tinham sido dadas a Moisés. “Trata-se de vivê-la como um instrumento de liberdade, que me ajuda a ser mais livre, que me ajuda a não ser escravo das paixões e do pecado. Pensemos na guerra, nas consequências da guerra, pensemos naquela rapariga que morreu de frio na Síria, há dias, tantas calamidades. Isto é fruto das paixões. As pessoas que fazem a guerra não sabem dominar as próprias paixões. Falta-lhes cumprir a lei”, observou.

 

5. Na abertura do Ano Judiciário do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano, o Papa Francisco pediu justiça e “conversão pessoal”. Francisco apelou a que a “justiça seja instaurada dentro de nós” e que, “numa luta interior, o bem prevaleça”. O convite do Papa aos juristas é empenhar-se não somente em prol dos outros, mas num trabalho dentro de cada um que leve a uma conversão pessoal. “É somente esta a justiça que gera justiça!”, revelou, advertindo que a “justiça deve ser acompanhada das virtudes cardeais da prudência, da fortaleza e da temperança”. “Com efeito, a misericórdia não é a suspensão da justiça, mas a sua realização, porque transfere tudo para uma ordem mais elevada, onde os condenados às penas mais duras encontram o resgate da esperança”, referiu o Papa, no passado dia 15 de fevereiro, dirigindo-se membros deste tribunal do Estado do Vaticano.

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